Trumpkim

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A caminhada mostrou-se longa, nenhum dos cinco parecia muito bem com as recentes descobertas. Lúcia estava quieta demais e caminhava ao lado de Susana e Edmundo, que conversavam entre si, mais a frente Pedro e Clarissa andavam em um silêncio estranho, o loiro sentia a distância da garota e a acobreada tinha medo de se aproximar como antes e ele ir embora novamente.

- Acha que se tivéssemos ficado teríamos impedido o ataque? - Pedro perguntou quebrando o silêncio.

-Talvez não... - ela respondeu sem o olhar. - ...Acho que o ataque aconteceu pelo menos uns cem anos depois que fomos embora.

Voltaram a ficar em silêncio, enquanto Clarissa olhava em volta, Pedro a olhava, foi quando se lembrou da última conversa que tiveram antes dele ir embora.

-Clarissa... - ele chamou e a garota o olhou. - O que ia me dizer naquele dia antes de Edmundo aparecer?

- Eu... - ela começou, mas não terminou a frase, não conseguiu, lembrava bem do que quero dizer a ele. - Não é hora para esse tipo de conversa...

Pedro não perguntou mais, Clarissa não parecia ter muita vontade de conversar e não queria passar do limite com a rainha.

Todos se mantiveram alertas, não sabiam o que encontrariam, logo um barulho perto do rio foi ouvido, lá dois soldados em um barquinho estavam prestes a jogar um anão amarrado no lago.

- Larguem ele! - ordenou Susana.

Os soldados obedeceram, largaram o anão no lago. Um dos soldados tentou usar uma besta contra a rainha, porém a mesma foi mais rápida com seu arco, e acertou o mesmo, fazendo ele cair na água, enquanto acertou o outro pulou vem água para evitar ser acertado, os dois reis correram em direção ao lado deixando para trás suas espadas.

Pedro mergulhou para ajudar o anão, enquanto Edmundo puxou o barco que os soldados haviam deixado para trás. As rainhas foram até Pedro e o anão para ver se estavam bem, Lúcia cortou as amarras que o prendiam, mas o mesmo não se mostrou muito agradecido.

-Larguem ele?-resmungou o anão. - Foi o melhor que pôde pensar em dizer?

- Está vivo, não está? Não seja mal agradecido! - disse Edmundo.

- Devíamos ter deixado. - rebateu Pedro, coisa que fez com que o anão se calasse.

- Por que eles queriam matar você? - perguntou Lúcia com o mesmo tom gentil de sempre.

- São telmarinos, é o que eles fazem. - respondeu o anão.

- Telmarinos? Em Nárnia? - perguntou Clarissa.

- Onde estiveram nos últimos cem anos? - o anão devolveu a pergunta

-Isso é uma história meio longa. - respondeu Lu.

Enquanto observava os cinco, viu Clarissa devolver a espada de Pedro e então seus olhos se voltaram para a espada presa na cintura da garota.

- Só pode ser brincadeira... - ele disse incrédulo. - São vocês? Os reis e rainhas do passado?

- Sou o Grande Rei Pedro, o Magnífico. - apresentou-se o loiro estendendo a mão ao outro.

-Você podia ter omitido a última parte. - disse Susana.

-É, podia. - respondeu o anão rindo.

Pedro sorriu e olhou para Clarissa, a mesma lhe retribuiu com um sorriso travesso, tentam o loiro desembainhou sua espada.

-Pode se surpreender - afirmou o garoto.

-Ah, é melhor não fazer isso, rapaz. - advertiu o anão.

-Eu não. Ele.- respondeu o mais velho, olhando para Edmundo , que desembainhou sua espada, enquanto Pedro entregava a sua para o anão .

Inicialmente parecia que Edmundo iria perder, talvez pelo tempo que ficou sem usar uma espada, coisa que preocupou Lúcia. Mas logo o moreno atacou com tudo, surpreendendo o anão o fazendo se afastar um pouco.

Assim que o anão investiu novamente contra Edmundo, o garoto desviou, e bateu com com sua espada na perna do mesmo, fazendo-o cambalear. O anão novamente investiu, esperando que pudesse golpear novamente o garoto. A luta terminou como esperado, fazendo todos sorrirem com a vitória de Edmundo.

- Por trinta diabos... - murmurou o anão abismado, olhando para os cinco.- Não é que a trompa funciona mesmo?

-Que trompa? - perguntou Susana sem entender

- A sua. - respondeu Clarissa ao se lembrar que não acharam o objeto. - Lembra... Se assopra-lá a ajuda virá...

-Foi por isso que voltamos! - deduziu Edmundo.

Os rei e o anão, que descobriram chamar-se Trumpkin, se encontravam navegando pelo rio com o barco que haviam pego, mas com exceção da queda d'água, não tinha barulhos ali, as quedas sempre soavam bem por si só, mas tinha algo de errado. As árvores estavam silenciosas.

-As árvores estão silenciosas demais. - comentou Clarissa.

-São árvores, o que você esperava? - perguntou Trumpkim, sem entender a rainha.

-Las costumavam dançar... - contou Lúcia

- Pouco depois que saíram, os telmarinos invadiram... os sobreviventes se retiraram para os bosques, e as árvores se retiraram para tão dentro delas que nunca mais as ouvimos falar. - contou o anão.

- E Aslam? - Lúcia perguntou, Clarissa ia respondê-la mas o anão o fez primeiro

- Aslam? Achei que tinha nos abandonado junto com vocês. - disse o anão desviando o olhar para a água.

- Não quisemos abandoná-los. - respondeu Pedro com culpa e os outros apenas concordaram

Não demorou muito para que chegassem em terra firme, e enquanto os quatro mais velhos e Trumpkin ancoravam e puxavam o barco para fora da água, Lúcia observava o lugar quando viu um urso pardo na outra ponta do rio.

-Olá seu urso. - comprimentou a garotinha se aproximando com um sorriso no rosto.

Os outros quatro olharam para a mais nova e Trumpkin não demorou muito para notar algo de errado no animal.

-Não se mexa majestade!! - gritou o anão e todos ficaram em alerta.

- Fique longe dela! - ordenou Susana com seu arco pronto para atirar no animal, mas não atirou, mesmo que Edmundo tenha dito para que fizesse, então Clarissa puxou a espada e correu até Lúcia para protege-la

O animal estava prestes a ataca-las quando uma flecha o parou, mas não foi a de Susana,Trumpkin atirou sem pensar duas vezes. Então todos foram até elas, enquanto o anão terminava com o sofrimento do urso, Lúcia abraçou Pedro, e escondeu o rosto em suas roupas, que colocou a mão sobre o ombro de Clarissa puxando-a para perto.

- Ele não me parecia ser como os animais narnianos. - comentou Edmundo observando.

- Seja tratado como um animal selvagem por muito tempo, e é isso que você virá. - respondeu o anão com pesar na voz.

Princesa de Nárnia - Príncipe CaspianWhere stories live. Discover now