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Era perceptível o quanto o retorno de San dizimou as estruturas de Wooyoung.

Não era como se ele estivesse tentando esconder o quanto estava preso em um sentimento de ambiguidade desproporcional; desde que chegou em casa, sua única companhia estava sendo uma fatia imensa de Pavlova que escondeu na gaveta inacessível da geladeira para horas como aquela, as quais estava no fundo do poço.

A maquiagem densa permanecia em seu rosto, mas os cabelos estavam desgrenhados uma vez que ele mesmo decidiu se desfazer de seu penteado de bad boy dos anos 1990. A cena de seu reencontro com San alugou um triplex em sua cabeça acompanhada da canção do Rock N Roll Will Break Your Heart do The Fratellis em looping infinito. Wooyoung até mesmo se flagrava cantarolando. A verdade era que ele sequer sabia onde pisar agora que seu único triunfo havia se desfeito em sua frente, afinal, San não estava mais do outro lado do pacífico. Fugir dele era a sua tarefa primordial, somando ao fato de que teria que convencer os seus amigos que não era necessário contar para ele que estava esperando um filho dele.

Era incapaz de não se sentir mal, de todo modo. San aparentava estar ótimo, tão inesquecível e gentil quanto se lembrava — aquela maldita gentileza que lhe fez cair nos encantos dele; aquela maldita lábia infalível e feição confiável.

Se questionava um milhão de vezes se havia tomado a decisão correta em discutir com ele em aussy language em pleno Back Easy Beer. Seus hormônios estavam borbulhando e seu humor oscilava tanto que ele se sentia um bipolar sem acesso à lítio e trancafiado em uma sala com uma faca. Acabava ficando colérico com mais facilidade, além de estar estressado devido ao cotidiano conciliado com a sua gravidez indesejada.

— A doutora Kang vai puxar sua orelha se souber que você está se entupindo de doces — Hongjoong chegou e puxou uma cadeira na mesa, sequer sendo eficiente em conseguir a atenção de Wooyoung. — Você está bem, Woo?

Wooyoung demorou para reagir como se o processador de seu cérebro estivesse lidando com um malware. O sentimento era como salgar uma bouillabaisse ou quebrar uma tillie, durante as aulas práticas na universidade. Abandonou o talher sob a mesa e usou as mãos para segurar o peso da cabeça, gemendo em chateação.

— Eu acho que exagerei. Quer dizer, eu surtei só por que ele me chamou de "amigo"? San nunca foi meu namorado, ele não tinha qualquer responsabilidade comigo e... — riu amargo, desdenhando de si mesmo. — Mesmo que tenhamos nos envolvido por um tempão, não significa nada e ele só estava sendo amigável como sempre, não é? Por que eu estou surtando por tão pouco?

— San te chamou de "amigo"? Porra, foi ofensivo até pra mim — Hongjoong se surpreendeu. — Vocês discutiram em inglês e o bar estava barulhento, então não deu pra captar muita coisa. Eu não achei que fôssemos encontrar ele tão facilmente.

— Basicamente, San me convidou pra sentar na mesa dele como um amigo, mas nós não somos amigos e ouvir ele se referindo a mim como um fez o meu sangue ferver. Qual é!? Eu estou grávido dele! Definitivamente eu não engravidaria de um amigo. Qual é o conceito por trás?

Sua revolta possuía uma camada de veracidade. Wooyoung simplesmente encarou aquilo como desaforo, uma vez que San e ele jamais estabeleceram uma relação amigável. O que faz parecer que San estava tentando encobrir o que realmente tiveram em um passado próximo, criando um cenário e um contexto incongruente com a realidade.

Duvidava de suas competências mentais para gerenciar a situação.

— Foi de um cinismo condenável mesmo — Yunho tomou a cadeira mais próxima de Wooyoung, mordendo uma maçã. — Você tem todo o motivo do mundo para reagir mal. Não era o que ninguém estava esperando. Você não está exigindo um status, só está indignado com a forma que San resolveu ignorar todo o lance de vocês só porque ele acha que pode fazer isso.

RAINBOW  |  WOOSANWhere stories live. Discover now