Capítulo 2

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Deixei minha mãe ainda tomando seu café, peguei minha bolsa e caminhei para fora de casa, o céu estava bem azul e sem nenhum resquício de nuvem, a manhã tinha um cheiro refrescante e o ar era tão puro, mesmo que o sol já estivesse se mostrando ainda estava um frio agradável, minha casa ficava em uma rua pouco movimentada na parte da manhã, havia muitas residências em volta, de um ou dois andares, algumas tinham muros altos que eram quase impossíveis de ver que havia algo ali dentro, minha casa costumava ter muitas flores na frente, mas agora era apenas um espaço vazio de terra, que ocasionalmente conseguia arrumar, assim que cheguei na entrada da nossa rua onde dava lugar para o asfalto central, esperei cerca de três minutos o ônibus que não demorou a se mostrar.

Ali não havia uma parada de ônibus, na verdade, não teríamos nem aquele ônibus, já que não era um lugar de muito movimento, nossa prefeitura só fez questão de colocar um quando os moradores começaram a se mudar para esse lugar, até então, era apenas um bairro deserto com muito mato e pouco casa, e então quando começaram a sentir o quão longe era para trabalhar ou até mesmo estudar resolveram fazer uma petição na prefeitura da cidade, e como se pode ver, parece que conseguiram o que queriam. Assim que o ônibus já estava em uma distância considerável estiquei o braço fazendo sinal, atravessei a rua e assim que ele parou e abriu a porta, subi as escadas segurando na alça da porta.

— Bom dia senhor Heitor! — Cumprimentei o motorista que está nessa rota já tem pelo menos cinco anos, o senhor de aparência frágil ainda era bem ativo, tinha o cabelo todo grisalho e era um pouco roliço, talvez pelo fato de ficar muito tempo sentado, pele bem morena e um olhar gentil.

— Bom dia, menina, hoje será um longo dia. — O senhor Heitor sempre falava aquela mesma frase para mim todo santo dia depois que sai da escola, afinal sempre ia trabalhar das sete até as seis da noite e ele sabia muito bem, pois, sempre que o ônibus estava vazio me sentava atrás do seu banco e puxávamos uma longa conversa para matar o tempo.

— Com toda certeza. — Respondi após pagar minha passagem e caminhar até o segundo banco que ficaria no lado oposto do motorista, me sentei colocando minha bolsa no banco ao meu lado, e sentindo o motorista voltar a andar, sempre era uma das primeiras a entrar no ônibus então sempre andava praticamente o trajeto todo que ele fazia antes de chegar em meu trabalho, era um pouco cansativo, sempre ficava aqui sentada presenciando o mesmo cenário passar vendo os passageiros chegarem e as paradas obrigatórias em pontos específicos já que eram locais ainda mais isolados a qual as pessoas dependiam ainda, mas do ônibus, isso tudo dava em torno de uma hora e alguns bons dez minutos.

Ao menos a vista valia a pena, principalmente quando passávamos por estradas com bastante vegetação e o sol da manhã ainda estava presente atrás das pequenas montanhas, era relaxante, sentir o vento bater em meu rosto respirar o ar puro do lado de fora enquanto via o sol, me deixava, mas calma.

Já havíamos feito toda a rota prevista, estávamos saindo da última parada obrigatória, então logo já estava chegando em meu trabalho, assim que chegamos na estrada que havia uma gigantesca fábrica de automóveis voltei minha atenção para a rua, sei que ainda não estávamos nem perto de chegar em uma de suas entradas na lateral, mas sempre fazia o mesmo movimento há mais de seis meses, era uma importantíssima fábrica e muitas pessoas trabalhavam ali dentro e uma delas, era o homem que havia prendido totalmente minha atenção, não sabia o nome dele, mas sempre tinha como expectativa vê-lo passar pelo meu ônibus enquanto o mesmo seguia para sua rotina no trabalho.

Conforme o ônibus se aproximava cada vez mais do portão que dava acesso para seus trabalhadores, com mas atenção olhava para fora, meu coração martelando em meus ouvidos com tamanha expectativa, porém, nada, passamos pelo portão e nada aconteceu, ele não estava lá, me senti decepcionada, mas não havia nada que poderia fazer, me ajeitei no banco um pouco incomodada e tentei seguir viagem já que também estava chegando em meu trabalho, que para a minha felicidade era perto da sua empresa e para a minha infelicidade ele nunca havia entrado para comer lá afinal sua empresa deve ter cantina.

Perspectivas do destinoWhere stories live. Discover now