Dias depois.
~Isabella
- Bela, me ajuda aqui, por favor. - Ana pediu.
Encontrei ela em seu quarto.
- O que aconteceu?
- Eu não acho... - ela vasculha uma gaveta do grande guarda roupa - eu não acho minha bolsa.
- Qual é a bolsa? - Perguntei.
- É aquela meio prateada e de ombro, sabe?
- Ah, sim. - Comecei a olhar pela cama onde tinham vários lençóis desarrumados.
Hoje é o dia do lançamento de mais uma coleção da Ana. Ela organizou tudo tão perfeitamente para que nada desse errado, mas agora, 3 horas antes da festa, está um caos.
- Achei! - ela gritou, o que me assustou. - Agora a gente pode ir.
- Ok, eu só preciso colocar meus sapatos e...
Cecília apareceu, me interrompendo.
- 'Vamo', gente! Eu estou ansiosa! - ela deu alguns pulinhos.
Cecília vai desfilar. Me surpreendi quando soube, mas fiquei feliz por ela, claro. A Ceci só sempre teve muito medo de público. Ela não gosta de ser o centro das atenções, com certeza não.
- Mas... a gente precisa tirar uma foto antes. - Cecília tirou o celular da bolsa.
- Tira rápido. Você sempre demora 5 anos pra tirar uma foto. - Disse chegando perto dela.
Ana deu uma risadinha.
Ela apontou o celular para nós e tirou uma foto pelo instagram.
- Nem vou marcar você. Não adianta. - ela disse enquanto caminhavamos para fora da casa.
- Claro que adianta, eu quero repostar. Não é porque meu instagram é privado que você tem que iguinorar minha existência lá.
Ela bufou.
- Agora só o da... - ela digitou o @ da Ana. - O da Mari. Pronto.
- Mari?
- Sim, a Mariana. - ela apontou com o queixo para a Ana, que trancava a porta da casa á alguns metros longe de nós.
- Não é só Ana?
- Não. Você é muito lerda, Isabella. É Mariana mas eu que chamo ela de Ana, entendeu? - Cecília me explica.
Não gosto deste nome.
- Hum... entendi.
(...)
Mal tive tempo de ver quem estava na festa do lançamento. Combinei com a Ana de vir apenas para ajudar na organização e na produção das modelos, inclusive, a Cecília. Não somos muito próximas, mas a Ceci comentou comigo que a Ana precisava de ajuda e eu me ofereci.
A única coisa que está me incomodando é que ela disse que ia receber os convidados. Até ai, ok. Mas fui perceber agora que ela não sai da mesma mesa há quase 1 hora enquanto eu estou atolada por aqui. Ela tem alguns outros funcionários, mas ainda assim é muita coisa.
- Quem está naquela mesa que a Ana não sai? - perguntei a Cecília.
- Sei lá. Nem prestei atenção.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, só até a música de fundo trocar e alguém da organização entrar nos apressando.
- 'Tá quase pronto. - Disse passando os dedos pelo cabelo da Ceci, separando os cachinhos.
- Isabella. - Cecília que me chamou.
- Calma, eu estou terminando.
- Bela - ela me chamou novamente.
- Agora sim, terminei. - Virei sua cadeira de frente para o espelho.
- Isa.
- O que foi, menina? - perguntei olhando para ela pelo espelho.
- Eu não quero mais desfilar.
Não disse nada, mas por apenas 10 segundos.
- Como é que é?
- Eu estou com medo. E se eu... cair na frente de todo mundo, ou se eu tiver uma crise de riso bem na hora?
- É claro que não. - Desta vez, me virei de frente para ela e olhei em seu rosto.
- Eu só não quero mais.
- Você tem 24 anos, você não é mais criança. Se responsabilizou, agora vai ter que cumprir.
- Ai, que ódio! - Ela gruniu. - Onde é que eu estava com a cabeça?
- Ceci, só vai. Você vai ver que esse nervosismo vai passar.
Ela levantou da cadeira.
- Não vai não. Eu me conheço, Isabella. - ela começou a andar de um lado para o outro, depois, calçou o salto que estava em seu lado. Acredito que ela queria ensaiar o desfile de salto - Eu posso ter crise de riso, ou de asma, ou de ansiedade, ou...
- Vai dar tudo certo, prima. - Tentei encoraja-la.
Ela começou a andar mais rápido ainda.
- Não sei, não sei, Isabella. Caracas, como eu odeio ser o centro das atenções. Eu vou ficar tão nervosa quanto agora e...
Fechei os olhos muito forte quando a vi cair. Seu pé direito fez uma manobra que eu com certeza não queria ter visto.
- Ai! eu te disse, Isabella! - ela pôs as mãos no pé enquanto praticamente chorava no chão.
- Cecília! Tá tudo bem? - me aproximei dela rapidamente.
- Sim, Bela. Está tudo ótimo. Eu vou ter que amputar o pé, mas está tudo uma maravilha!
- D-desculpa. Tudo bem, eu... eu vou chamar alguém.
- Ai, droga! Meu pé. - Ela estava oficialmente chorando.
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