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Fico algum tempo, deitada, ouvindo a conversa de Marcela e Dante.

Esse Dante, é bem bonito e diferente,  ele estava com tatuagens no corpo, mas não era tão visível. São tatuagens bem típicas, eu nunca vi esses tipos de símbolos, o que será que eles realmente fazem? Bom, de criaturas eles sabem com certeza, e parecem estar acostumados com isso.
O que me é estranho, é que...eu me sinto conectada com esse lugar, não a enfermaria, mas o lugar inteiro, mesmo que eu não tenha visto. Mas é compreensível.

De tanto pensar, acabo pegando no sono. É só o que eu posso fazer agora, eu não sinto fome, nem sede, o por que? Eu não sei, mas uma bela de uma pizza agora não me faria mal, a não ser a dor insuportável que eu vou sentir engolindo aquela massa com molho de tomate e tudo mais.

Eu sempre tive esse negócio de ouvir tudo, mesmo estando dormindo é uma coisa que eu não entendo até hoje. Mas estou tão cansada que quase não consigo ouvir mais nada.
Que entediante, eu deveria estar vendo tik tok agora, no meu celular...meu celular!

Dou um pulo da cama ficando sentada novamente, e pego o bloco de notas e escrevo algo rapidamente.
Com a caneta na mão, bato três vezes na mesinha do lado da minha cama para chamar a atenção da Marcela.

A Marcela ouve, e abre um pouco da cortina.

Maggie? – Ela fala.

Eu gesticulo com a mão, como se eu estivesse chamando-a.
Marcela vem até mim, e eu mostro o papel para ela ler.

" Onde está meu celular? "

– Seu celular?... – ela para para pensar um pouco. – Os Obscurité não me deram nada. – Marcela continua pensando para se certificar de que não esqueceu de nada.

Oh merda, perdi meu celular, e agora? Deve ter ficado lá em casa. Puta que pariu...

Dou um suspiro longo e me deito novamente, pensando se ainda vou ver meu celular algum dia.
Esses tal de Obscurité, vacilaram...
Porra, como eu queria soltar um palavrão agora...

– O que você queria fazer? – Marcela pergunta e Dante aparece para ver.

Escrevo no papel, " Passar tempo ", mostro para ela.

– Oh, eu posso te dar o meu por enquanto... – Marcela puxa um celular do bolso e me entrega.

Eu a olho com meus olhos reluzindo de alegria, e pego o celular da mão dela. Depois escrevo rapidamente no papel, " Você é a melhor, obrigada! :) ", mostro para ela.

– De nada, querida! – Marcela dá um sorriso e depois volta a falar com o Dante.

Ligo a tela do celular, e percebo que não tem senha, típico de quem não usa tanto no dia a dia. Depois eu procuro o tik tok mas não encontro, e lá vai eu instalar o tik tok e colocar minha conta. Fiquei um tempinho fazendo isso, e a internet também não ajudava muito, mas finalmente deu certo.

As horas se passam voando, e quando percebo já são 17h da tarde.
O tik tok realmente ajudou a me entreter bastante. Mas finalmente canso pois meus olhos estão começando a arder.
Deixo o celular de lado, e começo a encarar o teto.

...

...

E se...

Eu tentasse ficar de pé...
Séria loucura, mas...

Eu me sento na beira da cama, e olho para ao chão, meu corpo ainda está dolorido, mas tento ignorar a dor.
Coloco um dos meus pés no chão, sem colocar muita força, mas logo começa a doer, a doer muito.
Mais que merda...

Volto a me deitar novamente, e faço uma cara de tédio e raiva ao mesmo tempo.
De repente vejo a cortina do meu lado se abrir, e aquela mulher com o laço azul no cabelo e roupas bonitas, me olha.

– 'Tá tentando passar o tempo? – Ela fala. – Meu nome é Dara... – A expressão dela me assusta um pouco, parece que é sempre neutra, como se nada mais importasse.

Pego o meu bloco de notas e escrevo:

" Prazer Dara, eu sou a Maggie "

– Eu ouvi a enfermeira falando seu nome... – Dara me olha com a mesma expressão.

Um arrepio sobe pela minha espinha quando Dara me olha desse jeito. O que diabos aconteceu com ela?
Sinto que ela está confusa com os próprios pensamentos, ou sabendo de alguma coisa que não deveria saber.
Minha curiosidade só aumenta a partir daí.

" Você é muito bonita, gostei das suas roupas! "

– Obrigada... – Dara dá um pequeno sorriso, e continua me olhando. – Você é bonita também, e fofa, o Chico tava certo!

Meus olhos se fecham um pouco, para demonstrar o meu sorriso.
E então percebo que Dara volta com sua expressão, eu sinto que ela tenta o máximo fazer expressões ou falar mais.
Escrevo no papel novamente:

" O que aconteceu com você? "

Vejo Dara fixar o seu olhar no papel, como se tivesse revivendo algo. De repente uma lágrima escorre pelo seu rosto e ela cai no chão sentada.
Minha expressão muda completamente para preocupação, me levanto rápido ignorando a dor pelo meu corpo.

Saio da casa e me sento ao lado dela, não aguentando ficar em pé. Dará olha para mim com o rosto vermelho e com lágrimas escorrendo.

– Desculpa, não precisa sair da cama, você vai se machucar ainda mais... – Ela começa a chorar novamente. – É tudo culpa minha... eu não queria que isso acontecesse... – Ela continua chorando.

Minha expressão de preocupação continua em meu rosto, e dou uma abraço em Dara.

Como tinha acontecido com Agatha antes, novamente minha mente vai para um lugar completamente diferente. Outro flashback...
Sinto o meu corpo pesando como se eu carregasse muita coisa...isso não tinha acontecido quando toquei na Agatha.

Dessa vez era diferente, vejo Dara em um tipo de cápsula, batendo no vidro e tentando sair e símbolos que eu não reconheço aparecem por todo lado na sala. Uma figura medonha aparece me encarando, era horrível esse sentimento de estar vulnerável a qualquer coisa e o pânico tomando conta de mim, mais símbolos aparecem e cercam toda minha visão.

Eu me separo do abraço de Dara num susto. Minha respiração estava ofegante o suficiente para fazer Dara me olhar confusa.

– Você está bem? – Ela esquece o choro por um instante.

Meu corpo começa a doer muito e minha respiração continua ofegante, faço uma expressão de dor e Dara logo percebe que algo estava errado.
Ela levanta do chão e me coloca na cama, eu faço outra expressão de dor e começo a lacremejar.

Dara vendo a minha situação, sai correndo para chamar a Marcela. Eu continuo lacremejando da dor pelo meu corpo e depois de alguns segundos vejo Marcela entrar correndo, junto de Dara.

– O que aconteceu!? – Marcela fala preocupada e começa a mexer nas minha bandagens.

– Ela tentou levantar para me ajudar, e de repente ficou assim! – Dara fala desesperada.

O que diabos está acontecendo comigo, porque estou com um pressentimento horrível dentro de mim. Sinto que algo está se rompendo mas não sei o que é, eu só consigo sentir essa dor insuportável no meu corpo. Não quero passar por isso, eu não quero...
Começo a chorar ainda mais e de repente símbolos começam a aparecer pelo meu braço e brilham um pouco, Marcela olha abismada para aquilo, mas continua tentando parar a minha dor o máximo possível.

Depois de minutos, finalmente a dor ameniza um pouco e Marcela suspira aliviada.

– Que susto! – Ela suspira mais uma vez.

– Desculpa, acho que foi culpa minha... – Dara suspira também. – Eu me desestabilizei e ela foi tentar me ajudar, mas acabou não aguentando... – Ela abaixa um pouco a cabeça.

– Não se preocupe, se isso não acontecer novamente vai estar tudo ok... Mas você disse que se desestabilizou, você 'tá bem? – Marcela tenta encontrar algo que esteja fora do normal em Dara.

– Eu estou bem! – Dara fala levantando a cabeça.

Ordem Paranormal Where stories live. Discover now