Capítulo 32

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Bárbara andava de um lado para o outro no corredor do hospital enquanto Eduardo a observava. Já fazia mais de uma hora que Gonçalo estava em atendimento e ninguém aparecia para dar notícias, o que só fazia a angústia aumentar, até mesmo no homem que não deixava de gostar do sogro mesmo sendo seu rival no amor.

− Ele não pode morrer. – Bárbara repetia em voz baixa e embargada como se estivesse tentando convencer a si mesma.

Eduardo não suportou ver Bárbara daquele jeito, não por ciúmes, mas por ela estar sofrendo. O seu amor consistia em precisar vê-la feliz para poder ficar bem, mesmo que não fosse com ele.

− Bárbara. – Eduardo chamou e parou Bárbara, segurando seu pulso. – Não fica assim, o Gonçalo vai ficar bem, ele é forte. – ele rodeou os braços na cintura dela e a abraçou.

Bárbara se encostou ao peito de Eduardo e fechou os olhos, se deixando imaginar que aqueles braços fortes podiam livrá-la de todas as dores do mundo. Era a segunda vez que ela buscava conforto nele em menos de vinte e quatro horas e mesmo sofrendo, não pôde deixar de se sentir bem por estar com ele sem precisar inventar desculpas para se afastar. Eles perderam as contas de quanto tempo ficaram daquele jeito em silêncio, a mulher tentava encontrar tranquilidade enquanto ele aspirava o cheiro dela, matando a saudade como podia. O momento foi interrompido quando o médico da família se aproximou, fazendo toda a tensão voltar de uma vez.

− E então, doutor, como ele está? – Bárbara perguntou nervosa assim que viu o médico, unindo as mãos.

− Ele teve um princípio de enfarto, por sorte vocês agiram e o socorreram rápido, o pior já passou, mas ele vai precisar de muitos cuidados e principalmente de tranquilidade nos próximos dias.

Bárbara respirou aliviada, fechando os olhos em um rápido agradecimento a Deus. Ela não costumava ser religiosa, mas havia se apegado a Ele várias vezes naquele dia e tudo deu certo, então talvez ela estivesse se tornando um pouco cristã. Eduardo também sentia como se dez elefantes estivessem saído das suas costas, afinal não queria perder Gonçalo.

− E eu posso vê-lo? – Bárbara perguntou ansiosa.

− Parece que você tirou as palavras da minha boca. Não é muito recomendável nesse momento, mas ele deseja ver você. Me acompanhe, por favor.

− Claro. – Bárbara falou prontamente e se virou para Eduardo, mas antes que continuasse, ele se adiantou.

− Pode ir, eu aguardo aqui. – Eduardo falou e sem se conter, fez carinho na mão de Bárbara.

Bárbara sorriu e seguiu o médico até uma sala, onde se vestiu com roupa cirúrgica, máscara e toca e após higienizar as mãos, ela foi levada para o CTI. Assim que o médico abriu a porta, o cheiro forte de remédio chegou ao seu nariz e o doutor fez sinal para que ela entrasse sozinha, apontando para o leito onde Gonçalo estava. A mulher assentiu e agradeceu baixinho, caminhando devagar até o noivo, tentando focar apenas nele que já não estava uma imagem agradável de se ver com vários aparelhos pelo corpo e oxigênio no nariz.

− Meu amor? – Bárbara chamou baixo para o caso de Gonçalo estar dormindo.

− Querida, se aproxime, não consigo ver você. – Gonçalo falou.

Bárbara se aproximou mais, se apoiando na cama de Gonçalo que deu um sorriso cansado ao vê-la. Mesmo de máscara, com os olhos inchados e vermelhos pelo choro e a noite não dormida, ela continuava sendo a mulher mais bonita que ele já havia visto na vida.

− Como se sente? Você me assustou. – Bárbara segurou a mão de Gonçalo com delicadeza.

− Me desculpe, não foi minha intenção. – Gonçalo levantou e beijou a mão de Bárbara com esforço. – Pode ficar tranquila agora, eu já estou bem. – ele forçou um sorriso.

Amor De QuintaWhere stories live. Discover now