Vou dormir fora

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No quarto de hospital, Leo percebe a movimentação na porta e vira a cabeça para conferir o que está acontecendo. Ele gela por dentro e tenta não dar pistas de que foi pego em flagrante.

Cacau também fica com vergonha quando pensa que todas aquelas pessoas podem ter escutado a conversa, mas se controla mantendo uma postura educada e receptiva.

— Olá. — Diz Angela.

— Estou vendo que está pronto pra ir pra casa. — Paulo fala quebrando o clima estranho que ficou.

— Estou bem. Saio amanhã pela manhã. — Leo fala e vira para Cacau. — Esse é meu amigo Paulo. Aquela é Anna e essa é Angela. Né? Essa é a Cacau.

— Um prazer, Cacau. — Paulo falou.

— Olá. — Disse Cacau acenando para Anna e Angela.

— Oi. Como vai? — Angela falou estendendo a mão para um cumprimento e Anna fez o mesmo.

— Tudo bem. Eu não te conheço de algum lugar? — Cacau estava pensativa quando perguntou pra Angela.

— Não estou lembrando de você. — Angela falou.

Leo e Paulo se olharam como se conversassem mentalmente. Os dois pensavam a mesma coisa: Deu merdda!

— Lembrei. Eu trabalho com marketing digital. Você é a executiva que está anexando todas as empresas de RH pelo Brasil. Eu tive que trocar a identidade visual digital de um dos meus clientes pra combinar com a da MRH. Eles foram comprados. — Cacau falou.

— É. Sou eu. Não sabia que já estava famosa. — Angela respondeu.

— Está. Sua imagem está em todas as revistas virtuais de negócios. Está faltando imagem sua para produzirmos material virtual. — Cacau falou tecnicamente.

— Nossa! Estou mais famosa do que pensava! — Angela brincou. — Tenho que fazer uma sessão de fotos. Vou dar uma de modelo e vou fazer várias fotos pousadas pra colocar nas redes sociais. Assim você pode pegar lá.

— E você também estava nas fotos com Angela. Agora que vi. — Cacau falou pra Paulo. — Tentei de todas as formas editar as imagens que vocês estavam juntos pra pegar a imagem de Angela. Mas não consegui porque vocês estavam sempre se tocando e eu acabava tendo que cortar um pedaço da imagem. — Cacau se tocou que tinha falado demais e Leo riu.— Desculpa!

— Não tem problemas. Somos amigos. E ele é quem me contrata. Só sou famosa por causa do Paulo. — Angela olhou pra Paulo e piscou. Paulo retribuiu o sorriso.

— Você conhece o Leonardo há muito tempo? — Anna perguntou interrompendo a tietagem.

Leonardo, percebendo onde a conversa chegaria, se meteu na conversa.

— Cacau foi uma das primeiras pessoas que conheci aqui no Rio, fora do trabalho. — Ele falou e esperou que fosse suficiente para acalmar a curiosidade de Anna.

Anna percebeu que eles já tinham estado juntos e ficou em silêncio.

— Eu já estava indo embora. Foi uma coincidência te ver aqui. Espero que se recupere logo. — Cacau falou se despedindo e apertando a mão de Leo.

— Liga pra mim. Acho que posso te ajudar com seu problema. — Leo falou.

Ele estava pensando em apresentar algumas pessoas da comunidade para ver se ela se adaptava. Quando Cacau ouviu aquilo, arregalou os olhos e ficou vermelha igual a um tomate. Leo riu alto antes de falar.

— Não é nada disso que você está pensando! Depois nos falamos. — Leo se despediu de Cacau.

— Foi um prazer conhecer todos vocês! — Cacau se despediu e saiu.

Os três observavam a interação chocados. Era difícil ver Leo assim, tão solto. Anna estava acostumada, mas os outros não. O que fez a situação ficar pior ainda. Anna olhou pra Angela e Paulo e eles não conseguiam disfarçar a cara de bunnda. Imediatemente, Anna murchou. Leo percebeu.

— Posso falar com a Anna rapidinho? — Leo olhou pra Paulo e Angela.

Os dois saíram e Angela comentou sobre a situação estar muito esquisita. Paulo concordou. Leo chamou Anna para perto e pegou sua mão.

— Eu vou ter alta amanhã. Sei que estamos morando juntos e que você está grávida. A situação é difícil e complicada pra todo mundo. Eu não vou me sentir bem voltando pra casa e morando com uma pessoa que eu não lembro. Não quero que você pense que as coisas estão saindo do controle. Eu te peço mais um tempo para recuperar a memória e depois vamos trabalhar em resolver nossa situação. — Leo explicou e Anna entendeu.

— Você quer que eu saia? — Anna falou com lágrima nos olhos.

— De jeito nenhum. Posso não lembrar claramente de você, mas não sou insensível. Você fica no apartamento. Eu vou ficar um tempo no alojamento do quartel. O médico disse que a qualquer hora a memória deve voltar. — Leo falou sinceramente. — Eu vou me esforçar para que nossa relação seja a melhor possível. Não quero você ansiosa. Não vai fazer bem pra você nem para o bebê. Como você está se sentindo?

— Em relação à gravidez estou bem. Não tenho sintomas muito fortes. — Anna suspirou tentando aliviar a pressão no peito. — Estou muito confusa. Sei que você não lembra do que aconteceu e eu não quero colocar pressão, mas precisávamos conversar sobre muitas coisas. Por exemplo, eu estava de mudança. Ficar grávida deixou esse plano de lado. Mas tenho que pensar em um jeito de resolver isso.

— Não faça nada sem conversar comigo antes. A não ser que o bebê não seja meu filho. — Leo falou.

— É seu. Quando você recuperar suas memórias, você vai entender.

— Tudo bem. Amanhã passo no apartamento para pegar algumas coisas pra levar para o quartel.

— Está bem!

Leo ficou pensado até quando esse pesadelo duraria. Era horrível não poder abraçar Anna e falar a verdade pra ela. Além de sempre estar alerta por causa desse psicopata.

Anna saiu da visita cansada mentalmente. Mas pronta para encarar o desafio de ter um Leo esquecido, como pai do seu filho.

Donna O poder da atraçãoWhere stories live. Discover now