CAP 2

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Melina:

Mesmo vindo de uma família com boas condições financeiras,nunca fui criada com luxo, e ostentação.
Meu pai sempre quis me ensinar que tudo que se almeja na vida, você tem que correr atrás,e não ficar esperando pelos outros,para que possa alcançar algo.
Tanto, que eu faço faculdade através de bolsa de estudos!

Em mais uma rotineira manhã, peguei a condução, fui para a faculdade,e depois de ter uma manhã produtiva, fui para casa com o meu irmão Murilo,e passei a tarde estudando.

Á noite, fui para um show de reggae,e mpb com a minha melhor amiga : Maria Eduarda, mais conhecida,por Madu! Foi uma noite muito relaxante,mas..como boa amiga que sou, tive que segurar uma “velinha” para a minha amiga que não resistia á um belo par de calças.

No momento, namorar não era uma prioridade na minha vida! Até por quê,todos os meus namorados, o meu pai sempre procurava saber se tinham passagem por a polícia, ou algo do tipo.
Por sorte, nunca tive o desprazer de passar por isso.

Mas, é bem constrangedor quando estou conhecendo alguém novo. Por pura pressão ou medo , eles acabam se afastando de mim. E se eu por acaso, tiver me apaixonado, lógico que saio dessas “quase relações” machucada. Então, pelo meu próprio bem, prefiro ficar sozinha.


Theo:

Saí cedo de casa, e teria que voltar com algo para o almoço. Iludida, todos os dias, a tia Dora fazia um café para mim tomar antes de ir trabalhar, e a minha pequena Isabela, me olhava com um olhar amoroso.

Ser pai solteiro não era tarefa fácil, mas eu não imaginava,de forma alguma,como seria a minha vida sem Isabella.

Dei-lhe um beijo, me despedi da minha tia, e fui para uma esquina movimentada,e longe de casa (claro).

Fiquei por algum tempo esperando que passasse alguém aparentemente indefeso, para mim “atacar”,então,roubei a bolsa de uma senhora que ia passando por ali.
Saí correndo, e por puro azar... Um cara me alcançou, arrancou a bolsa de mim, e fui parar na delegacia.

---- Você acha certo, andar roubando bolsas de velhinhas?- Perguntava o delegado turrão.

---- Responde! Perdeu a língua? Você acha correto? – Grita.

---- Não senhor. Eu só roubei,por quê tá faltando o leite da minha filha, e..

---- E ainda tem uma filha? Que exemplo você pretende dar para essa criança? Ter um pai bandido? Que rouba dos outros, pra ela poder comer? – Me interrompe.

----- Por favor, não me prenda?! – Imploro.

---- Olha rapaz! Eu vou te dar mais uma chance! Vai pra casa, e faz tudo diferente! Eu não tô fazendo isso por ti, por quê vagabundo comigo, não tem vez! Tô te soltando por causa da criança! Se por acaso, eu ver a tua cara aqui de novo, você vai se dar muito mal! – Fala de maneira que fico com medo.

Saí daquela delegacia desolado, e sem saber o que faria á partir de então. Pus as mãos em meus bolsos, e nada de dinheiro! E agora? O que eu faria para colocar comida na mesa naquele dia? Fui atrás de uns “bacanas” que eu conhecia,e pedi uma grana emprestada, com o intuito de pagar o quanto antes, senão eu estaria realmente ferrado!

Fui em um mercado, comprei tudo que a minha filha gostava de comer, e tudo que a minha tia também gostava. Ela merecia muito mais do quê isso! Cuidou de mim como quem cuida de um filho,mas enquanto eu pudesse, não falaria para ela que eu não trabalhava em uma firma, e na verdade, eu era apenas mais um bandido no meio de tantos.

Quando cheguei em casa, com aquele tanto de sacolas, a minha tia “arregalou” os olhos, e disse : Nossa filho, de onde saiu tanta comida?

---- Ah tia, recebi uma gratificação de funcionário do mês na empresa, e aproveitei para comprar umas coisas gostosas pra gente, e os seus remédios que estavam faltando. – Respondi.

---- Você me mata de tanto orgulho meu filho! – Fala me dando um beijo no rosto, fazendo o meu coração apertar instantâneamente.

Mal sabe ela, que tudo o que eu levava pra casa era fruto do que ela sempre me disse para não fazer.

Theo:

Ver a carinha da Isabella sorrindo, toda lambuzada comendo papinha,me deixava feliz, por saber que naquele momento ao menos, ela não estava passando fome.

Mas,a minha preocupação só aumentava, a cada minuto que o relógio marcava!
Pedi dinheiro emprestado á um cara perigoso, e não sabia como iria pagar essa dívida.
E agora, Theo? Tu só faz merda! Dizia para mim mesmo.

Estava no horário de almoço, e a mesa farta,deixava a tia Dora com um sorriso interminável.

--- Vem comer, filho! – Me chama.

--- Eu não estou com fome,tia! Sinta-se á vontade! – Dou um sorriso torto.

Á tarde, saio de casa sem dar satisfações, e esperançoso peguei meus diversos currículos, os coloquei em envelopes, e fui á procura de emprego.

Como já era de se esperar... “ Para trabalhar conosco,você precisaria ter curso superior” , “não, volte outro dia”, “não temos mais vagas”,e daí por diante.. Tentei até para o serviço de limpeza de shoppings, faculdades, mas ficaram de dar uma resposta depois,caso surgisse uma vaga.

Voltei para casa frustrado,e depois fui parar o lugar onde os “bacanas” ficam.

---- E aí, vagabundo? – Grafite me cumprimenta.

---- E aí, velho?! Algum serviço novo? – Pergunto.

Grafite chamou os comparsas dele, e me chamaram para participar de um “esquema” que segundo eles, iria dar muito dinheiro.

---- Qual é a parada? – Pergunto.

---- A parada é o seguinte! Nois vai sequestrar a filha de um delegado aí metido a machão, e vamo arrancar muito dinheiro daquele velho cagão!

---- Hum, mas como vai ser? – Pergunto.

---- Vai ser coisa rápida! Dois dias no máximo, nois pega a garota, consegue o dinheiro, e depois deixa ela sã e salva, em algum lugar! – Simples assim,mermão!

--- Hum,e a grana?

--- Cinquentinha,pra cada um! – Pato responde.

---- Cinqüenta,o quê? – Pergunto.

---- Mil,ué! – Grafite responde rindo.

Fiquei paralisado, e me pus á pensar em como a minha vida mudaria com esse dinheiro.
Eles pediram para que eu desse a resposta até o dia seguinte,e com certeza, eu passaria uma noite em claro, pensando se arriscaria, ou não sequestrar uma garota que eu nem sequer conhecia.

Melina:

Ás vezes eu acho,que nunca vou conseguir amar alguém de verdade. Nunca ninguém me prendeu, de forma que quando partisse, eu sentisse aquela saudade arrebatadora,que minhas amigas sentiram quando terminaram algum namoro.

Os meus namoros sempre foram relacionamentos que pareciam não ter importância, sabe? Não! Você não sabe!
Ás vezes acho que sou um pouco louca, mas acho que ainda não encontrei a tal pessoa certa. Espera! Pessoa certa? Pessoal ideal, seria o melhor.

Esse meu jeito leve, avoada, e livre de ser, já me distanciou de várias pessoas que talvez pudessem se tornarem especiais.
Mas como dito, relacionamentos no momento não são coisas prioritárias.

Á cada dia mais eu me apaixonava pela profissão que eu tinha escolhido seguir, e todo o meu foco estava voltado apenas para a minha faculdade.

A Filha do Delegado (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now