Capítulo 25 - O valor que existem nas coisas simples

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Bianca

Hoje Rafaella havia saído para uma boate com Giovanna e eu não fui convidada para ir. Se eu estava afetada com isso? Teoricamente não, mas algo irracional batia de forma latente dentro de mim me obrigando a estar acordada mesmo naquele momento da noite.

Estariam elas se beijando? Ou a Rafaella preferiria beijar outra boca? Não sabia o que ela pretendia fazer quando não voltamos a nos beijar ou conversar sobre a noite do jantar.

Depois daqueles beijos na cozinha e a sequência de amassos não voltamos ao assunto. Aquilo me incomodava um pouco, mas em definitivo eu não sabia o que esperar nesse sentido.

Falaríamos sobre o que nos levava a esse fogo intenso? Chegaríamos a uma conclusão definitiva de abaixar as facas? Concluiríamos que o melhor era sentir aquilo da maneira que deveria ser?

Eu queria saber o que era aquilo? Bem... Os beijos de Rafaella eram como estar anestesiada. Eu sentia que o mundo apagava, que minhas objeções se derretiam e que minha boca existia para estar naquela boca por horas.

Sua pegada era como eu nunca tinha sentido antes jamais. Me envolvi com homens e mulheres, incluindo até mesmo o pai do Cris, mas nada havia me deixado com tanto fogo como eu senti com ela.

Rafaella era idiota? Era. Prepotente? Também e odiava ter que admitir, mas ela mexia com a minha libido de um jeito terrivelmente inevitável. Eu não queria, não quis em nenhum momento, mas as vezes a força daquele desejo me levava a situações de agora em que eu estava na sala de casa parada pensando em que horas ela iria voltar.

A televisão estava ligada, inclusive. Eu assistia algum filme que não tinha ideia do que era e nem estava prestando atenção sobre o conteúdo. Não tinha ideia do que aguardava com aquilo, mas tampouco tinha vontade de subir e dormir.

— Amanhã é segunda-feira e você ainda está acordada? Que espécie de mulher super responsável é você? — Rafaella disse me assustando ao entrar na sala. Estava pensando nela e ela apareceu, quando ganhei aquele poder de evocar as pessoas?

— Saiu para balada em pleno domingo e voltou antes das dez horas da noite? Que espécie de irresponsável é você? — Cutuquei e de alguma forma Rafaella sentiu que aquilo era um convite. Se sentou do meu lado e começou a comer da minha pipoca.

— A noite não é mais a mesma quando você sai com a sua amiga e ela arruma alguém e te deixa na mão — Rafaella reclamou de uma forma genuína.

— E você não sabe se divertir sozinha? — Questionei. Ela rodou o mundo todo, não era possível que não tivesse aprendido.

— Claro que sim, não há ninguém que saiba fazer isso melhor que eu, mas na real não estava muito no clima — Ela confessou tirando os sapatos com os pés e colocando-os no estofado — Esse filme é de que? — Perguntou interessada.

— Você não está pensando mesmo em ficar aqui, está? — Fiz questão de perguntar para aquela folgada que estava tomando a minha almofada para suas costas.

— E por qual razão eu não ficaria? — Rafaella quis saber tirando a jaqueta. Estava agora totalmente à vontade e espalhada no sofá.

— Tem uma televisão enorme no seu quarto — Se era parecido com o meu então estávamos em condições iguais.

— No seu também e ainda assim você preferiu descer até a sala para ver um filme e eu não posso querer fazer o mesmo? Acho que se é para convivermos por um ano está na hora de entendermos que a gente vai se cruzar nessa casa — Falou e estava pronta para retrucar, mas só até entender que ela tinha razão. Suspirei. Era batalha vencida.

A família que herdei (Versão Rabia)Where stories live. Discover now