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Notas Iniciais:

Gente, tá acabando... a fic, no caso.

Eu tô me mudando e ainda tô tentando organizar as coisas, meio que vou viver sozinha agora e isso é... ehhh bem assustador. Espero que isso aqui ajude a me distrair hehe

Mereço alguns comentários nesse aqui? ~<3

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Seonghwa não gostava de ir a hospitais. Ele tinha algumas memórias ruins sobre aquele lugar, em ressalva uma em que, quando era criança, sofreu com uma crise em decorrência do autismo, e ouviu seus pais discutirem incessantemente no corredor hospitalar, pois era de madrugada e o pai dele estava bravo com ter que acompanhá-lo ao médico mesmo sem entender qual era o problema dele.

Às vezes, os pais de Seonghwa apenas não sabiam como lidar com ele. Se havia algum comício político importante, era só dopá-lo e deixá-lo sob a vigília de algum empregado de confiança. Enquanto as crianças brincavam na rua, Seonghwa passou a maior parte do tempo observando-as pela janela, dormindo ou sendo vigiado e controlado, já que ele não era permitido se misturar com os outros.

Ele não se importava em ficar sozinho, mas conforme crescia, percebeu o quão prejudicial foi para o seu desenvolvimento a sua falta de interação com outras pessoas, sobretudo, com os próprios pais.

Uma vez, ainda quando criança, ele foi levado ao hospital porque estava arrancando todos os cabelos dos cílios e das sobrancelhas. Conversou com uma pediatra para que ela tentasse ajudá-lo e ele ouviu o seu pai apenas pedindo remédios mais fortes que fizessem o garoto dormir por mais tempo, dessa forma, ele não conseguiria mais causar dor a si mesmo.

Estar dentro do próprio corpo sempre foi um desafio. Seonghwa olhava suas memórias solitárias com um pouco de pena, mas, sobretudo, com um sentimento enorme de vazio. Ele achava que havia se resolvido com elas, mas, na verdade, apenas as guardou em uma gaveta dentro de sua cabeça.

Conversava com o seu psicólogo acerca de sua infância durante algumas sessões, e Seonghwa não mencionava o pai. Ele contava sobre a escola e seu único amigo, San. Comentava sobre a sua mãe vagamente, e era o mais evasivo possível quanto ao restante. Não gostava de se ver vulnerável visto ao seu diagnóstico e ao quanto foi maltratado por causa dele.

Mas na última vez que falou com o psicólogo que cuidava de si, lhe contou sobre o seu reflexo ruim envolvendo hospitais. Ouviu dele que deveria reformular algumas de suas memórias, em ressalva aquelas que fossem mais dolorosas, para que Seonghwa encontrasse algum aspecto bom ou excluísse e tratasse o que fosse mais doloroso. Então Seonghwa lembrou que, em uma das consultas quando era pequeno, assim que o seu pai saiu da sala e o deixou sozinho com uma médica, ela disse que aquele homem era um idiota e prometeu a Seonghwa que tentaria cuidar dele.

Era a memória boa que ajudava Seonghwa a compreender que um hospital não era, em suma, ruim.

Estava segurando a mão de Yeosang, alheio ao seu breve mal-estar. Juntos, estavam prestes a descobrir o sexo dos bebês que estavam à caminho.

Seonghwa estava tenso, gelado e atento a tela que transmitia uma imagem em preto e branco de um conteúdo morfológico. Não estava focando nos sons do ambiente, na voz de Yeosang interagindo com o obstetra e este último interagindo com o seu técnico, que anotava as informações profanadas. Tudo no que conseguia olhar era para as imagens, aguardando que elas lhe dissessem algo.

— Você está respirando? — Yeosang tocou o ombro de Seonghwa e deu risada. — Você está nervoso demais! Você realmente está bem para ficar aqui?

RAINBOW  |  WOOSANWhere stories live. Discover now