Angel Face

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Emma Myers


Eu sorri satisfeita ao entrar no Clube Catana. Tinha chegado aos Estados Unidos há poucos dias e saber que na Califórnia tinha um clube como aquele já me deixava feliz. Senti que estava em casa.

- O que está achando? Deixa algo a desejar em relação aos clubes europeus? – Indagou Lily, a amiga que me acompanhava. Ela andava ao meu lado, tão alta quanto eu em suas botas de salto com 15 centímetros.

Atrás de nós seguia um homem igualmente alto, ficando calvo, usando coladas roupas de vinil pretas e uma máscara de látex apenas no rosto. Ele estava sempre seguindo Lily, de cabeça baixa, submisso. Quem o olhasse não diria que era um dos empresários mais ricos e arrojados do país, que tinha sob seu julgo milhões de funcionários. Mas na intimidade, era apenas o submisso de Lily. Era sócio do Catana e sempre estava ali com a sua Dona. Graças a ele eu consegui o convite para a festa daquele dia, já que o clube era exclusivo e fechado. Minha amiga Lily tinha me convidado e Oliver rapidamente deu seu jeito de me incluir.Sorri satisfeita, observando o ambiente enquanto seguíamos até uma mesa.

- É um belo clube, Lily. Bem ao nível dos europeus. Vamos ver se as sessões são tão boas quanto as de lá. – Sentei-me em um sofazinho e minha amiga ocupou a outra ponta. Oliver caiu de joelhos no chão ao lado dela, que o ignorou ao pedir uma bebida para nós duas e se virou para mim.

- Você vai gostar daqui. Sei que não vive se não tiver um ambiente assim para frequentar, Emma

- É o costume, amiga. Enquanto vivi na cidade do Porto, frequentei clubes da Europa quase toda e já era sócia de alguns. Se eu gostar daqui, vou precisar saber como adquirir um título

- Isso é fácil. Meu servo pode ver isso para você. – Referia-se a Oliver, mas sem olhá-lo, em tom de desprezo

- Tudo bem.

Eu sorri e os observei. Eles estavam juntos há quase um ano e agora não tinham apenas uma relação de Dominatrix e submisso, mas um relacionamento estável. Lily não era apenas uma Domme como eu, que se relacionava sexualmente em uma relação de Dominação/submissão. Como Dominatrix, era profissional, atendia diversos clientes, vivia daquilo. Foi assim que conheceu Oliver. Desviei o olhar, fitando o palco preparado como um local de venda de escravos, com pelourinhos onde alguns seriam amarrados e dois homens vestidos como feitores, que se preparavam para começar a sessão. Depois passei o olhar em volta, pensando que, ao contrário da minha amiga, eu não era profissional, não vivia do BDSM. Eu era uma executiva de sucesso. Aquele era um gosto particular, entre quatro paredes ou em sessões, mas feita com servos à minha escolha. E com o propósito de obter prazer sexual. Nem sempre era assim para uma Dominatrix. Em algumas sessões, o cliente nem encostava nela. Pagava para ser humilhado, amarrado, chicoteado ou ser obrigado a se vestir de mulher e daí vinha seu prazer. Eu preferia o sexo em si. Por isso nunca me vi num papel de Dominatrix, fazendo daquilo uma profissão. Era uma Domme e me divertia demais sendo assim. Depois de dois anos morando em Portugal e visitando várias cidades europeias, por trabalhar com uma empresa de turismo, passei todo aquele tempo sem vir aos Estados Unidos. Antes tinha passado seis anos em Veneza e outros tantos mudando de estado, então ao total era a primeira vez em 16 anos que eu retornava a Califórnia, o local onde nasci. Ainda estava ajeitando minhas coisas. Tinha alugado um apartamento já mobiliado e estava me organizando. Teria o final de semana para ajeitar tudo, até começar em meu novo trabalho na segunda-feira. Tinha sido uma proposta irrecusável, ser uma das diretoras da Empresa de turismo e viagens Visage. A empresa tinha se expandido, ganhado um mercado internacional, e comprou a que eu trabalhava em Portugal. O dono, Edward Ortega, gostou de meus métodos de trabalho e do lucro que trouxe para a agência. Assim, me fez uma proposta de trabalhar com ele. E cá estava eu. Tinha pensado duas vezes, se retornava ou não a Califórnia. Ali eu tinha lembranças de uma época bem diferente, que na verdade queria esquecer, mas que fazia parte de quem eu era agora. Mas por fim achei que estava na hora. Eu não era mais a garotinha que saiu dali. Pelo contrário. Conheci Lily em um clube de BDSM em Portugal e nos tornamos amigas. Tinha sido ela quem me ajudou a procurar o apartamento e me recebeu de braços abertos, fazendo com que minha volta não fosse fria e solitária. E agora me apresentava ao clube. Naquela sexta-feira treze de dezembro, quando eu completava 26 anos de idade.

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