2. Descobertos.

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[BUILD]

Viemos calados durante todo o caminho, eu estava muito bravo, se eu falasse qualquer coisa eu ia começar a gritar. Chegamos no meu apartamento e eu fiz sinal para que ele entrasse assim que eu abri a porta.

- Bom, você pode dormir ali no sofá, só tem um quarto aqui. Falei apontando para o sofá. – Amanhã você compra meu saxofone e nunca mais teremos que nos encontrar.

Ele se sentou no sofá e continuou calado, então eu continuei falando.

- Se quiser tomar um banho, ali fica o banheiro. Estava apontando e mostrando o meu pequeno apartamento para ele. – Seu rosto está machucado, vou pegar o kit de primeiros socorros para você.

Fui para o quarto e procurei a pequena maleta que tinha ganhado da minha irmã mais velha que me obrigou a trazer, ela fala que eu sou muito desastrado para não ter uma em cada lugar que eu estiver. Ri com a lembrança e voltei para a sala. O encontrei ainda sentado no sofá, agora ele mexia no celular, devia estar procurando para ver se tinha saído alguma notícia do que tinha acontecido. – Alguma notícia? Eu trouxe o curativo. Falei entregando a maleta para ele e voltando em direção ao meu quarto.

- Ei, você pode me ajudar, por favor? Era a primeira frase que ele dizia em quase uma hora.

- Não sabe fazer um curativo?

Eu voltei e me sentei ao lado dele no sofá, peguei uma gaze e embebeci com um remédio que tinha para limpar ferimentos. Me aproximei mais dele e nossos olhos se encontraram pela primeira vez desde toda confusão, eu não podia negar, ele era muito bonito. Pisquei algumas vezes para afastar qualquer pensamento e comecei limpar, ao encostar ele já reclamou e afastou o rosto.

- Vai doer um pouco, mas não precisa ser tão medroso. Falei voltando a passar a gaze em seu rosto, ele tinha levado alguns socos. Quando fui limpar o canto da sua boca, ele segurou minha mão, esqueci como respirava por alguns segundos.

- Você poderia ser um pouco mais gentil né? Sua voz era mansa.

- E você poderia não se meter em confusão né? Voltei a encostar a gaze no canto dos seus lábios e pressionei um pouco mais forte.

- Ai, você fez de proposito. Ele tirou a gaze da minha mão e colocou ele mesmo.

- Isso foi pelo meu saxofone. Falei me levantando e indo em direção ao meu quarto. – Vou dormir, até amanhã.

Na manhã seguinte, eu abri os olhos por alguns minutos esqueci o que tinha acontecido. Até que levantei da cama num pulo e fui até a sala onde encontrei o sofá vazio.

- Eu sabia. Que grande idiota eu fui. Eu ainda estava xingando quando a porta da entrada abriu e o ator entrou segurando dois copos de café e uma caixa com o que parecia ser alguns bagels.

- O que você sabia? Eu saí para comprar comida, você não tem nada aqui.

- É... Eu estava confuso. – Eu não sei cozinhar, então nunca tem comida aqui.

- Eu não sabia do que você gostava então trouxe algumas opções. Ele falou colocando a comida sob a mesa. Eu ainda estava confuso.

- Eu te mandaria mensagem para perguntar, mas meu celular descarregou e o seu carregador não é compatível com o meu, fora que também não sei seu número e nem seu nome.

Eu ainda estava confuso, ele estava falante, não parecia o mesmo de ontem.

- Build, meu nome é Build.

- Ah, oi Build eu sou o Bible.

Depois dessa estranha apresentação tomamos café em silêncio, eu emprestei uma roupa para ele vestir depois do banho e então fomos para o shopping, eu queria fazer isso o mais rápido possível e aparentemente ele também. Então entramos na minha loja preferida e compramos o novo saxofone, ele queria me dar um melhor do que o meu antigo, mas não aceitei, eu não preciso de caridade, só queria o mesmo que eu tinha e estava de bom tamanho. Não via a hora de poder simplesmente ir embora e esquecer todo esse pesadelo, ainda ia ter explicar ao dono do pub o porquê eu tinha sumido na noite anterior e torcer para que ele não me demitisse. Depois de comprarmos saímos do shopping, caminhei com ele até o ponto de taxi onde nos despedimos.

O SOM DO AMOR - BIBLEBUILD.Onde histórias criam vida. Descubra agora