Capítulo 5 - Olá, Louise

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Louise


Acordo com meu celular vibrando.

Hoje o sonho foi mais uma memória misturada com pesadelo. Havia fleches de memórias entre nosso pai, Mia e uma mulher que provavelmente era minha mãe. Os Sewns também estavam, mas não atacando diretamente, apenas sondados. Nada que fizesse sentido.

O lugar oscilava entre o real e as ruínas do primeiro pesadelo desse mês.

Dessa vez, o homem-que-controla-as-criaturas não estava lá. E estou tentando convencer a mim mesma de que não senti sua falta ou da sua voz aterrorizante.

Minha sessão com o Dr. Relish só é daqui a dois dias, então não posso teorizar muito. Preciso relaxar e não surtar com esses sonhos, porque não são reais, são somente o meu subconsciente querendo se comunicar comigo. Dr. Relish diria isso.

Me ergo da cama e esfrego o rosto ao notar a cama de Mia já arrumada. Hoje ela acordou cedo assim?

Olho no relógio. Não são nem sete horas. Dou um passo à frente, mas travo quando noto um papel em cima do seu colchão.

"Fui dormir na casa de um amigo, se é que me entende. Volto o mais cedo possível. Se nosso pai chegar antes de mim, invente qualquer desculpa, não fale onde estou. Se você contar, Lou, não ligo se é minha irmã, eu mato você. E então você vai assombrar o inferno de verdade

Te amo, minha irmã linda, dona do mundo e deusa destruidora da moda.

Mia Quinn."

Solto o papel na sua cama, sorrindo.

Idiota.

Tomo um banho, visto minhas roupas e desço para tomar café. Por sorte, nosso pai ainda não chegou, então não espero um segundo antes de disparar meu caminho até o colégio.

– Parece que você foi atropelada por trinta carros, um avião e vinte bicicletas – Dylan brinca, inclinando os braços do armário do colégio.

Jogo minha bolsa no chão e me sento na superfície, encarando a parede.

– Adiciona mais sessenta aviões, cinquenta trens e trezentas bicicletas.

Ouço-o gargalhar enquanto também se joga ao meu lado, no chão.

– Noite difícil? Ou diria... festa difícil?

Sem que eu perceba, desvio meu olhar até o seu.

– A festa... Eu não te chamei porque nem para ela eu fui.

Depois que Mia me contou a... notícia sobre a morte do Ben, ela voltou para o andar de baixo, e eu fiquei sozinha. Sozinha com meus pensamentos e culpa. O garoto morreu. O garoto morreu um dia depois que aquela voz sussurrou na minha mente para matá-lo.

Desde ontem vejo dizendo a mim mesma que foi só coincidência e que o garoto morreu de qualquer merda, talvez briga de gangues. De qualquer forma, não foi culpa minha. Por mais que o homem-que-controla-as-criaturas tenha dito aquilo, não fui eu.

– Não foi em uma festa na sua casa?

Fico alguns segundos tentando processar o que ele disse e quando o faço, reprimo uma gargalhada.

Realmente.

– Quis dizer que fiquei no meu quarto, não vi nin... – paro de falar, lembrando do garoto que me beijou e quase morreu segundos depois. Também venho me convencendo que aquilo não teve nada a ver com a sombra que me espreitava no fim da rua.

Burning In Hell: A Garota e o Diabo (Livro I)Where stories live. Discover now