I. No Limiar da Escuridão

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     Laura estava atormentada com aqueles gritos

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Laura estava atormentada com aqueles gritos. Desesperada, sem saber ao certo como havia chegado ali, tentava se mover entre as colunas de madeira que tinham desabado. Ao longe, vozes distantes gritavam desesperadas, soavam esganiçadas. Era algo horrível de se ouvir.

Tentando manter a calma, Laura percebeu que estava em uma casa de madeira. Parecia pequena, e por conta do fogo e da fumaça densa, ela não conseguia ver muito além disso. Olhando para suas mãos, as descobriu escuras, manchadas de fuligem. Porém, notou algo estranho: ela não sentia calor.

De repente, tudo se tornou um grande borrão até que restou apenas o breu e o silêncio.

Seus olhos se abriram, e ainda estreitos, revelaram um par de íris castanhos e confusos. Ela estava deitada na grama ofegante à beira do lago. O seu cabelo castanho escuro numa trança bagunçada e o seu vestido azul já desbotado, se estendiam pelo chão.

Recobrando a consciência, lembrou-se que havia se deitado para descansar e admirar um pouco a paisagem após lavar as roupas da sua família. Mas agora, ao observar o céu rosado, percebeu-se atrasada para voltar para casa.

Então, apressadamente, começou a juntar as roupas secas no varal perto do lago e o escovão que havia deixado à beira da água e jogá-las dentro do balde onde as havia levado.

Naquele momento, ela percebeu que não conseguiria escapar da névoa densa que logo tomaria a floresta quando a noite se aproximasse.

Decidida a chegar o mais rápido possível, arregaçou as mangas, trançou novamente seus cabelos castanhos, agarrou o balde e com um suspiro pesado lhe saindo pelas narinas, se embrenhou entre as árvores a passos ligeiros.

Ventava um pouco, mas o problema era a escuridão que já tomava o lugar, ela não conseguia ver muito longe. As árvores eram altas e haviam muitos arbustos por todo lado, estava muito frio e Laura andava com os olhos estreitos.

Nos últimos tempos, diziam que a floresta estava amaldiçoada por belas mulheres que apareciam por ali. Elas haviam levado a névoa e a escuridão até aquele lugar antes tido como sagrado. Um lugar tão florido e frutífero perdeu sua beleza e agora, a população de Kabod Ius acreditava que o que havia acontecido ali era apenas um suspiro do que parecia estar por vir, mas Laura não sabia exatamente o que estava por vir.

Com o balde apoiado no quadril, Laura se escondeu atrás de uma árvore ao ouvir passos rápidos atrás de si. Mas, repentinamente, tudo o que ouviu foi o canto dos pássaros.

O silêncio pesava, e então ouviu algo escalar a árvore. Seu coração apertado fazia ela segurar a respiração sem perceber. Estava muito escuro, e ela apavorada.

- Você anda muito assustada, Laura - soou em seu ouvido.

Em sobressalto, Laura se afastou da árvore e olhou para os lados, mas não viu ninguém.

Antes do Sol se PôrWhere stories live. Discover now