6. Surpresa

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[N/A: Aaaah, que delícia escrever essa historinha! Mais um capítulo, espero que curtam! Um beijo <3 ]


Quatro meses depois...

Steve tentava disfarçar a força com a qual segurava o volante, olhando para o retrovisor. Bella acenava para a avó, segurando uma boneca nova que Sarah tinha dado. Era sexta-feira à noite e ele estava exausto após um dos raros dias em que tinha que comparecer ao escritório.

Como sempre, estava bravo após outra conversa com a mãe sobre a criação da filha e o assunto sobre a maternidade dela. Nos últimos quatro meses, aquela conversa vinha sendo recorrente, tanto pela novidade sobre Natasha ou qualquer que fosse o nome da mãe da filha, mas ainda mais pela data comemorativa mais próxima:

O dia das mães.

Apesar de ter conversado longamente com a escola, é óbvio que a filha não seria excluída das atividades próprias da data. E mesmo que tivesse faltado, ouvia as outras crianças falando sobre as próprias mães, e os presentes... Além de tudo, Carol tinha acabado de dar à luz.

Sarah tinha chamado Steve para conversar, pois Bella tinha perguntado repetidamente sobre Peggy, sobre o que significava ser filha do coração, entre outras coisas. A avó tinha saído pela tangente, deixando a situação para Steve - como deveria ser.

Acenando brevemente para a mãe sem sorrir, acelerou em direção à própria casa.

~

Mais de uma hora depois, Steve entrou no quarto da filha. Bella ainda estava bem acordada, como ele sabia que estaria, brincando com a boneca nova. Os olhares de pai e filha se cruzaram brevemente, mas ela não sustentou.

Se sentando na beira da cama, percebeu que Arabella queria conversar quando largou a boneca e olhou direto para ele de maneira incisiva, como só fazia quando queria alguma coisa.

"Como foi seu dia?" Ele perguntou para a pequena, que deu de ombros.

"As crianças fizeram um presente do dia das mães. Eu levei um pra vovó e outro pra tia Carol."

A voz da filha não era pesarosa. Era mais como se já estivesse acostumada. De qualquer maneira, o clima pesou e a atmosfera esfriou, apesar de ser uma noite de primavera razoavelmente quente.

Ele sorriu sem graça.

"Vovó me disse que você foi perguntar algumas coisas. O que quer saber?"

Ela mordeu o lábio inferior. Por um segundo, Steve viu no rostinho exatamente a mesma expressão da moça da confeitaria, o que fez os ombros dele pesarem o triplo.

"Quando você me fala que sou filha do coração... O que quer dizer?"

Ele suspirou. Tinha vontade de mandar a filha dormir, que amanhã era outro dia... Mas sabia que não podia. Quem não estava pronto era ele, mas Arabella estava. Aquela expressão era utilizada por ele e Peggy desde sempre quando se referiam a adoção. A intenção nunca tinha sido esconder nada da filha.

"Quis dizer que sua mãe não te trouxe na barriga, meu amor. Você chegou numa manhã de Natal. Já estávamos te esperando há bastante tempo, mas sua mãe não ficou grávida, como a tia Carol ficou, entendeu? Isso não faz dela menos sua mãe, ou de você menos minha filha. Só é um jeito diferente de ter um filho."

A pequena ficou pensativa por um tempo, absorvendo.

"E por que eu não nasci da barriga da mamãe?"

Aquele assunto ainda trazia um aperto ao coração de Steve. Peggy tinha feito o tratamento contra o câncer ovariano e já tinha conseguido a permissão para adotar por ser considerada sobrevivente há tempo suficiente. Tinham descoberto outro foco poucos dias antes, não dando tempo de voltar atrás no processo. Quando Arabella chegou, a adoção foi finalizada sem a agência saber que Peggy estava doente outra vez. Ela tinha partido antes da filha completar três anos.

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