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- Já entendi que você vai me abraçar por trás – Ravena falou, colocando as mãos por cima das de Mutano, que estavam em sua cintura. – Mas você não precisa me apertar.

- Só estou brincando com você. – ele riu, soltando-a. – Então, quer ir comer alguma coisa? Podemos comer no shopping.

- Não pode ser aqui? Não estou com muita vontade de sair.

- Eu me esqueço que apesar de tudo você continua sendo a Ravena.

- Ainda bem. Já pensou se eu mudasse a cada dia? Ninguém é assim.

- Eu sou.

- Estou falando que ninguém é assim de verdade. Você mostra o seu lado falso porque acha mais fácil.

- Lado falso? É isso que você pensa dos meus sorrisos e da minha simpatia?

- Sim.

- Você está com inveja da minha disposição e animação para ser feliz. Sou saudável quando o assunto é esse.

- Nem todo mundo tem que ser feliz o tempo todo – ela deu de ombros, cruzando os braços. – Isso não é saúde, é enganação.

- Se você está dizendo... – ele respondeu com certa indiferença.

Ravena concordou com a cabeça e sentou-se na cama dele, olhando com cuidado para ter certeza de que não estava sentando em cima de alguma peça de roupa esquecida há muito tempo, como uma cueca, por exemplo. Cruzou as pernas em cima do colchão e olhou para Beatles, que estava no canto do quarto de Mutano, sustentando Silkie em cima de sua barriga. Nenhum dos dois Titãs sabia como a larva de estimação havia entrado ali e se dado tão bem com o o cachorro, mas eles pareciam se dar bem – até cochilavam juntos.

Mutano foi até a estante onde guardava seus jogos de video-game e HQ's, e tirou o livro que Ravena havia lhe emprestado há alguns dias. Sentou-se ao lado dela e depositou o exemplar com cuidado em seu colo, sorrindo:

- Eu terminei.

- Sério? Mas não tem nem uma semana que você está com ele. – ela respondeu, olhando para a capa do livro.

- Você tinha razão. A história é muito boa.

- Você fez os resumos?

- De todos os capítulos.

- E do que foi que você mais gostou?

- Do "Jogo do Contente" – ele sorriu mais um pouco. – Achei incrível a capacidade dessa menina ver o lado bom em todo e qualquer momento. Eu não ficaria feliz se ganhasse um par de muletas ao invés de brinquedos no Natal, mas ela conseguiu encontrar um jeito de brincar com elas, e não se importou por receber presentes doados pelos assistentes sociais.

- Eu gosto muito dessa ideia também.

- Já tentou ser como ela?

- E ver o lado bom em tudo? Não. Normalmente eu faço o oposto.

- Por quê?

- Não sei – Ravena franziu o cenho. – Deve estar no meu DNA. Eu não sou filha de uma coisa boa, então automaticamente...

- Pare com isso. Seus pais não definem quem você é. Principalmente o seu pai.

- É mais complicado do que você imagina.

- Não é não. Tudo bem, Trigon é o seu pai e ele é um demônio, nada de novo. Você sofre com algumas influências dele, mas eu também tenho as minhas influências ruins.

- E quais são elas?

- É... – Mutano sentiu seu corpo gelar, percebendo que tinha falado demais. Não podia, em hipótese alguma, contar da Fera para Ravena ou qualquer outra pessoa. – Os meus video-games. Eles me impedem de sair e... É isso.

December GirlDonde viven las historias. Descúbrelo ahora