CAPÍTULO 5

2.7K 306 30
                                    

MAYA

ESSE CAPÍTULO FAZ PARTE DA NOVA VERSÃO 2024

— Me tirem daqui. — Bati na porta, na tentativa de sair do quarto trancado há horas. — Alguém? 

A porta destrancou-se. Dei um pulo para trás, observando quem poderia ser. Ao abrir totalmente, ninguém estava lá. Andei até o corredor do castelo e não tinha ninguém. Caminhei em frente, ouvindo os sons de pessoas conversando. As tochas iluminavam o corredor de pedras e meus pés descalços sentiam a friagem do anoitecer. Desci a escadaria ouvindo as vozes mais presentes e um cheiro de vinho de amora silvestre. 

Ao terminar o percurso, os Ater estavam em um aposento rochoso, bebendo, ao redor de uma grande mesa e um mapa na mão. Olhei através da fresta da porta para tentar ouvir o que falavam.

— Saia daí, pequena. Sinto o seu cheiro. — Sephy me surpreendeu. A passos vagarosos, dei as caras aos três, como uma criança chorona. — Junte-se a nós. 

— Boa noite, senhores. — Fiz uma reverência. — Eu estava ao lado dos três mais temidos da terra, algumas pessoas matariam para conhecê-los além das lendas e eu conseguia sentir a aura poderosa de todos eles. — Eu preciso falar com Sephy. — Na mesa, havia um mapa marítimo e eles tentavam entendê-lo. Fui atraída pela imagem e eu consegui entender algumas palavras antigas, as mesmas palavras que sempre me perturbaram em sonhos. — Vocês buscam o caminho perdido para chegar na corte de gelo? 

Os três me olharam espantados. 

— O que você sabe sobre isso, Maya — Perguntou Trystan. — Você consegue interpretar os símbolos da escritura? 

— Eu já sonhei com cada um deles e ouvi vozes os relevando em sonhos a vida toda. 

Sephy se sentou no triclinum, elevando a taça reluzente de ouro. 

— Essa é a minha esposa, rapazes. 

O encarei feio e ele sorriu, erguendo as mãos para o alto. 

— Toda a minha vida eu ouvi sobre vocês e sobre a lenda das três bruxas prometidas e eu não sou uma tola. Vocês não me trariam aqui se eu não fosse importante, então contem logo — exigi saber.

Daren fez uma careta para Sephy e ele sorriu feito um cretino. 

— Sim, pequena. Eu a deixei com Olavo e Helena e nós estamos buscando a rota perdida para levar você até a guerra, sem que a rainha do sol descubra. 

Alyah. Temida entre os povos, ela jamais pisou na corte de Acalanto. Seus soldados mataram diversas crianças na minha infância, à procura da bruxa perdida. Durante todos aqueles anos meus pais me esconderam da inspeção do Rei Arthur, marido de Alyah. 

Por vezes, esconderam-me no chiqueiro, galinheiro e, até mesmo, no buraco da latrina quando as tropas chegavam na corte. Nunca fui burra a ponto de não ligar os fatos, principalmente porque não parecia nada com meus pais. Os anos foram passando e sempre fui instruída a usar o capelo de seda para esconder a cor dos fios avermelhados, coisas que só as mulheres mais velhas faziam. 

Sem contar na educação de qualidade que me concederam. Não havia nenhum padrinho benfeitor, meus pais sequer tinham amigos e pouco trabalhavam nas terras pelo cansaço dos anos e jamais faltou comida na mesa em tempos de guerra. 

SACRIFÍCIO A SEPHY: O IMPÉRIO DOS ATER - LIVRO I Onde histórias criam vida. Descubra agora