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Zendaya encara as gotas da chuva no vidro do carro enquanto dedilha o pequeno pingente. O tempo lá fora está tão fechado que seu desejo é deitar-se na cama e ter um bom sono.

Respirava fundo algumas vezes para poder sentir mais do perfume de Thomas, ainda era o mesmo e a qualquer momento poderia apenas deitar o banco, aumentar o ar quente e fingir que não houve um longo tempo de silêncio antes desse exato momento.

Se sentiu estranha, como se não o conhecesse no breve reencontro. Esperava por isso, até porque as recuadas dele seriam uma forma de se proteger outra vez.

A princípio só ansiava despejar tudo que fora guardado por meses a fio e tirar toda culpa que sentia apenas por não conseguir lidar tão bem com um amor puro, simples e um tanto quanto novo.

Traumas do primeiro namoro ainda a assombrava, tinha medo, um medo de não ser suficiente, de não se dar o suficiente. Até então busca por esperança, esperança de que Trevor pague com a alma por todas as palavras baixas dirigidas a ela em anos de relacionamento.

As mãos apertaram o cinto de segurança quando percebeu que Tom estava voltando com os lanches; na chuva do lado de fora, Thomas apertou os passos com o estômago revirando de ansiedade e as gotas colidindo no moletom verde musgo.

Só queria paz novamente.

— Hoje é seu dia de sorte Maree!

— Mesmo? — Sorriu, Tom a acompanhou balançando a cabeça animado.

— A torta de maçã era a última.

— Ela estava esperando por mim, sabe que sou especial.

Ele mordeu os lábios. Sabia que era a favorita de Zendaya.

Os dois comiam em silêncio, deixavam escapar risadinhas bobas quando se olhavam fazendo caretas e o barulho da chuva batendo no teto do carro proporcionava conforto ao momento.

Às vezes, Daya se pegava admirando a pele clarinha do pescoço dele, também achava adorável as pontas dos dedos rosinhas pelo frio. Tom fazia o mesmo quando ela se distraia tomando a raspadinha de cereja.

Gostava de assisti-la fazendo coisas, era como estar assistindo um filme ao vivo com sensações mais que reais.

— Sabe Tom, fiquei com medo de você me esquecer.

Mordi meu donut e passei para ele dar uma mordida também. O nervosismo estava vindo aos poucos.

— Isso é simplesmente impossível, você não tem ideia. — A cabeça recosta no banco enquanto troca olhares comigo, ele parecia calmo.

Tenho raiva por ter deixado alguém que demonstrava com clareza o quanto se importava comigo mesmo nos tempos difíceis. O arrependimento toma conta quando tudo desmorona sem pausa alguma.

Aprendi que eu precisava conversar, perguntar e compreender os dois lados da moeda, pena que não fiz a tempo.

— Passei tantas noites querendo te ligar só pra escutar sua voz. — Ele fecha os olhos.

— Eu estava cansada demais e acabei sentindo medo de te sobrecarregar.

— Eu poderia aguentar e ajudaria no que fosse possível.

— É que...

— Eu poderia, Daya. — Sussurrou. — Faço tudo quando é sobre você

As palavras pararam na minha garganta, sinto que posso chorar a qualquer momento. As pessoas não se afastam de mim por conta própria, eu que faço elas se afastarem porque não percebo que em certos momentos fecho minha mente para não deixar tudo tomar posse de mim, do meu corpo e alma. O que significa que me deixo ficar isolada por um certo período até minha cabeça voltar para o lugar.

Droga.

— Sinto muito.









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