Capítulo 15

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"Você não conhece a impureza
Seus olhos são como diamantes
Mais bonitos do que qualquer outra joia
Estou constantemente fascinado
Não consigo tirar meus olhos de você, não mais"
Stay Gold, 2020

A sensação de ser estrangulada é terrível, a pior possível mas, ela é inferior à sensação de ser desacreditada. Quando acordei naquele quarto de hospital com o doutor Sharma me olhando, fiquei envergonhada e aliviada, Aniket estava completamente fora de si e não sei o que teria sido de mim se ele não tivesse sido interrompido, seu ataque me pegou totalmente desprevenida sabia que ele me odiava mas não sabia que era tanto assim, agora estávamos na frente da nossa mãe e novamente eu era criança mimada e birrenta de dez anos atrás, achei melhor não mostrar todas as marcas que ele fez no meu pescoço, mamadi já tinha muitos problemas com tudo que estava acontecendo,com ajuda de Maya consegui disfarçar os machucados

- Vocês são irmãos... - mamãe fala decepcionada - saíram os dois de mim...

-Sinto muito mamãe - Aniket fala com falso arrependimento - peço desculpas irmã, fiquei um pouco fora de mim... - eu reviro os olhos

-Custa você aceitar as desculpas do seu irmão? - mamãe fala brava - Você ainda é a criança mimada de sempre...

-Desculpa mamãe, não vai se repetir - falo baixando a cabeça - aceito suas desculpas, irmão, sei dos seus sentimentos por mim

-Claro que sabe - ele sorrir, um sorriso pavoroso cheio de promessas cruéis - tenho que ir agora - ele se curva para minha mãe e sai sem olhar para trás

-Agora que estamos só nós duas - mamãe se vira para mim, seu rosto sério - aconteceu algo a mais naquele hospital que eu deveria saber?

-Não que eu saiba... - minto

-Nada envolvendo um certo doutor? - ela especula e já sei que ela sabe de algo ou acha que sabe - sou sua mãe, menina...

-Ok, vou lhe contar - os olhos de Maya parecem que vão saltar do rosto - sente-se aqui...

-Eu sabia... - ela parece animada

-Tive uma queda de pressão devido a viagem ao estresse e a má alimentação - seu sorriso se desfez, senti vontade de sorrir - doutor Sharma me socorreu, segura aí o enxoval, até porque o moço é comprometido - digo segurando o riso e indo para o meu quarto, Maya ainda segurava o riso. Acho que isso seria o suficiente por enquanto.

Os dias seguintes mamãe fez uma rotina de visitas, eu fiquei com o primeiro horário, Aniket e Odara com o segundo e ela com o último, mas ela circulava entre todos, aqueles dias foram curativos para a relação com meu pai, parecia que tudo estava voltando aos eixos, fazíamos algumas refeições juntos, lhe contei dos meus trabalhos, da gêmeas, de como estava indo bem na faculdade e como estava atolada de coisas nesse último período. Li para ele "A arte da guerra" seu livro favorito e "Biblioteca da meia-noite" minha leitura atual, o desenhei em caricatura o que lhe arrancou um gargalhada genuína e uma bronca para mim já que não ele poderia estar fazendo movimentos bruscos, assistimos "The Big Bang Theory" e ele cismou que um dos personagens era muito parecido com o doutor Sharma que por falar nele, desde do acontecido no primeiro dia, nossa interação se limitou a cumprimentos e as vezes ele ficava um pouco me ouvindo ler, nada além disso, então qual não foi a minha surpresa ao saber da história dele e que ele não só conhecia meu pai como o dele fora amigo do meu. Papai conta resumidamente a história e o convida para um jantar em celebração a sua recuperação na nossa casa, ele aceita de pronto e a casamenteira que habita na minha mãe ataca novamente

Decalcomania Where stories live. Discover now