~Isabella
Lucas precisou ir ao mercado, e eu preferi ficar em casa. Ele odeia que eu fique sozinha, principalmente agora, faltando apenas 1 mês e meio pra Luna vir. Mas eu disse que ia ficar bem. Ele concordou, foi difícil, mas ele concordou.
Não é que eu queira me livrar do Lucas. Não. Eu só quero um tempo sozinha. Ainda é doido pensar que eu vou ser mãe. Ou melhor, já sou uma mãe, apenas na espera de sua filha. Eu preciso organizar os meus pensamentos. Eu fico meio ansiosa. Como será que ela vai ser? E quando ela chorar e não me deixar dormir, como eu vou reagir? E se eu não conseguir amamentar? Já vi relatos de mães que não conseguiram. Será que não é melhor eu ter consultas com um psicólogo antes de educar minha filha? Porque pais que não tem um estado mental bom, tendem a falhar muito com os seus filhos. Não acho que eu tenha um estado mental ruim. Mas é só para garantir.
Em outra área, já pensei em muitas fotos para fazer com a Luna. Já pensei em looks de mãe e filha combinando e estou tentando achar uma música incrível para cantar pra ela dormir. Não posso chegar cantando "nana nénem". Tem que ser uma música especial.
Peguei algumas uvas na geladeira e comecei a comer. Liguei a tv. Não tinha nada de bom passando, então coloquei no documentário da Taylor Swift que tem na Netflix. Assistir coisas super aleatórias por não ter nada pra fazer é ótimo.
Senti uma pequena pontada. Larguei o pote de uvas. Outra pontada, só que dessa vez mais forte. Comecei a entrar em desespero.
Na mesma hora, minha barriga começou a doer insuportavelmente. Ai sim entrei em completo desespero. Comecei a suar. Não pode ser agora, ainda estou no comecinho dos 8 meses!
As dores iam e voltavam.
Peguei meu celular do outro lado do sofá. Liguei para o Lucas.
Atende... atende!
- Oi amor. Tudo bem? - ele finalmente atendeu.
- Lucas, vem pra casa agora. - disse chorosa, por conta da dor.
- Bela, o que aconteceu? - senti tensão no seu tom de voz.
- Sei lá. Contrações, tá doendo muito!
- Puta merda. Espera, eu já tô chegando. Fica na linha comigo.
- Tá bom. - disse ofegante.
Ainda na ligação com Lucas, larguei o celular no sofá. Agarrei uma almofada, a apertei com as mãos para descontar a dor.
É uma dor terrível, com pequenas pausas. É como se meu abdômen estivesse sendo empurrado. Não sei se isso é normal, o que me põe em mais desespero.
Dei um grunido por conta da dor.
- Bela. Tá me ouvindo?
- Uhum. Estou. - Disse ofegante.
- Ok. Presta atenção. Respira fundo e não se desespera. Eu já tô a caminho.
- Como eu não vou me desesperar, Lucas? Parece que eu tô entrando em trabalho de parto mas minha bolsa nem estourou! - comecei a chorar um pouco.
- T-tá. Desculpa - Lucas parece mais nervoso ainda. - Eu estou chegando.
Respirei fundo. E então mais uma vez, e mais uma vez...
As dores pareciam diminuir com os minutos, mas ainda doíam muito.
Ficamos nisso por mais alguns 3 minutos.
- Eu cheguei aqui no prédio.Vou desligar pra subir, tá? - Lucas disse ainda muito tenso.
- Tá bom. - Senti um alívio. Lucas finalmente chegou!
Respirei fundo novamente. Apertei a almofada com os dedos mais uma vez.
Ouvi o barulho da porta. Lucas entrou rápido, tão rapido que mal o vi entrar, apenas aparecendo na minha frente.
Ele segurou forte em minhas mãos.
- Você consegue levantar?
- A-acho que sim. - disse e botei os pés no chão.
Levantei do sofá, apoiada em Lucas.
- Tudo bem. - ele disse me acalmando. - Agora a gente só precisa ir até o carro. Eu vou te levar no médico.
Concordei com a cabeça.
Lucas passou seu braço pela minha cintura, para tentar me sustentar.
(...)
As contrações finalmente pararam.
- Foram apenas contrações de treinamento. - a médica disse.
- E isso é normal? - Lucas perguntou. Ele está segurando minha mão.
- Sim. Como o nome já diz, é um preparo para o grande dia. Não as contrações de parto oficiais. - a médica explicou.
- Mas doeu tanto.
- Pois é. Imagine no parto. - ela deu uma pequena risada.
Olhei para o Lucas com um olhar de desespero. Ele riu de nervoso.
