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O som estridente do celular ecoou pelo quarto e Mutano gemeu, rolando na cama e tampando o rosto com o travesseiro. Ficou quieto, com os olhos fechados, torcendo para que a ligação caísse logo na caixa postal. Ela não caiu. Indignado, ele tateou o criado-mudo, jogando o iPhone no chão e praguejando por ter que destampar o rosto para pegá-lo. Colocou metade do corpo para fora da cama e o pegou, fechando o olho esquerdo por causa da alta luminosidade da tela. Focalizou o direito e viu que estava recebendo uma chamada de vídeo.

Como diria Estelar, glorioso. Quem fazia chamadas de vídeo ás 6h da manhã, quando nenhum ser humano normal está completamente, acordado, vestido e bonito para atendê-la? Ele não precisou pensar muito para responder a pergunta, e a imagem de Rita Farr invadiu sua mente – mães sempre gostam de usar os mecanismos tecnológicos que descobrem por acaso, sejam elas super-heroínas ou não. E com Rita não era diferente. Quando Larry, o Homem Negativo da Patrulha do Destino, instalou o WhatsApp no celular dela, ela passou dias a fio mandando apenas emojis para Mutano, esperando que ele entendesse o que ela queria dizer. Bem, ele não entendeu, e ela fez questão de ligar para esclarecer que uma mulher, um coração vermelho, um bebê e vários animais verdes, significavam "eu amo o meu filho" ou "eu amo você". Em compensação, quando ela mandou um texto sobre as vantagens dos rodos de pia e ele respondeu com um coração vermelho, ela perguntou se ele estava bêbado ou precisando de óculos, uma vez que a mensagem falava sobre produtos de limpeza.

Ele atendeu a chamada para que o celular parasse de tocar e bocejou alto, sem olhar realmente para a tela. Rita sorriu e acenou, mostrando a mesma animação de sempre ao ver seu filho.

- Garfield Mark Logan – o sorriso dela desapareceu. – Você esqueceu que tem mãe? Não me manda uma mensagem, um e-mail, um fax, não faz uma ligação e também nem tenta mandar um sinal de fumaça! Estou muito decepcionada com você!

- Bom dia para você também, Sra. Farr.

- Não me chame assim!

- Só estou brincando, mãe.

- Mas eu não! Isso não se faz! Nunca pensei que morreria de desgosto causado pelo meu próprio filho!

- Você está exagerando. – Mutano revirou os olhos, atraindo um olhar mortal de Rita.

- Será que estou? Só tive notícias suas nos últimos dias porque você está sempre estampando a capa de algum jornal ou revista por causa desse seu namoro ridículo! – ela ralhou. – Quando você ia me contar? Quando a garota aparecesse grávida e você precisasse de alguém mais experiente para cuidar do bebê?

- Mãe...

- O Steve me disse que falou com você no início do mês e pediu para você me ligar porque avisou que eu estava desgostosa.

- Desgostosa? – ele riu.

- Por que ela, Gar? Você pode ter a mulher que quiser, mas tinha que ser ela?

- Qual o problema com a Ravena, mãe?

- Ela é tão... Estranha. Me passa uma energia ruim e é filha do próprio demônio. Ela não é boa para você.

- Isso não significa nada, e você sabe disso.

Rita balançou a cabeça negativamente e esticou o pescoço para tentar enxergar além de Mutano, que estava com o celular bem perto do rosto para que sua mãe não enxergasse a bagunça de sua cama. Estava cedo demais para ouvir um sermão sobre a necessidade de ter uma cama bem estendida. Ele franziu o cenho ao ver o pescoço dela se esticar mais que o normal, ciente de que ficaria assustado se não soubesse da elasticidade que seus poderes lhe proporcionavam. Arqueou uma sobrancelha e esperou que ela falasse alguma coisa, mas ela não o fez:

December GirlTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang