Where are you?
Domingo, 03 de Março de 2024.
Aaron sumiu.
Não que eu esteja esperando vê-lo como eu vi naqueles dias, como se o mundo estivesse conspirando ao meu favor. Eu acordei cedo em um sábado de inverno em Londres com um único propósito: ir ao cemitério colocar flores no túmulo da minha mãe. Mesmo que já tenham se passado alguns anos desde a sua morte, essa ainda é uma tradição que faço questão de manter.
Londres está mais frio hoje, me obrigando a usar grandes e pesados casacos e luvas de quem não consegue suportar um frio de 7 graus. As pequenas lojas de souvenirs e café quente estão lotadas, mostrando que independente do gelo que às vezes penetra o coração, o mundo não para, e nem você deveria. Andei mais um pouco até uma floricultura. Empurrei a porta de vidro e fui recebida calorosamente com um sorriso gentil de uma mulher não tão velha como eu imaginei que seria. Aparentemente trocaram de funcionária.
Pedi um buquê de margaridas e assisti ela preparar, embalando cada galho de flor em um papel marrom escuro. Olhei para o meu reflexo no espelho entre as prateleiras com jarros de diversas plantas. Ajeitei meu óculos vermelho, a única coisa em mim que não é da cor preta. Paguei as flores que havia comprado e parti em direção ao cemitério. Ao chegar lá, senti um arrepio percorrer minha espinha. O local estava deserto e silencioso, e as folhas secas que cobriam o chão estalavam sob meus pés.
Encontrei o túmulo da minha mãe e comecei a arrumar as flores perto do jazido. Enquanto fazia isso, ouvi passos se aproximando. Olhei para trás e vi minha irmã Gracie, acompanhada pelo seu esposo Jordan. Fiquei feliz em vê-los, mas também me surpreendi. Não esperava encontrar ninguém aqui, ainda mais nesse horário – onde eles normalmente estariam trabalhando. Gracie me abraçou e disse que sentiu vontade de vir me acompanhar na minha visita ao túmulo da nossa mãe. Jordan também me cumprimentou e me deu um abraço forte. Apesar do frio e do clima sombrio do cemitério, eu me senti acolhida pela presença da minha irmã e do cunhado.
— Quantos anos ela estaria fazendo hoje? — Perguntou Jordan.
— Cinquenta e cinco — respondi.
— Margaridas? — Gracie se agachou e tocou as flores.
Dei de ombros.
— Não quis trazer lírios de novo.
Ela se levantou. Colocou uma mecha atrás da minha orelha, alisou a minha bochecha e me abraçou.
Não choramos. Só choramos nas duas primeiras vezes após o falecimento da nossa mãe, e hoje só não sabemos mais como reagir ao fato de que ela não existe mais. Na vida, a morte nos ensina que a perda é um peso que carregamos para sempre, mas também uma cicatriz que nos lembra o amor que sentimos por aqueles que se foram. Por isso não choramos mais.
— Quer chocolate quente?
Balancei a cabeça confirmando meu imenso desejo por um chocolate quente naquele momento. E então fomos embora juntos, deixando a saudade de longe por mais um tempo.
✎
— Ele ainda não apareceu mesmo?
Gracie parece tão esperançosa quanto Lou. Já eu… Bem, eu tenho a mania de já esperar o fim antes mesmo do começo. Dói menos, e você ganha menos material para trabalhar depois. Quanto mais momentos, lembranças, sentimentos, mais é o peso do trabalho em consertar e recolher os cacos.
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London Man
RomanceBlair Castillo, uma jovem determinada e talentosa, está prestes a descobrir que os caminhos da vida nem sempre seguem o plano que imaginamos. Após uma difícil experiência em sua carreira como residente de medicina, Blair vê seu mundo desmoronar quan...