Coração de Bruxa

9.

A floresta estava a nossa frente e eu sentia seus sussurros como ela nos convidasse para entrar. Eu sentia uma sensação terrível e gélida, um frio dominante naquele lugar mas era algo que..que não era dela mesmo, havia alguém ali e eu sabia disso e sentia isso, mas aparentemente era somente eu que estava com essa terrível sensação. Talvez fosse coisa da minha cabeça, minha imaginação estava a flor da pele pelo nervosismo, só poderia ser isso. Tinha que ser isso...

Mesmo sabendo disso eu olhei ao redor como se estivesse procurando pela presença maligna, mas não havia nada como o esperado.

– É coisa da minha imaginação...– Sussurrei para mim mesma afim de tirar aquilo da cabeça. Olhei para Artemys que estava ao meu lado esperando pelo seu sinal para que entrassemos. 

– Não sabemos como será daqui pra frente, fiquem perto um do outro e se precisarem ir a qualquer lugar, levem um companheiro com vocês. Quem ainda quiser desistir, fiquem a vontade, não julgarei vocês pela decisão. Isso será longo e não sei por quanto tempo ficaremos aqui, talvez coisa de semanas, ou até mesmo de meses. – Daria tempo de eu mesma desistir daquilo? De sair com meu cavalo para longe até chegar em algum outro lugar, talvez eu poderia ir para o reino dos elfos mas nem sequer sabia como chegar lá. Com um suspiro, ele começou a andar com o cavalo adentrando a floresta, fazendo com que todos nós o seguissemos fielmente.

Não negava que eu estava decepcionada, pensei que talvez coisas fossem acontecer quando entrassemos mas..era apenas uma floresta normal. Ela era bela por dentro, os troncos das árvores eram longos mas estavam afastados como se dessem espaço para que passassemos. Mesmo a floresta sendo bem fechada, ainda havia luminosidade por toda ela clareando bem mais. Ouvia o som de água e sabia que deveria ter uma cachoeira ou um riacho ali perto, o bom era que se caso algo acontecesse, poderíamos apenas seguir o fluxo da água.

– Então, agora é com você. Onde a moça que você mencionou mora? – Artemys me olhou de forma dura, será que ele pensava que era uma má ideia eu estar ali? Provavelmente sim, ele apenas demonstrava isso em todas as vezes.

– Bom..eu não sei exatamente, apenas ouvi uma vez que era na floresta, acho que não deve ser muito.. – Antes que eu pudesse sequer completar a frase, Artemys interrompeu com ódio presente.

– Você decide vir com nós e menciona alguém, que por acaso você nem sabe aonde a pessoa mora? Você é burra por acaso? Não temos privilégios de ficar procurando igual idiotas só porque a princesa quer isso. Há vidas em risco, de cidadãos se este mal não for detido, e de meus soldados, todas essas pessoas tem família esperando em casa, torcendo para que não chegue a notícia da morte. – Ele falava, quase gritando na realidade, mas eu conseguia sentir a dor que era pronunciada a cada palavra. Ali não poderia haver erros, pois isso custaria a vida de cada um, sem tentativas inúteis de algo. Precisávamos da certeza, de saber realmente para qual direção seguir e não mudar isso, eu conseguia o compreender com essas coisas, porém precisávamos achar essa senhora já que ela seria a única que poderia nos ajudar, dar uma direção certa. Pelo menos era isso que eu esperava.

– Vamos seguir em frente, a casa dela não estaria logo no começo, seria evidente demais. Vamos saber para qual lado seguir quando chegar a hora. – Pronunciei enquanto o olhava com o mesmo ódio, não deixaria que alguém falasse comigo dessa forma mesmo que no fundo eu soubesse que ele estava certo. O homem apenas me olhou e deu sinal para que seguissemos adiante, o barulho dos cavalos era como um calmante natural naqueles momentos de tensão, eu fazia carinho no meu agradecendo por estar nos levando, era algo bobo mas eu sentia que deveríamos agradecer por cada coisa em nosso caminho, principalmente quando era de ajuda para nós.

– Qual é o nome do seu? – Perguntei para o comandante ao chegar perto me referindo ao cavalo branco.

– São apenas cavalos, Natasha. Não há porque dar nome à animais assim. – Artemys falou bruscamente enquanto olhava para frente, apenas cavalos? Ele realmente acreditava nisso?