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Nadia quase não saía do hotel que estava hospedada e naquele dia, recebeu algumas mensagens de Denis, ele pedia para vê-la e por gostar bastante de como aquele garoto a fazia sentir leve e bem, decidiu que iria ao encontro dele, tinham marcado em uma boate de Techno que ficava na cobertura de um edifício em uma rua famosa em Moscou.

Ir a festas a assustava um pouco, a mulher não sabia o que era diversão desde que se juntou com Artem e voltou todos os planos de sua vida para a dele, o falecido consumia seu tempo, sua mente e aos poucos engoliu sua existência de uma forma tão intensa que ela já não se reconhecia e foi por isso que se entregou a Denis em todas as oportunidades que teve. O garoto sarcástico e cheio de mágoas profundas, tinha um coração bom e sua companhia era agradável, ele não tirava o ar da sala e ela enfim podia respirar, e Nadia havia esquecido como fazer isso. No começo se surpreendeu, todos os filhos de seu marido eram frios e apáticos, julgavam os outros como inferiores e falar com eles era como pisar em ovos, extremamente parecidos com o pai... ao menos era o que ela acreditava antes de notar que o homem mais jovem daquela casa caótica era também o mais gentil, bastava estar disposto a conhecê-lo de verdade.

E ela podia dizer que de certa forma o conhecia e o amava de um jeito estranho, a relação que tinham era disfuncional, obviamente o que os motivava no inicio era a hipótese de estar ferindo Artem, que os machucava, mas agora que o objeto de seu ódio já não existia, ela estava feliz em reencontrar o garoto de cabelos pretos e sorriso marcante.

Por isso, para não correr o risco de se atrasar para o reencontro, ela se arrumou o mais rápido que conseguiu, vestiu-se de uma forma que não estava muito acostumada e não se parecia com quem realmente era, Nadia não era do tipo que se admirava, mas daquela vez, precisou olhar o próprio reflexo no espelho do elevador a caminho da cobertura onde a festa aconteceria, o vestido em um tom escuro de vermelho, os saltos pretos e o sobretudo lhe deram a sensualidade que o momento pedia  e por mais que negasse, gostou de se ver assim, parecia jovem de novo, uma mulher completa, não uma esposa.

MENSAGEM :

"Onde você está?" 

Nadia digitou ao sair do elevador. Nunca havia pisado naquele lugar e não esperava que Denis fosse até ali,uma boate de música eletrônica ao ar livre não seria a primeira ideia para um encontro, mas a localização, o preço da entrada e as pessoas que tinham o nome na lista, que ela viu vagamente nas mãos do segurança que liberou o elevador, justificavam o interesse do rapaz. O terraço era tão bonito e estava tão lotado que ela optou por andar pelas beiradas, não havia um espaço para se manter só, a pista de dança estava movimentada, luzes coloridas faziam tudo brilhar e a área melhor iluminada ficava no bar nas laterais que era cercado por uma pérgola com pequenas lâmpadas amareladas. 

MENSAGEM: 

"Está no terraço?"

 Nadia esperou por uma resposta pacientemente, foi ao bar pegar um Martini e ao terminar a bebida sem receber um misero sinal, procurou pelo contato de Denis em seu celular. Geralmente era ela que o fazia esperar, nunca o contrário, e ser posta naquela situação um dia antes da audiência sobre a morte de seu odioso marido lhe trouxe ainda mais raiva daquela família, Denis não tinha o direito de fazê-la de palhaça, se fosse Andrey ou Artur ela não se sentiria tão usada. 

—Alô?—O garoto gritou, havia um ruído alto no lugar onde ele estava

—Cadê você?

—Eu não estou te ouvindo...

—Denis?....Merda...—Disse ao ler "Chamada encerrada" na tela do aparelho

—Aqui está...—Falou o garçom ao servir a ela um outro Martini

As Justiceiras - Série Crianças de MoscouWhere stories live. Discover now