WILDEST DREAMS

gotta find you

Toto precisou de mais alguns minutos para se recuperar do leve e estranho choque que havia sentido ao entrar na sala de Chiara Ratcliffe, mas prontamente se sentou na poltrona disponível em frente à mesa dela com os olhos atentos ao rosto da morena e a sensação esquisita martelando em seu peito.

Ele observou a sua pele branca, devidamente coberta por uma camada de maquiagem que não era nem um pouco exagerada, os lábios avermelhados assim como as maçãs do rosto. Havia uma parte de seus cabelos que estavam presos, mas algumas mechas estavam soltas nas laterais e, todas as vezes que ela abaixava o olhar, as duas recaíam também.

Chiara sentia a pele praticamente queimar desde o momento em que o homem adentrou a sala e, agora que ele estava sentado à sua frente, era como se todos os seus movimentos estivessem sendo minimamente acompanhados por ele.

Isso fez com que ela erguesse o olhar, encontrando as irises castanhas do austríaco voltadas em sua direção e ele nem mesmo desviou o olhar para evitar que ela o flagrasse. Foi impossível não sentir um arrepio percorrer a sua espinha e, por mais que ela negasse, a sua mente a levou para aquela noite há dez anos.

A morena se lembrava perfeitamente de como havia gostado de ter aquele olhar intenso sobre ela quando ele estava no palco antes de pular nas pessoas ou quando estava dançando. Aqueles olhos tons de chocolate haviam sido a sua perdição uma vez...

"Mas não serão novamente", murmurou para si mesma em sua mente e pigarreou, tentando cortar aquele clima esquisito que parecia ter pairado no ar da sala.

— Algum problema, senhor Wolff? — questionou, vendo o homem parecer sair do transe, balançando a cabeça de um lado para o outro e rindo fracamante.

— Problema nenhum, senhorita Ratcliffe. — respondeu. — Ou eu deveria chamá-la de senhora Cléments? Eu sei que o seu pai não é fã do francês, mas eu adoraria tratá-la da maneira correta.

— Eu achei que o senhor tinha feito questão de ter essa reunião comigo para tratar de negócios...

— Sim, mas também há outros tópicos importantes para serem tratados.

— Como o meu sobrenome? — riu, sem humor. — Ou o fato de o senhor achar que pode se intrometer na minha vida?

— Me intrometer na sua vida? — ele uniu as sobrancelhas, demonstrando a sua confusão. — Sobre o que a senhorita está falando?

— Como o senhor chama ir até Mônaco para falar com o meu pai sobre a carreira do meu filho para pedir para ele me fazer mudar de ideia? — falou. — Eu chamo de se intrometer em assuntos que não dizem respeito ao senhor.

— A Mercedes já demonstrou interesse no menino e você vai se tornar dona da Mercedes. — Wolff apontou. — Por que não unir o útil ao agradável?

— Porque eu não quero.

— E você vai deixar a sua vontade privar o menino de viver algo para o qual ele tem talento? — cruzou os braços na frente do peito. — Eu fui falar com o Jim porque eu achei que ele poderia fazer você ser um pouco racional neste tópico, ajudá-la a perceber a besteira que está fazendo...