capítulo 2: rotina

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Dias depois...

Jason Archer

— Você pensa em se casar? — Randy despejou a bomba enquanto eu consertava sua moto.

Com as mãos sujas de graxa e um semblante desanimado, eu o encarei.

— Tá brincando com a minha cara? Eu só tenho dezenove. Muito jovem pra isso. Aliás, você também é jovem. Que ideia! Fumou maconha vencida? — resmunguei, fazendo-o rir alto.

Randy e suas maluquices. Algumas vezes ele tinha ideias bizarras e apenas as despejava para seu ouvinte mais próximo. Naquele momento, eu era a vítima.

— Eu penso em me casar com alguém legal um dia. Não agora, é claro. — ele comentou pensativo.

— Hm, o complicado é encontrar alguém legal. — ressaltei enquanto trabalhava.

Eu tinha um emprego em uma oficina de motos. Consertávamos de tudo ali. E eu não saía muito tarde, então ainda tinha um tempo precioso durante a noite.

— Você está certo. — disse e agradeci quando não tocou mais naquele assunto de compromisso sério. Era uma merda e eu não estava interessado. Ainda éramos jovens demais para isso, embora eu conhecesse algumas pessoas que não fugiriam de um casamento precoce. Deus me livre! Eu estremecia só de me imaginar em uma situação dessas.

— E a banda? Vai tocar essa noite?

— Só na sexta.

— Onde?

— Na minha casa.

— Que bom. Assim não erro o endereço. Eu vou aparecer por lá.

— Pode aparecer. Vai ser legal. — assegurei. — Além disso, vai ser a estreia oficial do novo baterista depois que Gavin caiu fora.

Bom, eu tinha uma banda. Chamava-se Forever Alone and Lost (FAL) e a ideia da formação foi minha depois que percebi que eu e alguns amigos tínhamos talento pra coisa. No momento presente era só um passatempo que rendia alguma grana e diversão. Eu não tinha muitas perspectivas para o futuro, mas levava essa atividade a sério. Além de mim, havia mais quatro membros: Aaron, Zachary, Colton e Alan. Alan era o baterista e entrou recentemente, depois que Gavin se mudou de cidade. Éramos uma equipe unida e eu fiquei encarregado de liderar a banda. Era divertido.

E meus pais não tinham nada contra. Aliás, eles moravam em Michigan. Fazia alguns meses desde que decidiram relaxar naquela cidade com o restante dos parentes. Decidi não ir com eles. Mesmo assim, eles me apoiavam sobre continuar em Chicago e algumas vezes eu ia visitá-los. De qualquer forma, eu gostava de morar sozinho. Era sensacional o sentimento de independência, mesmo que eu sentisse falta dos coroas algumas vezes.

E como eu já tinha terminado a escola, eu sabia aproveitar meu tempo livre.

Mas enquanto não podia me divertir, eu tinha que trabalhar.




#*#




No dia anterior à apresentação da banda na minha casa, eu participei de um racha.

Embora fosse arriscado, eu me divertia com aquilo. Gostava da adrenalina que as corridas proporcionavam. Gostava de correr em alta velocidade naquela moto e ultrapassar os outros.

Eu tinha conseguido comprar minha Super Duke com o dinheiro suado que guardei ao longo dos anos. Ela era de segunda mão, mas parecia nova.

— Eu sou o melhor aqui, mas vou deixar você ganhar dessa vez. — Aaron disse arrogantemente ao meu lado.

Ainda estava rolando a corrida de carros. Em breve as motocicletas entrariam em ação e eu já estava ansioso, mas não externei isso. Acho que controlar as emoções era uma qualidade minha. E gostava de ser assim. Ter a cabeça no lugar era a melhor atitude possível.

— Você é a porra de um convencido. — rebati calmamente, fazendo meu amigo rir.

Aaron era meu melhor amigo desde a quarta série do ensino público, onde nos conhecemos. Como eu tinha reprovado na série anterior por falta de atenção nas aulas, isso possibilitou nosso encontro naquela turma. E assim eu soube de toda sua carga ruim com seu pai e dei uma força quando ele precisou. Eu não me arrependia. Inclusive o admirava por ser um cara bem forte depois de ter passado por uma série de coisas pesadas. E agradecia o fato de agora ele ter uma vida bem mais tranquila.

Por ter passado uma temporada sem estudar por conta dos seus problemas, Aaron tinha atrasado e eu acabei terminado o ensino médio antes dele. Desse modo, agora ele estava matriculado em uma boa escola enquanto eu estava livre.

— E a banda? Vai tocar amanhã mesmo?

— Isso aí. Na minha casa. Convidei alguns conhecidos.

— Convidei uma galerinha da minha escola também. — eu o encarei com atenção e Aaron disse: — Relaxa, Archer. As pessoas que chamei não se resumem a engomadinhos idiotas.

— Estou relaxado. Aliás, pode convidar quem quiser. Não vejo problema. Sem preconceitos. – dei de ombros.

Eu ainda me surpreendia pelo fato de Aaron ter conquistado uma bolsa de estudos na escola particular mais famosa de Illinois. Ele estudava na APS através de uma bolsa assim como o Colton e isso demonstrava o quão inteligente eles eram. Mesmo assim, eu imaginava que era uma merda ter que conviver com alguns alunos metidos a besta. Eu desejava sorte a eles.




#*#




Daquela vez, eu realmente dei o meu melhor.

Mas no final, eu deixei que Aaron me ultrapassasse.

Ele se surpreendeu com minha atitude, mas não disse nada. Ele realmente era muito bom como corredor, mas daquela vez eu estava cheio de energia e venceria qualquer coisa. Mas deixei que ele passasse na frente, ganhando assim a corrida.

Bom, a verdade é que aquele dinheiro não me atraía tanto. É claro que descolar uma grana era muito bom, mas Aaron precisava mais do que eu. Ele morava com sua irmãzinha de apenas cinco anos e era esforçado pra caramba. Além disso, o dinheiro o ajudaria. E eu não precisava no momento. Como não estudava, eu já tinha um trabalho fixo e a grana era boa. Não tinha do que reclamar.

— Porra, você me deixou vencer! — ele resmungou assim que desceu da moto.

A corrida já tinha acabado.

— Hm, você passou de mim. Você realmente é o melhor.

— Sim, eu sou o melhor. — eu ri das suas palavras e ele riu de volta. — Mas dessa vez eu estava lento como uma tartaruga. Você teria ganhado sem esforço.

— Eu teria, mas gosto de ver você ganhar, amigo. — bati em seu ombro.

— Não precisava, cara, mas agradeço muito. — bateu em meu ombro de volta, sorrindo e parecendo emocionado com minha atitude. — Podemos rachar a grana.

— Hm. Tenho muito dinheiro guardado. Não precisa.

— Desde quando é rico?

— Não sou rico, James. Só tenho algumas economias guardadas.

— Eu queria ser econômico como você. — disse admirado, fazendo-me sorrir enquanto caminhávamos para perto dos outros caras.

Alan estava ali, além dos demais integrantes da banda. Eles não corriam, mas curtiam ver as corridas. E como era um cara rico, Alan costumava apostar uma grana alta. E eu não reclamava disso. De jeito nenhum.

— Precisamos beber. Conheço um bar maneiro aqui perto. — Colton deu a ideia e pareceu favorável. — Algumas strippers se apresentam lá também.

Os caras riram, parecendo satisfeitos. Desse modo não rejeitamos e logo estávamos seguindo para o local indicado.

Aquela seria uma noite proveitosa.






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Minha GarotaWhere stories live. Discover now