Capítulo 5

29 5 0
                                    

Acendo a luz do quarto e jogo a manta em cima da cama. Olho para a porta da sacada e percebo que Dylan está na dele, de frente para mim, mas completamente alheio. Não parece notar que estou olhando para ele.

Eu o observo por alguns minutos, até ele notar que estou ali. Constrangido, ele acena para mim. Pergunto-me o que ele está pensando para parecer tão angustiado.

— Saddie, você precisa de alguma coisa? — Meu pai quis saber, colocando sua cabeça na porta, interrompendo meus devaneios.

— Estou bem.

— Estou indo dormir. Se precisar de algo, já sabe.

— Pai.

— Sim.

— O que você sabe sobre os Griffin?

— Os proprietários da casa ao lado?

Assinto com a cabeça.

— Não sei muita coisa, Saddie. Acho que o Paul Griffin lida com ações, algo assim. E a esposa, não sei nada sobre ela. Só a vi uma vez. Os meninos, tinham dois, acho. Só os vi algumas vezes, não sei nada sobre eles também.

— Um dos filhos se chama Dylan?

— Não sei dizer, querida. Eu realmente não sei. Mas por que a curiosidade?

— Por nada, pai. Boa noite!

— Boa noite, querida.

Tento me recordar de anos atrás, quando eu brincava com os filhos do Sr. Griffin. Tinha uma menina, mas não consigo me lembrar o nome dela. E os dois meninos, eu me recordo vagamente. Já faz tanto tempo que eu nem me lembrava deles antes de voltar.

Confesso que estou curiosa sobre Dylan. Curiosa sobre o que anda o afetando tanto para ele querer mergulhar no escuro do oceano à noite. E se eu não estivesse lá? E se eu não percebesse que ele estava se afogando?

Vou até a minha sacada e fico de frente para ele, me encara.

— Já não nos despedimos? — Ele quase grita.

— Não sabia que este era seu quarto.

— Está com sono?

Balanço a cabeça.

Ele pula da sua sacada, com tanta facilidade que desconfio que tenha feito isso mais vezes, e vem para a minha sacada, se agarrando na grade. Eu o ajudo a subir o restante.

Agora, ele está mais seco, vestido com uma camisa branca com estampas coloridas, e uma bermuda azul-marinho. Ainda continua descalço, o que me faz pensar que ele detesta chinelos ou qualquer outro tipo de calçado.

— O que faz aqui? — Indago, ainda sem acreditar que ele está realmente na minha sacada.

— Estou entediado. — Diz, dando de ombros.

— Não pode vir na minha sacada só porque está entediado, Dylan.

Dylan se senta na poltrona da sacada, olhando para o céu. Parece que ele tem muito a dizer.

— Você está bem? — Pergunto.

— Estou, sim.

— É que, eu não acredito que você quase se afogou...

— Há uma linha tênue entre vida e morte, Saddie. Nós sempre andamos na corda bamba.

Assinto com a cabeça. Isso me faz pensar em meu pai, no seu tumor cerebral. Não sei o que acontecerá com ele, comigo e com a minha mãe de agora em diante.

Má CompanhiaOnde histórias criam vida. Descubra agora