Vida, morte e eternidade.

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"Desculpa, a culpa é minha
Ainda não sou forte o suficiente pra proteger você
Tô me sentindo tão sozinho, onde tá você?
Eu penso tanto no seu rosto, eu quero te ver
As dores no meu peito deixam um infinito tão pequeno."

— Sinfonia do Adeus; Baco Exu do Blues.

— Sinfonia do Adeus; Baco Exu do Blues

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R O D R I G U E S.

Abruptamente, sentiu seu corpo inteiro mudar de lugar. Olhou ao redor, e estranhamente não conseguiu se mexer. Todavia, a sensação iminente de déjà vu não pôde ser evitada.. De forma indecifrável, aquele lugar não lhe era estranho. O que mais lhe parecia, de fato, assustador era que por mais que a circunstância trouxesse o ar familiar, Rodrigues só conseguia se sentir como um presenciador.

A imagem que seu globo ocular recebia e a captava era certamente admirável. Parecia irracionalmente, irreal demais. Mesmo que sua razão lhe afirmasse o contrário, sentia os ventos fortes em seu rosto, ou a sensação da areia em seus pés. Aquela casa era grandiosa. Esbelta e com uma arquitetura claramente antiga, mas não menos harmoniosa. Era íntimo, exalava afeto e afeição.

Não sabia o que aconteceu para estar se sentindo daquela maneira, ainda assim, não iria conseguir abrir a boca para reclamar do que via.

Rodrigues sentiu seus lábios secar, sua garganta enrolar em um fio espinhento invisível. Sentia vontade de sair correndo, se aventurar. Entretanto, algo o prendia. Como se, algo o quisesse ali. Observando. Quieto, mesmo que sua cabeça e seus pensamentos fossem incessantes.

Sua inquietação fez com que, de repente, suas orbes dobrassem de tamanho. Aquilo era.. Outro homem? Era tão trágico a forma em que seu cérebro rapidamente processou milhares de possibilidades, nenhuma delas sendo boa, que conseguiu fazer uma piada de mal gosto em seu interno.

Inspirar e expirar pareceu difícil, contudo, o pavor o fazia percorrer esses movimentos mais de uma vez em poucos minutos. Repentinamente, o aroma que junto com ele, invadia o espaço que eles dividiam agora era agradável demais. Lhe trouxe uma paz incomum.

O desconhecido suspirou pesadamente, sem embargo. Parecia, próximo ao que Rodrigues também sentia, com um nó atado em sua garganta. Queria falar mais do que sua língua poderia projetar, pensava muito além do que conseguiria formar uma frase. Sua mente também parecia barulhenta, mas o silêncio ali pairava.

Distante da realidade, perdido em qualquer lugar que consciência poderia lhe levar, observou atentamente o rosto angelical, e monumental, que o outro possuía. Seus lábios carnudos atraíam quase toda a sua atenção, pareciam clamar seus olhares. Avistou então, suas bochechas levemente coradas, visíveis graças a incrível e majestosa luz do luar. Suas pupilas eram parecidas com a tão conhecida jabuticaba. Apesar de ser hipócrita para o ramo físico, já que um tom negro nunca foi visto acompanhado de tanto brilho.

Era tudo tão lindo que nem ao menos parecia ter sentido. O seu coração e sua mente traçaram um conflito eterno. Sua razão dizia para fugir imediatamente dali, mas sua emoção dizia: "Não! Não vá, não fuja outra vez, não fique parado novamente. Aja".

AFETROPIA - transferência de almas.Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz