Coisas Preciosas

{Véspera de Natal, 2003.}

{Véspera de Natal, 2003.}

- - - - -

O primeiro Natal deles juntos é frio. À medida que o vento fica frio com o passar dos dias, Draco observa o espírito de Granger escurecer um pouco mais a cada novo nascer do sol. Quando o calendário finalmente anuncia que é véspera de Natal, ela se enrola o mais apertado possível no canto do sofá e olha com saudades para a alcova vazia onde a árvore que ela pediu teria se sentado. O chão lá está nu e Draco balança a cabeça com sua passividade. Bebendo seu chá, ele a ignora enquanto ela suspira profundamente e se desloca ainda mais para as almofadas. Não é o Natal ideal para nenhum deles. Ele sente falta de Malfoy Manor, luzes de fadas e pratos transbordando de guloseimas quentes. Ele tem certeza de que ela está perdendo o Natal com os Weasleys - seus tumultos barulhentos de risos e o humilde hovel que ela uma vez chamou de lar longe de casa.

O apartamento que eles compartilham não é nada parecido com o que qualquer um está acostumado. Não há luzes de fadas brilhantes dançando entre os amplos galhos do pinheiro escocês - nenhuma árvore. O cheiro de biscoitos não está flutuando pela cozinha, fazendo com que a boca tenha água ou o coração palpitante com a emoção que deveriam estar sentindo. Ninguém está feliz, dançando com um copo de algo forte (e barato, se este fosse o Natal que Granger queria) e atraindo risos de espectadores familiares. Acima de tudo, porém, não há desejo - apenas decepção.

Granger fica de pé e estende os braços em direção ao teto. O movimento puxa sua camisa para cima e revela sua barriga arredondada. Draco franz a testa - as linhas rosa que decoram sua carne e a forma estranha que seu estômago se tornou - antes que ele olhe para trás em seu Profeta Diário, tentando ignorá-la enquanto ela se move pela sala. A porta do armário riachos quando ela a abre, range novamente enquanto ela a fecha e depois range mais uma vez quando ela a abre uma segunda vez. Ele olha para cima, com os olhos procurando por ela no corredor esmaelho. Quando ele a encontra, ela devolve seu olhar, claramente esperando que ele olhe para ela.

"O quê?"

"Nada", ela responde, balançando a cabeça.

Ele acha que deveria ter permitido a ela pelo menos a árvore. Ela prometeu renunciar aos ornamentos vermelhos e dourados por algo mais elegante - verde e prata, por exemplo - mas mesmo assim, ele balançou a cabeça desinteressadamente e repetiu "não" até que ela ficou agitada o suficiente para sair. Talvez se ele tivesse concordado, ela estaria andando por aí agora, ajustando galhos e sussurrando para as luzes de fadas em vez de esbarrar em tudo enquanto descia pelo corredor. As portas se abrem e se fecham enquanto ela passa pelos quartos e armários, procurando por algo ou tentando enlouquecer Draco.

Draco acha que ela está com o objetivo de irritá-lo.

"O que você está procurando?" ele pergunta, falando alto o suficiente para ela ouvir enquanto ela vasculha em qualquer sala em que acabou.

Há um grito abafado que o atrai para a borda de seu assento. Inclinando-se para a frente para espreitar mais fundo no corredor, sua voz anuncia: "Eu não preciso da sua ajuda! Eu tenho!"

Os pés de Granger batem no piso de madeira quando ela retorna. Quando ela vira a esquina, Draco diz: "Eu pensei ter dito para você usar meias." Mas ele não diz mais nada enquanto ela oscila um pouco antes de se endireitar contra a parede. Os cobertores em seus braços estão empilhados altos, escondidos sob o queixo para que ela possa ver e esconder a desfiguração de seu estômago enquanto se move para o sofá, ignorando-o descaradamente.

"Eu te disse para usar meias", repete Draco. Ele olha pontudamente para os pés dela, certificando-se de que ela perceba o brilho dele antes que ele desvie o olhar.

"É difícil o suficiente colocá-los quando eu preciso deles", diz Granger, seu tom irritado. "Mal consigo ver meus pés, Malfoy, muito menos dobrar o suficiente para colocar meias neles quando não estou planejando sair."