Capítulo 35

225 14 35
                                    

TESSA

Estou no meio do restaurante, diante do meu  bolo favorito repleto de velas e com os funcionários, amigos e meu pai cantando a canção do parabéns.
Não estou feliz, muito menos agora que tenho que fingir um belo sorriso nos lábios para não decepcionar e tirar a empolgação daqueles que só querem me ver bem. 


A angústia está me agarrando por dentro e minha força de vontade é a única coisa que me faz segurar as lágrimas para não chorar na frente daqueles que sorriem ao me verem vestida em uma roupa que estou louca para tirar, e calçando um par de sapatos que parecem ter engolido meus pés.

Esses sorrisos, toda essa alegria não me contagiam em nada.
Dezoito anos e eu me olhei no espelho hoje mais cedo e só vi palidez em minha pele e lágrimas em meus olhos.

A imagem do completo desastre.

Papai não invadiu meu espaço quando contei que a viagem não tinha dado certo e  eu e hardin decidimos que estávamos avançando demais e precisávamos de um tempo para decidir o que queríamos.
Foi uma mentira bem contada porque ele parece ter acreditado no momento em que eu contei. Mas não agora, já que ele me encara como se pudesse enxergar todos os segredos que nunca contei.

Minutos depois de ter acordado hoje mais cedo, preenchi meu rosto com maquiagem e desci as escadas fingindo empolgação com o lindo café da manhã que papai preparou e com o celular novo que ele me deu de presente.

- Quem diria que a garotinha que eu vi se esconder em baixo das mesas enquanto brincava, se tornaria uma linda mulher? Como se sente agora? - A mãe de Abby questiona com um sorriso estonteante.

Sinto tudo, mas não dá forma que quero sentir.

O que adianta estar comendo meu bolo favorito quando o gosto está amargo?

- Acho que não mudou muita coisa.

- É normal não sentir diferença, querida. - Beijou minha bochecha depois de algumas palavras e logo se juntou com o resto do pessoal que já tinha me felicitado os parabéns.

- Você está pálida, Tess. Não quer ir para casa? - Abby perguntou com preocupação evidente. - Você não precisa ficar aqui se não quiser.

- Achei que a maquiagem tinha escondido.

Dei uma risada, mas seu semblante deixou claro que aquilo não tinha sido engraçado.

- Você não tem jeito, Tessa. - Pegou minha mão. - Vamos para casa, não posso deixar você aqui. Parece que vai desmaiar a qualquer momento.

Puxei minha mão de volta.

- Abby... Está tudo bem. Não posso estragar esse momento. - Olho para todos ao redor e me xingo mentalmente por não ter vontade de aproveitar nada. - São dezoito anos!

- Foda-se. - Disse um pouco alto demais e alguns convidados nos encaram com curiosidade. - Você precisa dormir, está na cara que passa mais tempo chorando que descansando. Para de fazer isso com você. Agir como se tudo estivesse bem não é a melhor escolha.

Não fui capaz de negar, porque é verdade.

- Vou ficar só por mais alguns minutos e depois prometo que vou para casa descansar.

Se Você Me AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora