Capítulo 9 | A fome de um original

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No monitor Alecxandro já terminava de se alimentar de um homem velho e se aproximava de uma mulher jovem loira. Ela tentou atacá-lo fazendo alguma coisa com um pedaço de pano rasgado da sua roupa, mas ele era mais forte e rasgou o pescoço dela com as presas antes que pudesse reagir mais uma vez. 

O sangue escorreu e enquanto ela parecia se afogar nele, Alecxandro bebia com muita violência segurando a mulher que se debatia e falecia rapidamente em seus braços. Haviam mais três pessoas desesperadas que pareciam não compreender a situação, mas nem por um segundo pensavam em aceitar o destino sangrento.

Não sei o que deu em mim, mas não consegui ficar quieto. Naquela escuridão enxerguei uma outra porta depois dos monitores e antes que pudesse perceber, meu corpo já estava indo instintivamente até ela.

- SENHOR DIN! - ouvi o grito de Jamille enquanto eu girava a maçaneta e corria porta à dentro.

Segui pelo corredor até uma passarela que passava por cima da arena, o corpo da mulher e do senhor caíram inertes em cantos opostos. Um dos três restantes atacou com algum tipo de golpe marcial. Alecxandro o segurou pelo braço e acertou-o no cotovelo com o joelho da perna direita, o osso projetou para fora do corpo e o homem gritou.

Fiquei imóvel com a cena, então senti mãos me alcançarem, me segurando com força. Vitor tapava a minha boca e estava me puxando para trás em silêncio. Alecxandro tinha largado o homem com o osso exposto gritando e sangrando como se fosse um brinquedo quebrado de uma criança mimada. Os dois sobreviventes, uma mulher e um homem, conseguiram imobilizar o príncipe com muita dificuldade, agindo juntos, agora estavam socando ele com força na tentativa de fazê-lo apagar. Eu não podia acreditar que mais ninguém faria absolutamente nada!

Mordi a mão de Vitor e ele tirou a mão da minha boca. 

- PAREM COM ISSO! - Alecxandro estava quase inconsciente e a mulher se preparava para aplicar um golpe no seu pescoço - FAÇAM ALGUMA COISA!ELES VÃO SE MATAR!

Mas eles não se moveram, Vitor continuou me segurando e eu não conseguia me soltar. Estava me arrastando de volta para onde Jamille aguardou. Parei meus protestos ao ver um corpo voando por cima de nós e batendo com tudo na parede do outro lado da arena. Tirei o uniforme da Resistência o mais rápido que consegui para me soltar de Vitor a tempo de ver que o último humano teve o mesmo destino da mulher. 

Aos poucos um por um foram executados e agora haviam cinco mortos na arena, todos aparentemente sem sangue. Mas onde ele estava? Olhei para Jamille no corredor parecendo assustada e quando olhei vagarosamente na direção oposta havia um monstro pingando sangue do rosto e das mãos.

Como ele chegou ali? A ponte em que estávamos passava a pelo menos seis metros e meio do chão. 

- Majestade? Se sente melhor? - tentou Jamille, mas não havia nada de humano em seus olhos.

A criatura deu um passo em nossa direção e eu andei dois para trás. Não tinha conseguido salvar ninguém ali e sentia que eu seria o próximo. Tentei me afastar mais e rapidamente ele se moveu segurando meu corpo e puxando meu cabelo para que pudesse perfurar as presas no meu pescoço. 

Gritei até as minhas cordas vocais arderem sentindo a dor se espalhar pelo meu corpo.

Ele estava certo, não era como os filmes e livros descreviam. Uma dor aguda inflamou por todo o meu corpo queimando com a força que meu sangue era drenado pelos pequenos ferimentos feitos no meu pescoço e gritei o mais alto que consegui. A sensação era de duas agulhas perfurando meu pescoço e sugando meu sangue muito mais rápido do que a minha mente era capaz de compreender.

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