Capítulo 11

1.4K 175 130
                                    

— Ah, garotinha insolente, eu acho bom você sair da minha frente, se não eu vou voltar pra prisão de novo! — A voz bêbada do meu pai me tirou do transe.

Arregalei os olhos e recuei um passo pra trás.

Eu havia irritado ele, isso não era uma coisa boa.

Dei um sorriso nervoso pro mais velho e saí correndo pra fora de casa, fugindo de sua ira.

Corri até a minha bicicleta e comecei a pedalar pro meu destino. Ainda era possível ouvir os gritos de Luke.

Andava no veículo enferrujado debaixo das estrelas brilhantes e do céu limpo de Outer Banks, nada era mais bonito que aquilo. Mas, no momento, nada daquilo me interessava.

Eu precisava falar com Wheezie Cameron.

Não demorou muito pra chegar na mansão da garota, visto que eu pedalava rapidamente, ansiosa pra tirar aquela história a limpo.

Coloquei a bicicleta no meio de um arbusto qualquer e corri até a janela do quarto de Wheezie.

Me agachei no chão, peguei umas pedrinhas e joguei elas no vidro da janela, esperando que aquilo chamasse sua atenção.

Depois de poucos minutos chamando ela através daquele ato, a garota apareceu.

Wheezie abriu a janela com uma careta confusa e me olhou, colocando um semblante espantado no seu rosto.

— Tina? Que merda é essa-

— A música. — Interompi ela — A música do Dean. O que você quis dizer com aquilo?

A Cameron ficou em silêncio, parecendo processar tudo que eu estava dizendo.

Ela respirou fundo e desviou o olhar.

— Nada, ué. — A garota disse, sem olhar em meus olhos — É do novo álbum dele. Eu ouvi e gostei, pensei que você pensaria o mesmo.

Por mais que eu não acreditasse totalmente em suas palavras, aquilo me deixou desanimada.

— Só isso? — Perguntei.

Falávamos num tom baixo, o suficiente para que ouvíssemos a outra e que, ao mesmo tempo, não acordasse o resto da casa.

— Sim, Maybank. — Ela voltou a me olhar. — Por que pensou que seria outra coisa? Somos amigas agora, não é?

Eu podia desmoronar ali mesmo, naquela grama fria de Outer Banks.

Amigas? O que deu nela?

Abri a boca em choque, não sabia o que dizer. Aquela frase havia me deixado desnorteada. Por um mísero segundo eu imaginei que ela quisesse reatar nossa relação de antes.

Ótimo, Tina, seja a trouxa de novo!

— O que você quer de mim, Wheezie? — Perguntei em um sussurro, mas ela escutou.

— Bom, se era só isso, acho que vou entrar- — A garota ignorou o meu questionamento, mas eu não podia deixar as coisas acabarem assim. Não havia terminado minha conversa com ela.

— "Não sei explicar a sensação de ter você aqui hoje." — Fechei os olhos e recitei a frase da música, me lembrando de cada detalhe: melodia, letra, o jeito que Dean cantou essas palavras. Aquilo parecia não querer sair da minha cabeça — Eu nunca disse nada parecido para Molly.

— Então acho que você devia rever o jeito que você trata sua melhor amiga — Ela deu uma risada sem graça.

— Molly é quase uma irmã pra mim. — Continuei — E eu nunca dediquei uma música do Dean Lewis pra ela porque as letras são sobre o ato de amar alguém profundamente, mesmo que haja obstáculos no caminho. Eu amo a Molly, mas não tanto quanto eu amei outra pessoa. E você sabe de quem eu estou falando.

𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗧𝗛𝗘 𝗢𝗡𝗘²' obxWo Geschichten leben. Entdecke jetzt