Prólogo

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Durante a infância, os pais têm o trabalho árduo de ensinar tudo o que sabem e o que não sabem para os filhos; impedi-los de morrer tragicamente, protegê-lo dos males do mundo e, principalmente, amá-los e apoiá-los incondicionalmente em suas decisões.

Jimin sabia disso. Ou melhor, esperava que seus pais fossem complacentes o suficiente para não quererem tirar a sua vida, caso descobrissem o que ele iria fazer naquele momento. Mas, mesmo temendo a ira de seus pais, seguiu o bando de tritões jovens — mais velhos que ele em alguns anos — naquela aventura irracional.

Irracional. Ele tinha total compreensão dos fatos, de que era perigoso demais, que talvez, um deles poderia acabar sendo morto pelo que fariam, mas ainda continuou seguindo os outros tritões.

Talvez a única irracionalidade ali fosse sua própria consciência, que teimava em ignorar os alertas, ele pensou inutilmente.

Martirizando-se internamente, ele nadou um pouco mais atrás dos amigos e conhecidos. As águas naquela parte do mar, de sua casa, eram repletas de perigos e correntezas fortes o suficiente para levá-lo a outro dos setes mares num piscar de olhos.

Nervosamente, o mais novo do grupo balançou a cabeça freneticamente, tentando reunir um pouco de coragem. Contudo, o maior problema de ser um grande covarde — muito medroso diga-se de passagem — era que não existia muita coragem para se reunir

— Escondam-se! — Jimin ouviu a voz de Olarf ordenar. O jovem, atento ao que viria a seguir, nadou rapidamente, balançando a cauda infantil e malformada para um conjunto de algas e se escondeu entre elas.

Com o coração acelerado e a respiração entrecortada, Jimin sentia a água salgada entrando com mais força e brutalidade na boca, dando uma sensação incômoda de queimação.

Olhando ao redor, encontrou seu melhor amigo Brumer um pouco distante, escondido atrás de uma pedra. Observando o rapaz quase quinze anos mais velho, mas que continuava com a feição e aparência infantis, Jimin sentiu o coração apertar. Conseguia ver o terror nos olhos lilás dele.

Brumer, mais do que qualquer outro ali, queria se provar forte. Nascido do terceiro acasalamento do príncipe com uma sereia de classe baixa, o rapaz ansiava por mostrar seu valor para todos, entretanto, o pequeno príncipe desejava mais do que tudo na vida, calar a boca de todos os membros da aldeia, sereias e tritões, que ousaram questionar suas raízes maternas, criticando sua linhagem sanguínea.

Tão focado no melhor amigo, Jimin não sentiu a aproximação de Olarf chegando por trás, num nado silencioso e lento. Apesar do rapaz ser corpulento, dono de uma cauda bem formada e robusta, o desatento mal conseguiu notá-lo chegando.

— Devemos ir, o tubarão-branco se foi — Ele avisou, com a voz rouca.

Assustado com a presença do mais velho, Jimin arfou e o encarou com olhos arregalados.

— Não chegue tão silenciosamente! — pediu, passando as mãos pelos cabelos acinzentados flutuantes. Seus olhos de tom cinzento escuro, fitaram Olarf numa súplica silenciosa.

O recém-chegado era duas vezes mais velho e maior do que Jimin. E internamente, achava que o amigo também era mais bonito. Dono de belos cabelos castanhos, sua pele morena reluzia brilhantemente quando os raios solares penetram a imensidão azul, causando inveja em todos os outros rapazes. Porém, era a sua cauda num belo tom laranja semelhante ao do sol, que fazia com que Jimin se sentisse diminuído.

Diferentemente de Olarf, ele não possuía características boas o suficiente para se sobressair entre os demais.

Espantando aqueles sentimentos com um balançar de cabeça, Jimin focou no presente e torceu para que o companheiro de grupo desistisse daquela ideia. Desejava que todos voltassem ao recife em segurança, sem prosseguir viagem mar adentro.

Capitão Jeon • jjk + pjmWhere stories live. Discover now