Capítulo 28 | Resolvendo traumas

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Após quatro meses do nascimento de Isadora, Lumiar decidiu retornar ao trabalho, mergulhando de cabeça em sua rotina no escritório de advocacia. 

Ela estava determinada a ocupar sua mente com os casos e deixar para trás as lembranças dolorosas e traumáticas do passado.

Impulsionada pela sua vontade de seguir em frente, ela começou a assumir mais casos do que era humanamente possível, realizando uma carga de trabalho intensa e desafiadora, buscando distração e superação em cada processo que aceitava. 

Em suma maioria, Lumiar passou a defender mulheres e dar prioridade para casos onde o machismo imperava.

Benjamin aproveitou a oportunidade para tirar o ano sabático e se dedicar exclusivamente a Isadora. 

Em meio a tudo isso, Lumiar finalmente sentiu-se confortável para fazer terapia e resolver todos seus medos e inseguranças.

Ela sentou-se confortável sala, olhou para a psicóloga à sua frente e sentiu um misto de ansiedade e alívio por finalmente decidir compartilhar suas profundas feridas emocionais depois de tantas sessões rasas.

— Lumiar, estou aqui para ouvir você com compreensão e empatia. Sinta-se à vontade para compartilhar o que quiser. — disse a psicóloga. 

Lumiar respirou fundo, buscando coragem para trazer à tona suas dores mais antigas.

— Eu achava que tudo tinha se perdido quando me separei do Ben, mas na realidade, o caos começou com a morte da minha mãe, Dora. Ela estava lutando contra uma doença em estado paliativo, e eu estava ao lado dela durante todo o processo. Ver minha mãe definhando e, por fim, morrendo em meus braços, foi uma experiência devastadora. Passei quase um mês em Lumiar, a Guiga estava lá também… um dia minha mãe nos chamou no quarto e depois de uma conversa, simplesmente se foi.

Lumiar pausou por um momento, seus olhos marejados refletiram a intensidade de sua dor. Ela relembrou o dia mais triste de sua vida.

Há um ano e meio atrás, Dora, em seu estado de saúde mais debilitado, chamou Lumiar e Guiga no quarto, sabendo que o momento de partir estava se aproximando.

As duas, emocionalmente fragilizadas, entraram com olhares preocupados e corações apertados.

Dora, mesmo frágil, estava serena e tranquila em sua cama. Seu olhar carregava uma mistura de amor e paz, enquanto segurava as mãos de suas amadas filhas.

—- Minhas queridas, chegou o momento de eu partir deste mundo. Eu vivi uma vida cheia de desafios, alegrias e amor, e vocês foram a minha maior bênção.

Lumiar sentiu lágrimas começarem a escorrer por seu rosto, segurando a mão de Dora com força.

— Mãe, não fale assim. Nós ainda precisamos de você. Não sei o que farei sem você.

Guiga, ao lado de Lumiar, também estava emocionada, segurando a outra mão de Dora.

— Dora, por favor, não nos deixe. Nós te amamos tanto, e não estamos prontas para dizer adeus.

Dora sorriu com carinho, acariciando as mãos de suas filhas com ternura.

— Minhas amadas, vocês sempre estarão em meu coração. Eu estou partindo fisicamente, mas meu amor por vocês será eterno. Lembrem-se de que o amor verdadeiro transcende a barreira da morte.

Lumiar soluçou, abraçando Dora com cuidado enquanto as lágrimas molhavam o travesseiro.

— Eu nunca vou te esquecer, mãe. Suas palavras, seu amor, sua força…

— Nunca mais vou me sentir segura de verdade. Você é a pessoa que me passa amor e proteção. — revelou Guiga.

— Vocês duas vão ser felizes. Vocês vão se amar e se cuidar. Prometam isso pra mim! De alguma forma vou voltar para checar que está tudo bem e que as minhas garotas estão seguras! Lembrem de cuidar do meu jardim, não deixem o Refúgio acabar. Eu amo vocês!

Dra. Lumiar cuidará disso? - BeniarWhere stories live. Discover now