Ruinas

323 26 0
                                    

     - Não me lembro de ruínas em Nárnia. - Edmundo se pronunciou.

     -Nem eu… - disse Clarissa e rapidamente começou a caminhar em direção às ruínas, sendo seguida pelos outros quatro. 

     Todos observavam com cuidado o caminho estranhamente familiar, passaram por uma macieira, onde Edmundo arrancou uma maçã, e então entraram nas ruínas, todos sentiam uma angústia sem explicação. 

       - É tão triste... - Lúcia comentou, parando no meio do que um dia pareceu ser um grande salão,, e todos concordaram.  - Quem vocês acham que vivia aqui?

       - Éramos nós - Susana disse com pesar, ela está mais afastada do grupo e segurava algo na mão.

       -Como é, Susana? - Edmundo indagou, se aproximando da irmã. - Isso é meu!!

       Pedro e Clarissa se entreolharam, com os olhos temerosos por saber onde essa conversa poderia levar, antes de andarem até a Pevensie mais velha. Susana tinha nas mãos uma peça de xadrez, um cavalo, feito de ouro maciço. 

       - Eu, isso é meu... Do meu jogo de xadrez! - Edmundo explicou, pegando a peça das mãos da irmã.

       - Que jogo de xadrez? - perguntou Pedro, franzindo a testa.

       -Bom, eu não tinha um jogo de xadrez de ouro puro em Finchley - o mais novo desdenhou. - Mas isso é meu.

       A tristeza se fez presente, medo do que poderia ter acontecido se apossou de todos. Lúcia foi a primeira a se pronunciar, arrastando os  dois mais velhos até uma parte do salão.

     - Imaginem muros... - a mais nova pediu, puxando Susana delicadamente para o lado de Pedro. - E colunas ali e  um teto de vidro.

     Lá estavam eles mais uma vez, juntos, os reis e rainhas do passado, olhando para o lugar que um dia foi seu grande castelo. Pedro por instinto buscou segurar a mão de Clarissa, ato que a garota não negou, ambos buscando conforto um no outro, sentiam a culpa por deixar Nárnia, eles tal os grandes reis, a sábia e o magnífico.

      -Cair Paravel - Pedro disse com a voz quebrada

      -Catapultas! - Edmundo exclamou, chamando a atenção para si. - Não foi uma tragédia natural Cair Paravel foi atacada...

      - Há uma porta ali… - pontuou Clarissa após alguns segundos de silêncio. - Acho que conseguimos abri-la.

      Sem esperar os outros, Pedro soltou a mão da acobreada e caminhou até as paredes rochosas, empenhando-se em empurrar a porta. Edmundo se juntou ao irmão, e com dificuldade, conseguiram abrir espaço suficiente para que pudessem passar.

     -Algum de vocês tem fósforos? - Pedro perguntou, após rasgar um pedaço de sua camisa e enrolá-la em um pedaço de madeira, que pegou no chão.

      -Não, mas... - começou, abrindo sua bolsa e tirando de lá uma lanterna. - isso serve?

      As meninas riram, enquanto Pedro encarou o irmão incrédulo, havia rasgado sua camisa em vão.

       - Podia ter dito antes! - exclamou o loiro.

      Edmundo foi o primeiro a descer, iluminando o caminho, logo depois as garotas e então Pedro desceu, todos tomando cidade para não cair. Foi uma surpresa ao notar que estavam na sala onde suas coisas eram guardadas.

       Cinco baús estavam encostados nas paredes, atrás deles estátuas dos cinco adultos marcavam de quem era cada baú. Logo cada um foi até o seu e os abriram.

       - Eu era tão alta! - Lúcia exclamou, feliz olhando um de seus vestidos.

       - É que você era mais velha - - Susana explicou, com um sorriso terno.

       - Ao contrário de centenas de anos depois... - Edmundo iniciou, e os outros se viraram para ele. O menino usava um elmo duas vezes maior do que sua cabeça, e as crianças não puderam segurar o riso. - Quando  você é mais jovem.

       Susana segurava seu arco e flecha, mas reclamou por não encontrar sua trompa. 

        - Os centauros não trouxeram nada quando retornaram naquele dia, provavelmente ela ficou na cela do cavalo! - informou Clarissa pegando a sua espada, enquanto Pedro levantava a sua própria.

        - Nos dentes de Aslam, o inverno morrerá… - ele falou em voz alta.

        - Em sua juba, a primavera voltará. - Lúcia terminou, se aproximou do irmão mais velho, com uma feição triste. - Os nossos amigos, o senhor Tumnus, os castores... todos se foram. 

        Todos ficaram em silêncio,sentindo o pesar na fala da mais nova, ninguém se atreveu a falar e Pedro abraçou Lúcia. Clarissa e Edmundo pensavam no que poderia ter acontecido com Cair Paravel, Susana apenas observava.

         - Acho que se quisermos saber o que aconteceu devemos procurar por algum narniano… - comentou  Clarissa, voltando a mexer em seu baú. - Troquem as roupas e peguem o que acham que vão precisar…

          - Vamos atrás de respostas! - completou Pedro.

         Logo todos se dispersaram a fazer o que os dois mais velhos haviam mandado. Pedro e Edmundo pegaram  suas coisas e deram espaço para as garotas se trocarem.

         Passado algum tempo reuniram-se no que um dia foi  a sala do trono, para planejar para onde iriam a seguir, ficando decidido que seguiriam até o Rio Beruna e depois iriam até a mesa de pedro afinal era possível que narnianos estivessem acampados por lá.

Princesa de Nárnia - Príncipe CaspianWhere stories live. Discover now