VERDADES?

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_ A gente precisa conversar. - ela disse apertando meu braço.

_ Você tá me machucando. Meu tempo de conversar com você acabou. - puxei meu braço e ela ainda pressionava com força.

_ Nós vamos para o meu carro e antes de tudo, você vai me ouvir.

Ela me puxou pelo braço como se eu fosse uma espécie de criança mal criada que precisa de um corretivo, que deve ser aplicado fora do alcance das pessoas. Entramos no carro dela e sentamos no banco de trás, enquanto o motorista saia para nos dar privacidade.

_ Eu te pedi só alguns dias. Você não conseguiu respeitar isso e foi logo aproveitar a chance de tumultuar ainda mais minha relação com a minha filha.

_ Tenho certeza que você faz isso sozinha. Vai falar de uma vez ou vai ficar aqui divagando e me acusando de coisas absurdas?

_ Antes você vai me prometer que o conteúdo da nossa conversa vai ficar entre nós. - ela afirmou em tom de ameaça.

_ Não vou prometer nada para você. Eu não te devo nada!

_ Sabe qual é o seu problema, Luiza. Você acha que sabe de todas as coisas e de todas as verdades do mundo. Eu já fui assim. 

_ Eu não sou assim. E eu vou dizer uma coisa para você, Catarina. Não há mudanças no seu comportamento, então. Você continua achando que sabe de todas as verdades.

_ Ele não é quem você pensa. Ser demitida foi a melhor coisa que te aconteceu e você ainda vai me agradecer.

_ Não vou te agradecer de nada. Em poucos dias, você fez uma bagunça na minha vida profissional e ainda deu um jeito de minar meu relacionamento com a Valentina. 

_ Vocês terminaram? - ela pergunta com quase um sorriso no rosto.

_ Claro que não!

_ Nós costumávamos namorar. 

_ O que? - digo sem entender.

_ O Júlio e eu. Nós costumávamos namorar. Namorei ele por três anos. - ela fez uma pausa. - A princípio eu não vi. Talvez sempre tenha visto, mas eu não queria enxergar. Rico, de boa família. Queria ser advogado... Todas as mulheres da faculdade queriam namorá-lo, mas ele me escolheu. - ela parou por alguns segundos, como se procura-se as palavras certas. - E isso atingiu no ponto a minha autoestima. Não é tão difícil de imaginar. Ele ainda é muito atraente. Porém é só uma casca, porque ele é podre! Tente imaginar o que seria para você, uma... Uma mulher atraente, envolvente, que consegue tudo o que quer... A Valentina, por exemplo. Ele era uma espécie de Valentina. Onde chegava, fazia-se presente sem dizer palavra alguma. Sempre desejado. Mas ele olhou pra mim, como a minha filha olhou pra você. Com a diferença que a sua namorada tem caráter. Eu a eduquei. - um olhar soberbo, como se o caráter da Valentina viesse de um trabalho feito unicamente por ela. - Meio promiscua, admito. Mas com caráter.

_ É impressionante como você fala da sua filha, né.

_ Não vamos agir como se a Valen fosse uma virgem puritana. Provavelmente o maior tempo que ela ficou sem variar o cardápio, é o tempo que ela está com você.

_ Cardápio! É louvável o jeito que você se refere a nós mulheres, mesmo sendo uma. A Valen não é o assunto aqui. - forço ela a voltar ao ponto. - Você estava falando... - ela me interrompeu.

_ Ah claro! - fixei meus olhos nos dela que estavam olhando para suas mãos. - Foi muito rápido. Em um ano nós ficamos noivos. Na mesma noite a Isa, minha melhor amiga na época, disse que eu não deveria me casar com ele. Que ouviu umas garotas falarem que ele me traia e assediava meninas na faculdade. Oferecia dinheiro, como se elas fossem prostitutas. Você deve pensar... Quantas garotas pobres precisam de dinheiro para se manter em uma universidade de ricos e o quanto existem milhares de predadores pelo mundo. 

A única para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora