Capítulo 01

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Boa leitura
💙💜

Dove's Point Of View

Dove Cameron chegou em casa imaginando que agora talvez pudesse dar vazão às lágrimas que lhe sufocaram o dia todo, estava visivelmente cansada. Mas ela não choraria, era uma promessa que fizera a si mesma. Não choraria. Aquela era a atitude certa a tomar e nada a faria voltar atrás.
Depois de tomar um banho, ela se deitou confortavelmente em sua cama, não sentia fome e não tinha ânimo para nada. Encolheu-se entre os lençóis e fechou os olhos, tentando se livrar da solidão. Porém, tão logo seus olhos cerraram, a imagem daquele corredor invadiu a sua mente, e mais uma vez a dor sofrida entrou em seus sonhos.

FLASHBACK
E ela se viu pálida, despenteada, sentada num dos corredores do hospital, rodeada pelos familiares de Thomas. Foi quando avistou Veronica cabisbaixa e muito pálida. Caminhou até ela com passos vacilantes e ouviu a amiga lhe dizer com a voz embargada.
- Eu sinto muito, Chloe. Nós o perdemos. – Veronica a encarava com seu choro preso na garganta.
- Não. Não. – suas pernas cederam ao seu peso, e seu sogro a impediu de cair no mesmo instante, abraçando-a forte.
- Eu sinto tanto, Dove. Tanto. – Anthony lhe dizia tentando confortá-la. Perder o filho era algo muito difícil, sentia uma dor que não cabia em si, mas ver sua nora daquele jeito, lhe partia ainda mais o coração.
Para Dove, naquele momento, um embaralho de sons, choros, murmúrios e pessoas preocupadas com ela se misturaram e fizeram um zumbido forte, alto e único dentro do seu cérebro, sem que ela conseguisse dizer nada. Foram longos minutos assim, até que ela perdesse totalmente os sentidos.
FLASHBACK

Era impossível dormir naquela noite. O peso de sua decisão a incomodava. Se inscrever como mãe de aluguel foi seu último recurso para continuar ajudando as crianças do hospital infantil. Ela e Thomas nunca tiveram filhos, não que não quisessem, mas apenas porque não aconteceu.
Depois que descobriram a doença incurável de Thomas, eles encontraram um hospital infantil que tratava exclusivamente daquela enfermidade, e que funcionava como uma espécie de abrigo onde viviam cerca de 50 crianças, abandonadas pelas famílias ao serem descobertas portadoras da doença. Por um longo tempo, Dove não se importou com as crianças, principalmente porque gastava todo o seu tempo cuidando de seu marido. Depois que Thomas se foi ela ainda estava "sem radar" por um longo tempo, até que um dia ela acordou e percebeu que era a única que podia fazer algo por elas. E foi exatamente o que fez.
Fizera uma busca incessante, pesquisas e experiências. Gastou tudo o que possuía e tudo o que o seu marido havia lhe deixado após a morte, financiando pesquisas e mais pesquisas. Até que o dinheiro acabasse justo quando estava próxima de uma cura. As pesquisas não poderiam continuar sem os recursos necessários. E ela já havia feito de tudo para que pudesse levantar fundos. Havia sido inútil.
Foi quando Dove ficou sabendo do programa de barrigas de aluguel através de uma mulher no hospital, e aquela ideia lhe pareceu interessante logo de cara. Se caso fosse selecionada, poderia ganhar muito mais do que precisava para continuar seu trabalho. Era simples, apenas uma inseminação artificial. Nove meses de espera e pronto. Teria seu dinheiro e poderia continuar o seu trabalho.
O bebê certamente teria uma vida de rei, pois o homem que pagasse essa fortuna para conceber um filho certamente seria um bilionário. Ele não precisaria de uma mãe amarga. Afinal, ela prometera nunca mais amar ninguém. Nem mesmo um filho. Principalmente um gerado sem amor.

Sofia's Point Of View

Estava ansiosa, já eram mais de duas da manhã e ela ainda estava sentada no escritório tomando o seu uísque. Talvez fosse a maior loucura de sua vida ter contratado uma mulher para gerar seu filho.
"Ora, anime-se", ela disse para si mesma. Não poderia ser tão ruim, afinal, as mulheres naquela fila eram pré-selecionadas, mas ainda podia ouvir a voz da sua irmã martelando incessantemente em sua cabeça.
- Sofia, uma vez nessa fila você não poderá escolher raça, família, nacionalidade nem mesmo a classe social da mulher que gerará a criança.
- Tudo bem. – disse ela confiante.
- Tudo bem? Eu conheço seus preconceitos, Sofia. Você já pensou nas consequências de tudo o que está fazendo? – Paulina tentava argumentar com sua irmã, mas parecia em vão.
- Não me importo.
- Eu sei que vai se importar mais tarde, além de sua advogada, sou sua irmã.
- Não vou. Já chega, Paulina. Sei que oferecendo uma boa quantia, virá uma pessoa digna de carregar um filho meu.
- Eu ainda não entendo o motivo de você fazer isso.
- Problema seu. Não quero que entenda nada. Apenas que faça o que estou dizendo. Quero total sigilo, não quero meu nome por aí com as pessoas dizendo que não sou capaz de conceber naturalmente. Estou cansada de ter meu nome em fofocas inúteis.
- Por isso está cada vez mais afundada em trabalho. Você quer ter um filho, para acontecer o que aconteceu conosco? Sermos criadas pelas babás, criadas e afins da nossa casa?
- No momento eu quero que você me deixe em paz. – Sofia virou-se em direção à janela, ficando de costas para a irmã que após analisá-la por um tempo, deixou o recinto.

Dove's Point Of View

A advogada a olhou de cima a baixo, certamente ela não era o tipo de mulher que o seu cliente sairia, mas se tinha um útero saudável, no fim das contas era o que importava.
- Então, estamos acertadas, Senhorita Cameron. - Paulina disse já guardando a caneta que usava.
- É Senhora Doherty. - Dove a corrigiu rapidamente.
- Como queira, Sra. Doherty, porém há um detalhe a ser dito.
- Diga. - Dove concordou esperando pacientemente pelo que lhe fosse dito.
- Na verdade, estamos falando de uma cliente.
- O que? - ela quase gritou suas palavras.
- Isso mesmo. Minha cliente exige total discrição, além do que quer mensalmente todos os seus exames para o médico particular dela analisar.
- Não! Eu nem a conheço. Ficou maluca? Quer controlar minha vida desse jeito? Só falta o que? Querer que eu transe com ela. - disse, indignada. - Passar bem.
Dove estava muito irritada, se levantou que derrubou a cadeira, mas nem se importou, seguiu em direção à saída da sala, mas a voz de Paulina a interrompeu neste ato.
- O dobro. Ela te oferece o dobro do dinheiro para ser do jeito dela. - Dove estacou na porta, sua mente estava trabalhando a mil com aquela nova informação. Sua boca se abriu várias e várias vezes para articular uma resposta, sem que obtivesse êxito.
- Não sou uma prostituta.
- Eu sei disso, mas precisa do dinheiro, caso contrário não estaria aqui. Você provavelmente nunca sonhou, em toda sua vida, ter esse montante. Pense bem.
- Não estou à venda. - disse Dove engasgada.
- Realmente, mas acredito que mais cinquenta mil dólares sobre o dobro do valor final, certamente te satisfará.
Dove suspirou profundamente e se voltou para a advogada com passos vacilantes, precisava pensar na cura para aquelas crianças.
- Onde eu assino?
Paulina sorriu com desdém, lhe entregando a caneta e indicando o local da assinatura. Ainda achava a mais completa estupidez, mas nada podia fazer.

Forbidden LoveWhere stories live. Discover now