Capítulo 6

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Após a demorada visita à modista, as três damas optaram por almoçar em um restaurante que ficava na mesma rua, na esquina e de frente para uma floricultura. Era um local deveras muito simples, sem toda a pompa dos estabelecimentos Londrinos, mas Adelaide achara bastante agradável.

- Sei que é um tanto simplório – comentou Isabel observando Adelaide que olhava em volta – Mas a comida é muito saborosa. Mamãe nos trazia aqui para comer quando éramos crianças.

- Sendo muito sincera achei bastante interessante – retorquiu Adelaide

- Deveras este lugar me remete à boas recordações – tia Lucy trazia brilho em seu olhar.

Ela a observou a senhora ao seu lado, achando sua expressão nostálgica divertida e instigante.

- E o que mais lhe alegra nestas lembranças? – perguntou curiosa.

- Bem, as crianças gostavam de se sentar próximo aquela janela e observar o movimento da rua. Charles sempre me pedia para trazê-lo aqui quando vinha me visitar. Olhando naquela direção, quase consigo me ver com o rosto muito mais jovem cercada por quatro crianças, isso me alegra muito – Adelaide observou a curvatura de um sorriso nascendo no rosto daquela senhora.

- Este restaurante deveria ser considerado um patrimônio histórico – pontuou Isabel.

- Então, lorde Huttleford está presente nestas adoráveis lembranças? – questionou Adelaide.

- Oh certamente que sim. Ele... – antes mesmo que Lucinda terminasse a frase uma voz masculina imponente fora ouvida atrás das damas.

- Creio ter ouvido meu nome sendo dito nessa mesa.

Adelaide se virou rapidamente em direção a voz, que àquela altura já conhecia perfeitamente bem. Um arrepio percorreu seu corpo e seu coração passou a bater em um ritmo descompassado quando seus olhos encontraram os dele e viu um sorriso se abrir naquele belo rosto. Lorde Huttleford aparentemente se vestia como um verdadeiro lorde inglês em todas as ocasiões, a cada vez que o via Adelaide se chocava de uma maneira diferente com a beleza daquele jovem rapaz, com seus modos educados e tudo o que provinha dele, como se o estivesse conhecendo pela primeira vez, ele parecia – aos olhos dela – bom demais para ser de verdade. Nem mesmo se o visse todos os dias se acostumaria com esse fato.

- Estou certo ou devo estar enlouquecendo? – perguntou o lorde.

- Oh certamente milorde, ouviu certo, blasfemávamos muito a seu respeito – Adelaide sorriu quando ele puxou a cadeira para que ela voltasse a se sentar e se acomodou no assento ao seu lado.

- Vou apreciar participar da conversa então – talvez Adelaide tivesse batido sua cabeça com força, poderia estar enlouquecendo, mas podia jurar que ele a olhava de uma maneira mais intensa do que seria apropriado para dois amigos.

- É uma surpresa encontra-lo aqui – Isabel chamou a atenção dele para as outras duas damas que vinham sendo ignoradas.

- Oh, mas não deveria. Este é um dos meus estabelecimentos favoritos.

- Oh é mesmo? – Lucinda fingiu surpresa – Será porque quando o lorde era apenas um garotinho irritante uma gentil senhora o trazia aqui junto com seu sobrinho e filhos?

- De fato – admitiu com um sorriso tímido voltando a olhar para Adelaide. Uma voz no canto de sua mente o lembrou que ele deveria urgentemente parar de olhá-la com tanta frequência, mas parecia que existia um imã que o atraia e quando caia em si já o estava fazendo novamente, mergulhando no rio esverdeado que era o olhar poderoso daquela mulher.

Um Homem Sem Esperanças - Irmãs Cadwell - Livro 2Where stories live. Discover now