Acordando do Pesadelo II

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O Ford Escape prata, do ano de 2015, parou frente ao edifício onde moravam Mason e Clare. O uso de elementos combinados, que solitários não têm muita relação, mas unidos proporcionam a montagem de um conceito elegante, é um dos destaques desse prédio moderno. O vidro usado tanto nas varandas como nos muros em substituição da alvenaria, fazia transparecer não apenas o ambiente, deixando-o mais amplo visualmente, mas proporcionava uma sensação de liberdade mesmo com a total segurança de um material seguro e funcional. Típico da cidade onde moravam.

O casal havia se mudado para o local há alguns anos, depois de muita insistência por parte da filha mais velha. Fa queria que seus pais morassem em uma residência de maior conforto do que a anterior, onde pudessem gozar dos benefícios proporcionados pela ótima localização. Aquele prédio reunia todos os requisitos que a morena julgava necessários para que pudesse tranquilizar-se quanto à boa moradia de seus progenitores. Tanto falou e fez, que os convenceu a se instalarem no apartamento do terceiro andar, vencidos pelo cansaço; não convencidos pelos argumentos ardilosos da agente especial.

- Está entregue. - Cooper sorriu ao colocar a mão no ombro de sua subordinada.

- Não quer subir?

- Não, deixe para outro dia. Estou com tanta vontade de descansar quanto você.

- Ah, claro. Desculpe-me. Hã... então...muito obrigada por tudo. Amanhã eu te ligo para verificar como farei no escritório e...

- Nem em sonho, senhorita. Eu bem sei que em um desses papéis está escrito que ficará em repouso por, no mínimo, uma semana. O retorno ao trabalho só depois da liberação médica.

- Ei, não. Isso é exagero. Estou bem. Vocês precisam de colaboradores mais do que nunca. Precisam reerguer a Casa Branca.

- E por acaso você é engenheira, arquiteta ou pedreira? Não, portanto não há nada que possa fazer por ora.

- É sério?

- Muito sério. Assim que o médico te liberar, veremos como ficará a sua situação na Agência.

- Eu não acredito...

- Waraha, pare de reclamar e suba logo! Seus pais devem estar arrancando os cabelos de preocupação, loucos para te ver.

- Se não tem outro jeito... - Com o ar infantil, a agente bufou baixo, contrariada por ter sido talhada de suas funções laborais. Saiu do carro a contragosto, acenando com a mão esquerda - Obrigada mais uma vez.

- Se cuida. - Ethan tombou o corpo para olhá-la, através da janela, caminhar em direção à portaria.

Engfa aprendeu com sua mãe a ter esperanças no melhor de uma situação por pior que fosse. Sua progenitora sempre dizia que até do momento mais difícil há de se tirar algum proveito. Pode não se enxergar a saída quando se está no olho do furacão, mas depois que a tormenta passa, o céu se abre em azul límpido, dando um sentido diferente ao problema. A morena pensava nisso enquanto o elevador chegava ao andar indicado, contudo, não chegou a nenhuma conclusão. A sobrevivência era a sua única recompensa por tanto esforço e bravura durante o ataque que sofrera? Deveria ser, mas parecia não apresentar um atrativo forte. Ela esperava encontrar algo grandioso, de valia depois daquilo tudo. Waraha mostrava-se com o coração esperançoso por uma reviravolta em sua vida. Talvez fosse somente por isso que esperou esses anos todos.

A agente tocou a campainha já se preparando física e psicologicamente para a recepção calorosa que teria. E não seria para menos. Ela estaria mentindo se dissesse que não havia pensado no fim, em sua morte, na possibilidade de nunca mais retornar àquela residência. Temeu não poder brincar com Oliver, nem assistir futebol com o seu pai e a telenovela com sua mãe, mesmo detestando tal programa. "Eu sentiria falta dos tacos de D. Clare", pensava a moça ao ouvir o tilintar do molho de chaves enquanto uma delas girava dentro da fechadura.

A Filha Do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora