Angústia, acidente e Esperança

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Apressei o passo ao contornar o prédio para chegar a tempo de ver a Juliet saindo. 
Assim que atravessei a pequena  aglomeração de pessoas, pude ver minha filha do alto da escada, com uma segurança que eu poucas vezes vi nela, minha garotinha falou que não poderia comentar sobre o caso, mas fez um pequeno discurso em forma uma mensagem de motivação e esperança a garotas que estivessem vivendo uma situação parecida com a dela.

一 Senhorita Johnson, como se sente em relação a sua filha? 一Uma mulher perguntou fazendo Juliet voltar a atenção a ela. 一Temos informações de que você decidiu ficar com o bebê o qual seria supostamente fruto de um abuso sexual, como se sente em relação a maternidade?

一 Não vamos responder esse tipo de pergunta 一 A doutora Cooper interrompeu tomando a frente de Juliet.

一 Não, tudo bem. 一 Ela disse se voltando novamente a repórter 一  Eu amo a minha bebê, amo ela mais do que qualquer coisa nesse mundo, sempre sonhei ser mãe, desde que me lembro eu sonhava em ter meu próprio bebê. Mas não era pra ser assim, eu não merecia isso, a minha filha não merecia ter sido concebida dessa forma, mas foi.  E por mais que o meu maior desejo  fosse  voltar no tempo,  não ter ido aquela festa, impedir que aquilo acontecesse  comigo e  que a minha  vida, da minha família, fosse marcada por isso, eu não posso.  一 Ela fez uma pausa tomando fôlego 一 A vida só anda para frente, o que eu posso fazer agora é oferecer o meu melhor pra ela, assim como meu pai sempre me ofereceu o melhor que ele podia. E eu sei que posso oferecer isso e entendo que o melhor de cada mulher nessa situação pode ser coisas diferentes e não tem nada errado, nossa decisão seja ela qual for deve ser respeitada e acolhida.一 Ela fez uma pausa 一 Eu decidi ter, criar e amar a minha bebê, porque isso era o melhor pra mim, mas independente se eu tivesse escolhido seguir a minha vida sem ela, eu ainda iria querer o melhor pra ela, o melhor pra todas elas e todas nós. Homens como Eric Callinham tem que pagar pelos seus crimes. Não podem ficar impunes, fazendo esse tipo de coisa com mais e mais garotas 一 Ela falou já com lágrimas nos olhos e eu também de um orgulho que não cabia em mim.

Senti o meu celular vibrar e estranhei  ver o número da Mika na tela, a única vez que recebi uma ligação dela foi quando estava numa grande enrascada.  Então fiz sinal pro Miguel, que tinha a mesma expressão orgulhosa no rosto, esperar e me afastei um pouco das  pessoas que ouviam  agora a declaração da doutora Cooper.

一 Noah?!一 Ouvi a voz num tom de desespero assim que atendi .

一 Mika? Algum problema?

一 É a mamãe.... 一Ela fez uma pausa e eu pode ouvir a sua respiração forçada do outro lado da linha e já senti um aperto no peito 一 A mamãe ... Nós... Ela foi me buscar na escola, sofremos um acidente, estamos no St. Maris. Por favor vem rápido. 一Ela falou entre soluços e eu levei um tempo pra processar.

一 Como assim acidente? O que houve com a Liv? Ela tá bem? O que está acontecendo mika? 

一 Eu não sei, levaram ela pro centro obstetríco não me falam nada, por favor vem rápido.一 Ela disse e eu concordei  desligando o telefone e avisando rapidamente Miguel que teria que ir sem dar muitos detalhes.

Dirigi o mais rápido possível para o St. Maris e depois de um tempo vendo a recepcionista ligar para as outras áreas tentando localizar Liv e Mika, me mandou ir até o pronto socorro, onde minha enteada estava sendo atendida.

Caminhei em passos rápidos pelos corredores brancos, o silêncio da recepcionista sobre o que estava acontecendo com Liv me deixou apavorado e por mais que eu estivesse tentando manter a calma, uma angústia subia pelo meu peito apertando a minha garganta.

Não, não , estava sendo perfeito. Liv estava tendo uma gravidez tranquila, teria um parto na banheira de casa com velas aromáticas. Aquilo não poderia estar acontecendo? Que merda de praga era essa que me perseguia?

Minha Vida em Perfeitas Escalas - EM ANDAMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora