Meu nome

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[...]

Sempre que a vejo, a sensação é a mesma. Não consigo esquecer, não consigo superar, e cada lembrança é como um tiro no peito. Embora todos tentem me convencer de que não fui a culpada, de que era apenas uma criança assustada, isso não muda nada. Ela pode ter puxado o gatilho, ela pode ter iniciado a guerra, ela pode ser a razão de Cait não conseguir dormir à noite, ela pode ser a razão de inúmeras coisas. Mas quem deu o primeiro golpe... fui eu.

— É isso que está te incomodando? — Cait permanece sentada, me observando. — Vi... você não pode evitar minha mãe para sempre. Ela sabe que a culpa não é sua, todos sabemos.

— A questão não é essa! — Digo, sentando ao lado dela novamente.

— Tudo bem, desculpe. Não quero te pressionar, mas Vi, se você não enfrentar esse medo, como vai saber se é capaz ou não? — Cait toca meu rosto com suavidade. A beleza dessa mulher me deixa sem ar e às vezes me questiono se realmente a mereço.

— Eu entendo. — Digo, apenas para deixá-la despreocupada. — Então... ainda estou convidada para a festa? — Pergunto com um sorriso forçado, animando-a. Após sairmos da academia, Cait e eu seguimos diretamente para a delegacia para finalizarmos nossas tarefas do dia. Ela quis fazer uma parada em uma loja para comprar roupas, mesmo achando desnecessário, não ousaria discordar dela nesses momentos. À noite, finalmente chegamos à grande festa, e olha, já estava cansada de tanto se falar desse evento. Por que dar tanto importância a essas coisas? Não vejo nada de interessante nisso. Conforme a noite avançava, observava várias pessoas chegando e saindo, imaginando que a festa iria durar até tarde, já que o local estava repleto de comida que poderia alimentar três orfanatos.

Eles conversam, se cumprimentam, falam alto sobre assuntos que não me interessam, me deixando entediada rapidamente. Pessoas ricas são sempre assim tão chatas?

Ainda não tive coragem de falar ou sequer olhar para a mãe de Cait, mas sei que ela está ali, algumas cadeiras de distância. Com toda essa confusão, nem percebi que perdi Cait de vista. Então, simplesmente pego um copo com uísque e saio em direção ao extenso jardim da mansão. Nossa, só esse espaço seria o suficiente para construir várias casas.

— Caitlyn me disse que você não se sentiria à vontade numa festa desse tipo. Fiquei surpresa ao vê-la entrar ao lado da minha filha. — Merda!

— Eu... acho que é um tanto luxuoso demais para mim. — respondo sem encará-la. Estou soando frio, minha cabeça está girando e meu estômago revirando.

— Eu te incomodo, Srta. Violet? — a mais velha pergunta, fazendo-me fitá-la por alguns segundos antes de me virar de volta para o jardim. — Cait me contou sobre a situação. E acredito que não deveria se deixar abater por isso, Vi. Você é uma mulher forte, tem um grande coração. Teimosa e obstinada, igual minha filha, de fato. Mas também ambiciosa e cuidadosa em seus passos. Pode até duvidar de si mesma, mas acredite... você vai superar isso. — Ela disse, enquanto tomava seu vinho.

— Você quase morreu... e está dando uma festa? — perguntei, sem muita noção. Ela observou o ambiente, os convidados e eu.

— Sim, estou dando uma festa. Uma festa de superação! — disse, terminando sua bebida. — Vi, assim como um prédio leva tempo para ser construído, uma ferida leva tempo para sarar. E quando você deixa que o tempo passe, você olha para aquela construção em pé e diz: "Nossa, o tempo passou tão rápido que nem percebi". O mesmo vale para a ferida. Contudo, não se iluda achando que o prédio ficou de pé apenas com a ajuda do tempo.

Entre fios vermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora