Choros e incertezas

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Boa leitura ♥ 

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Enfim o sábado chegou e, com ele, o passeio que marquei com Jimin. No dia seguinte após convidá-lo, o Park parecia mais confortável ao meu lado, nossas conversas mais naturais. Conviver com o moreno e seu pet todos os dias se tornou parte de minha rotina e já não me imagino mais sem os dois no meu dia a dia.

Wook tem evoluído mais a cada sessão e acredito que estará recuperado bem antes do final de seu tratamento. Fico feliz em saber que meu trabalho está sendo bem feito e meu paciente indo bem, mas temo perder o contato com Jimin após o final de tudo.

Combinei com o Park de nos encontrarmos às 19h em frente ao shopping, porém são quase 19h30 e ainda estou a caminho. Se não houvéssemos trocado mensagens, aposto que Jimin já teria ido embora, pois ele detesta atrasos.

Quando o táxi parou em frente ao shopping, pude avistar o moreno na entrada, com as mãos nos bolsos, numa pose extremamente séria. Eu posso imaginar o quanto ele está irritado por minha demora e espero que ele não esteja só me esperando chegar para ir embora.

─ Jimin, oi! Mil perdões pela demora ─ me aproximo dele após descer rapidamente do táxi, já me desculpando, tentando amenizar a situação. ─ Me enrolei todo para sair de casa, minha chave deu sumiço, quase perdi o sapato na hora que entrei no elevador, foi um caos.

Ao contrário do que imaginava, o moreno lançou um sorriso enorme quando me aproximei. Aquela cara fechada que ele portava desapareceu completamente quando seus olhos pousaram em mim, o ar sério deu lugar a um semblante feliz que me deixou completamente rendido.

─ Oi, Jungkook! Relaxa, está tudo bem. Eu estou feliz que você realmente veio... ─ Disse, meio tímido.

─ Mas é claro que eu viria! Fui eu que te chamei... ─ Falei, não entendendo seu receio.

─ Você demorou tanto, achei que tivesse desistido e não sabia como dizer. ─ Sua voz saiu baixa, demonstrando como aquilo realmente o preocupou.
Foi impossível não sorrir. Cada vez mais apaixonado, meu coração martela o peito com força a cada demonstração de interesse do moreno. A sensação de saber que ele, de certa forma, estava ansioso com nosso "encontro" me deixou extremamente feliz.

─ É... isso é um defeito meu sabe, o atraso! Fora do meu trabalho, sou completamente desorganizado ─ confesso enquanto coço minha nuca, nada orgulhoso dessa minha falha. ─ Mesmo assim, eu jamais desistiria de hoje. Você não sabe o quanto esperei por esse dia.

Ele ergueu seus olhos para mim e eu senti meu peito queimar. Sempre que nossos olhares se encontram um calafrio percorre meu corpo e ele se aquece, o rubor em minhas bochechas se torna forte, acho que fica cada vez mais evidente o quanto estou apaixonado.

─ Então, vamos entrar? ─ Eu confirmo com a cabeça e nos colocamos a andar lado a lado. ─ Você já sabe qual sessão quer pegar?

─ Pensei em decidirmos juntos.

─ Eu sou apenas sua companhia, Kook, você conduz a nossa noite. ─ Ele diz, mantendo aquele sorriso que me tira o ar.

─ Vamos comprar os ingressos, então? Depois podemos ir comer antes da sessão começar, o que acha?

─ Perfeito! ─ Ele diz, fazendo um sinal de "ok" com as mãos.

Seguimos em direção à bilheteria do cinema numa conversa animada sobre Wook e sua evolução. Jimin falava sobre o quanto está feliz com o avanço do pequeno basenji, algo que compartilhamos. Ver que meu trabalho tem surtido efeito positivo sobre o cãozinho me traz orgulho, eu realmente amo o que faço.
Chegamos ao local de compra dos ingressos, pegamos o da sessão das 21h e fomos para a praça de alimentação. Acabamos por escolher um restaurante fast food, uma comida totalmente fora da rotina do Park, porém, como ele decidiu apenas me acompanhar, essa foi sua única opção. Enquanto aguardávamos nossos pedidos, iniciamos uma conversa mais uma vez.

─ Kook, fiquei curioso quanto a uma coisa. ─ Disse Jimin e eu soltei um "hum" como incentivo para que ele continuasse. ─ Quando você chegou disse algo sobre "ser desorganizado fora do trabalho", o que isso significa?

─ Ah, isso... – Eu realmente me sinto envergonhado em falar sobre esse assunto, mas infelizmente é como eu sou e não vejo o porquê esconder esse fato, então faço um breve resumo. ─ Eu sou o rei dos atrasos! Simplesmente não consigo cumprir horários! O único lugar ao qual nunca me atrasei, e nunca irei, é no meu trabalho.

─ E por que isso acontece? ─ Pergunta curioso, dividindo sua atenção entre mim e o painel de chamada do restaurante.

─ Eu não sei. – Respondo simples, dando de ombros. ─ Sou assim desde sempre! Para a faculdade e para a clínica nunca me atrasei, já em qualquer outra atividade é quase impossível que eu chegue no horário!

─ Mas, me diz... oh, nossos lanches estão prontos. Eu já volto. ─ O moreno diz quando nosso número é chamado, se levantando em seguida.
─ Não quer ajuda? ─ Questiono e ouço um "não, obrigado" em resposta, vendo o mais velho se afastar.

Enquanto o aguardo, penso em quão agradável nossa noite está. Me sinto cada vez mais próximo de Jimin e isso me dá esperança de, talvez algum dia, ter meu sentimento correspondido.

Ele não demora a voltar com nossos lanches. Logo começamos a comer e Jimin continua o assunto em que estávamos.

─ Como eu estava dizendo ─ ele começa, enquanto aprecio o sabor do meu lanche depois de uma enorme mordida. ─ Esse seu jeito nunca te colocou em maus lençóis não? Eu imagino que em algum momento você deve ter passado por apuros.

─ Ah, não só uma vez. ─ Foi a vez de Jimin degustar seu hambúrguer enquanto me ouvia atentamente. ─ Teve uma que foi a pior de todas e acho que nunca vai ser superada.

Dou mais uma mordida em meu lanche, saboreando a carne, tendo os olhos curiosos de Park sobre mim, apenas esperando que eu conte minha aventura. Ele mastiga sua refeição lentamente, aguardando em silêncio que eu continue.

─ Teve uma vez ─ começo ─ era aniversário de casamento dos meus pais, fariam vinte anos de casados. Eles planejaram uma festa linda, no salão dos sonhos da minha mãe com tudo que ela queria. Naquela época eu já sabia tocar violão e minha mãe insistiu que eu fosse o músico oficial da noite, ela achava o máximo exibir o filho para as outras pessoas. ─ Ao me lembrar daquele dia era inevitável não suspirar e sorrir como um bobo. ─ Eles conseguiram alugar o espaço por três horas apenas, porque era muito caro ficar por mais tempo e meus pais preferiram ter uma festa curta, mas com uma boa decoração e boa comida.

Fiz uma pausa para saborear minha bebida e Jimin preencheu o silêncio que deixei.

─ Vai me dizer que você se atrasou? ─ Me perguntou fazendo uma cara típica de alguém perplexo com a possibilidade, logo voltando a aproveitar sua refeição.
─ Sim e não foi pouco tempo. ─ Um leve rubor cobre minhas bochechas e sinto o arrependimento daquele dia bem fresco em minha memória. ─ Eu fiquei encarregado de tocar a música de entrada dos meus pais, então teria que estar lá no começo da cerimônia, meu tio ficou comigo para me levar e nos atrasamos quase uma hora! ─ O Park ria, talvez imaginando a grande confusão que foi e eu o acompanhava, lembrando do tumulto que causei. ─ A hora que eu cheguei minha mãe estava chorando de raiva, xingando até as pedrinhas do chão, gritando aos quatro ventos que ia me matar quando eu chegasse. ─ Eu já gargalhava, juntamente com o outro médico, que emitia o som mais lindo do mundo: a risada de Park Jimin. ─ Eu sei que, no fim das contas, tivemos apenas duas horas de salão para aproveitar e eu tive dois meses de castigo pelo atraso.

─ Como você conseguiu se atrasar tanto Jungkook? ─ O moreno me pergunta, em meio ao riso e a feição perplexa. ─ O que aconteceu?

─ Eu perdi o violão. ─ Respondo simples.

─ Como se perde um violão? É um objeto enorme. ─ Ele estava completamente desacreditado de minha proeza.

─ Eu também não sei! Meu tio achou ele no maleiro do quarto dos meus pais, junto com os edredons. Quem o colocou lá é um mistério que, até hoje, não desvendamos.

─ É realmente impressionante sua inclinação a atrasos. Me pergunto como você nunca se atrasou para as sessões do Wook... ─ Ele diz com a boca um pouco cheia ainda, saboreando o ultimo pedaço de seu lanche.

─ Nunca me atrasei para meu trabalho e cuidar do seu pequeno basenji faz parte disso. Tudo que envolve minha profissão parece não ser afetado pelo meu karma ─ digo, também finalizando meu hambúrguer.

Terminamos a refeição e, depois de mais algumas risadas e muitos "eu não acredito Kook, como pode?", fomos em direção ao cinema mais uma vez. Seguimos para a lanchonete a fim de comprarmos pipocas e refrigerantes. Apesar de termos comido dois lanches de tamanho considerável, tanto eu quanto Jimin tinhamos o hábito de comer enquanto assistimos, então já levamos mantimentos para nos suprir durante o filme.

Quando a exibição começa, eu mal consigo prestar a atenção nas cenas. O Park, que descobri não conhecer nada relacionado ao universo do filme que estamos assistindo, me pede a todo instante informações sobre o longa. Nomes dos personagens, qual o poder de cada um, quem é vilão, quem é mocinho, por que o homem aranha foi para o espaço, tudo o que pode ele está perguntando. Parece uma criança vendo um desenho novo com os pais, mas não me nego a responder nenhuma de suas questões.

Em meio às cenas do filme, percebo Jimin me olhando em alguns momentos, o que me deixa desconcertado. Ele parece não saber o quanto me afeta! Vê-lo olhar espantado para a luta dos personagens, sorrindo de uma piada feita pelo Senhor das Estrelas ou até mesmo irritado por Thanos ter jogado uma Lua nos Vingadores são gatilhos para o turbilhão dentro de mim acontecer. É um fato que estou perdidamente apaixonado por esse homem e cada gesto dele que eu observo, só faz crescer esse sentimento.

Após uma cena que nos tirou muitas risadas, minha garganta pede por hidratação e busco meu refrigerante a fim saciar a sede. Jimin teve a mesma idéia, porém com a distração do filme, não percebo que minha lata está no outro braço da poltrona e me direciono para a do Park. Indo na mesma direção, e por desatenção minha, nossas mãos se tocam ao alcançarmos o alumínio frio.

No mesmo instante nossos olhares se cruzam e sinto meu interior ferver. Aqueles olhos castanhos se prendem nos meus, parecendo procurar por algo, talvez uma resposta a qual eu nem mesmo sei a questão. Permaneço hipnotizado pelo olhar do mais velho e sinto seus orbes me atraírem para si, como dois imãs feitos com o magnetismo exato para me prender.

Meu coração martela tão forte dentro do peito que eu tenho certeza de que, se não fosse o som alto do cinema, o outro poderia facilmente ouvi-lo bater.
Eu senti que nos aproximávamos lentamente, quando uma explosão muito alta aconteceu no filme, nos fazendo quebrar o contato visual pelo susto. Ouvi Jimin soltar um pigarro da garganta, enquanto se ajeitava na poltrona, voltando sua atenção para o filme.

O restante da exibição foi assistida em silêncio, era possível sentir a tensão que se estabeleceu entre nós, entretanto não era uma sensação ruim, era como uma expectativa do que poderia acontecer dali para frente.

Quando o filme chegou ao fim, eu tentava conter minhas lágrimas que saiam aos montes pela morte do meu personagem favorito. Jimin, ao mesmo tempo em que tentava me acalmar, ria do meu "exagero", dizendo que eles poderiam ressuscitá-lo no próximo filme.

Park se ofereceu para me deixar em casa, já que veio dirigindo e, no caminho, não pude escapar de suas piadas sobre meu sofrimento causado por um personagem.

─ Ai, Kook, de verdade ─ ele simplesmente não conseguia conter seu riso. ─ Como você pode chorar tanto por alguém que nem existe?

─ Ah, Jimin, você não entende ─ eu disse, já fungando mais uma vez pela lembrança da cena triste. – Eu acompanhei toda trajetória do herói, me dói saber que ele teve que se sacrificar... ─ E mais uma vez eu chorava rios.

O percurso até minha casa não foi longo, porém fôra repleto de muito riso da parte do Park e muitas lágrimas da minha parte, essas que iam embora, mas sempre teimavam em voltar.

Ao chegarmos, desci do carro e Jimin me acompanhou a fim de se despedir, dando a volta no veiculo e ficando próximo a mim. A rua estava silenciosa devido ao horário e nossas respirações podiam até mesmo ser ouvidas com tanta quietude.

─ Obrigado por hoje, Jimin! Eu adorei sua companhia e me desculpa se eu fui inconveniente em algum momento. ─ Agradeço, meio sem graça pelo choro que já ameaçava brotar outra vez.

─ Eu que agradeço pela noite tão divertida ─ ele diz, se aproximando um pouco mais de mim. ─ Foi muito bom estar com você, mesmo com todo aquele chororô.

O moreno ri um pouco alto mais uma vez, não se contendo e fazendo minhas lágrimas novamente serem libertas.

─ Ah, Minie, não ri de mim ─ falo manhoso.

─ Vem cá, Jungkook, já chega de chorar ─ ao dizer isso, ele se aproxima mais o seu corpo do meu.

Jimin seca minhas lágrimas com uma mão, enquanto a outra segura em minha nuca, me mantendo perto. O toque do outro faz com que eu me sinta mais a vontade para externar o que estou sentindo e meu choro se intensifica.

Ao mesmo tempo em que me sinto feliz, estar com Jimin tão próximo me faz duvidar que algum dia eu o tenha ao meu lado. Os pensamentos misturados em minha cabeça me levam a soluçar pelo aumento das lágrimas e a onda intensa que me transborda.

O calor das mãos do Park sobre mim se vai, dando lugar a um frio que me faz chorar mais, porém me esqueço completamente de meu estado quando sinto seus braços rodeando firme em minha cintura, num abraço apertado, acalentador. Ele apóia sua cabeça em meu ombro e diz baixo.

─ Não chora, Kook, eu estou aqui com você... ─ Ele apertava meu corpo com força, me mantendo o mais próximo possível de si. ─ Esse seu choro não parece ser só pelo filme, mas eu quero que saiba que, sempre que precisar, eu estarei aqui por você.

Eu não conseguia responder. Realmente estava mal por conta do filme, mas minhas inseguranças me fizeram pensar que talvez eu esteja numa paixão platônica e isso me deixou sensibilizado.

─ Obrigado, Jimin! ─ Digo, enquanto passo meus braços por seu pescoço, retribuindo o abraço carinhoso que recebo, finalmente me acalmando. ─ Me desculpa por isso!

─ Já disse que não precisa se desculpar, Jungkook. ─ Ele acaricia minhas costas. ─ Eu só quero que se acalme e fique bem.

Ficamos algum tempo naquele abraço, comigo aproveitando o calor do corpo daquele homem que faz meu coração pulsar com velocidade.

─ Jun, acho que está na hora de você entrar ─ disse se afastando lentamente, mantendo suas mãos em minha cintura. ─ Descansa bastante. Amanhã nos veremos outra vez...

Eu apenas acenei com a cabeça e disse um "Obrigado" mais uma vez, me sentia envergonhado pelo show que acabei proporcionando. Dei um passo para longe do moreno na intenção de entrar, porém ele manteve suas mãos em mim, não permitindo que eu me afastasse. Mirei seus orbes em busca de uma reposta para aquilo, mas antes que eu pudesse dizer algo ele me trouxe para perto de si mais uma vez, levou seus lábios a minha testa, deixou um selar ali e sussurrou próximo à minha pele.

─ Boa noite, Jungkook, estou ansioso para te ver amanhã.

Naquele momento eu senti que poderia voar. Sentir seu toque quente o úmido sobre minha pele fez com que meu coração saltasse, tal como se quisesse pular para fora do peito. Sua voz entrou por meus ouvidos, fazendo minha derme se arrepiar.

Jimin sorria largo quando se afastou. Era indecifrável o que se passava na cabeça do mais velho, entretanto cada atitude dele despertava em mim um sentimento cada vez mais forte. Nos conhecíamos a apenas algumas semanas, mas a cada dia meu coração se entregava mais a ele.
Após nos despedirmos, ele caminhou para seu lado do carro, entrou e deu a partida, dando dois toques rápidos na buzina e saindo em seguida. Minha mente estava a mil pensamentos por hora, mais um passo foi dado por mim e Jimin na direção um do outro.

Eu posso até estar me precipitando, mas sinto que terei o amor desse homem.

▼▲▼▲▼▲▼▲Me digam, quem ai também chorou com morte do Homem de Ferro? Certeza que não foi só nosso menino Jeon

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Me digam, quem ai também chorou com morte do Homem de Ferro? Certeza que não foi só nosso menino Jeon... kkkkkk
Deixem suas estrelinhas, um comentário, eu ficarei muito feliz de saber a opinião de vcs... Nos vemos no próximo capítulo!
Beijinhos de açúcar ♥

Prescrição médica: amor ▼Jikook▼Donde viven las historias. Descúbrelo ahora