°ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟠°

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⚠️ Gatilhos ⚠️

Pov S/n Miyazaki

Eu não aguentava mais segurar tudo sozinha.
Eu precisava de ajuda.
Então eu comecei a contar tudo pro Chifuyu.
Tudo mesmo.
Enquanto ele cuidava dos meus inúmeros machucados.

- Papai sempre foi muito agressivo. Saía para beber e voltava extremamente violento. - eu comecei, enquanto olhava para baixo, sem coragem de encarar Chifuyu - Em todas as vezes, minha mãe sempre me protegia, sempre sofria no meu lugar. E inúmeras vezes eu via ela chorando em algum canto da casa.

'Não chora S/n. Não chora'

- Mamãe sempre estava cheia de machucados, mas sempre estava sorrindo e sempre cuidava de mim muito bem. Ela fazia tudo que era possível para me ver feliz. - funguei enquanto segurava ao máximo o choro - Sempre que eu voltava da escola chorando falando que sofri bullying de novo, mamãe me levava para tomar sorvete e brincar no parque. - olhei por um segundo para Chifuyu, e vi que ele prestava atenção em cada palavra minha.

- Uma vez... Mamãe havia saído para ir no mercado e disse que demoraria um pouco mais porque iria ver meus avós - uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto - E então, enquanto eu estava sozinha em casa, com uns sete anos de idade, meu pai chegou bêbado de novo. - me esforcei para engolir o nó que se formava na minha garganta, para continuar a falar.
- Papai começou a gritar a mamãe por aí, mas acabou me achando. - dou uma pausa, sentindo o baque das lembranças mais ruins me atingirem. - Foi a primeira vez que eu apanhei do meu pai, e foi a primeira vez que alguém me tocou de uma forma... - pauso novamente, tentando achar as palavras corretas.

Chifuyu percebe o que eu quero dizer, porque coloca a mão na minha bochecha e faz um carinho nela.
- Quando mamãe voltou, ela me encontrou no meu quarto, e depois que eu contei o que papai tinha feito comigo, ela ficou furiosa com ele. Começou a gritar com ele, e os dois começaram a brigar na minha frente. - um suspiro trêmulo sai da minha boca.

- Eles estavam gritando tanto e... Eu 'tava tão assustada. Foi quando meu pai... Ele começou a espancar minha mãe. Ele bateu tanto nela que achei que nunca mais iria parar. - fecho meus olhos, já que eles ardiam de tanto segurar para não chorar.
- Depois disso as coisas ficaram estranhas em casa, era um lugar desconfortável pra mim. E na escola era pior. Eu não tinha um lugar pra me encaixar. Eu só tinha minha mãe. - respiro fundo tentando acalmar a crise que insistia em vir.

- Um tempo depois, a mamãe ficou muito, muito doente. Ela foi pro hospital. Foi quando tudo piorou. Eu apanhava todo santo dia, depois ia pro hospital e ficava lá com a minha mãe até os médicos falarem que eu teria que sair. - meu coração estava acelerado do jeito ruim, minhas mãos estavam suando frio e tremiam. - Minha mãe morreu um tempo depois... Morreu na minha frente. Diante dos meus olhos. E foi aí que eu percebi que perdi tudo... Mesmo sendo uma criança de uns oito anos. Eu vi quem eu amava morrer na minha frente, e eu não pude fazer nada. Eu me sentia um lixo.

- Quando eu tinha mais ou menos uns treze anos, meu psicológico estava horrível, eu tinha desenvolvido ansiedade. Eu me odiei por isso. Em certo ponto comecei a me cortar. E não parei mais. Me odiei por isso também - sinto Chifuyu começar a limpar os cortes dos meus braços. - Com catorze anos, descobri os comprimidos. Comecei a tomá-los principalmente pra esquecer de toda a minha dor, da minha vida e tudo mais. Eu também me odiei por começar a tomar aquilo. Mas era o único jeito que encontrei além de usar drogas. E eu me recusava com todas as minhas forças, a usar drogas. Eu tinha prometido a mamãe - meu corpo fica mais tenso.

- Também tem meus avós. Eles morreram dois anos atrás. Quando tudo começou a dar errado. - nesse ponto, as lágrimas escorriam por meu rosto enquanto Chifuyu cuidava dos meus ferimentos.

𝑰𝒍𝒍𝒊𝒄𝒊𝒕 𝑨𝒇𝒇𝒂𝒊𝒓𝒔 - 𝗖𝗵𝗶𝗳𝘂𝘆𝘂 𝗠𝗮𝘁𝘀𝘂𝗻𝗼 Where stories live. Discover now