Acendo a luz do quarto e jogo a manta em cima da cama. Olho para a porta da sacada e percebo que Dylan está na dele, de frente para mim, mas completamente alheio. Não parece notar que estou olhando para ele.
Eu o observo por alguns minutos, até ele notar que estou ali. Constrangido, ele acena para mim. Pergunto-me o que ele está pensando para parecer tão angustiado.
— Saddie, você precisa de alguma coisa? — Meu pai quis saber, colocando sua cabeça na porta, interrompendo meus devaneios.
— Estou bem.
— Estou indo dormir. Se precisar de algo, já sabe.
— Pai.
— Sim.
— O que você sabe sobre os Griffin?
— Os proprietários da casa ao lado?
Assinto com a cabeça.
— Não sei muita coisa, Saddie. Acho que o Paul Griffin lida com ações, algo assim. E a esposa, não sei nada sobre ela. Só a vi uma vez. Os meninos, tinham dois, acho. Só os vi algumas vezes, não sei nada sobre eles também.
— Um dos filhos se chama Dylan?
— Não sei dizer, querida. Eu realmente não sei. Mas por que a curiosidade?
— Por nada, pai. Boa noite!
— Boa noite, querida.
Tento me recordar de anos atrás, quando eu brincava com os filhos do Sr. Griffin. Tinha uma menina, mas não consigo me lembrar o nome dela. E os dois meninos, eu me recordo vagamente. Já faz tanto tempo que eu nem me lembrava deles antes de voltar.
Confesso que estou curiosa sobre Dylan. Curiosa sobre o que anda o afetando tanto para ele querer mergulhar no escuro do oceano à noite. E se eu não estivesse lá? E se eu não percebesse que ele estava se afogando?
Vou até a minha sacada e fico de frente para ele, me encara.
— Já não nos despedimos? — Ele quase grita.
— Não sabia que este era seu quarto.
— Está com sono?
Balanço a cabeça.
Ele pula da sua sacada, com tanta facilidade que desconfio que tenha feito isso mais vezes, e vem para a minha sacada, se agarrando na grade. Eu o ajudo a subir o restante.
Agora, ele está mais seco, vestido com uma camisa branca com estampas coloridas, e uma bermuda azul-marinho. Ainda continua descalço, o que me faz pensar que ele detesta chinelos ou qualquer outro tipo de calçado.
— O que faz aqui? — Indago, ainda sem acreditar que ele está realmente na minha sacada.
— Estou entediado. — Diz, dando de ombros.
— Não pode vir na minha sacada só porque está entediado, Dylan.
Dylan se senta na poltrona da sacada, olhando para o céu. Parece que ele tem muito a dizer.
— Você está bem? — Pergunto.
— Estou, sim.
— É que, eu não acredito que você quase se afogou...
— Há uma linha tênue entre vida e morte, Saddie. Nós sempre andamos na corda bamba.
Assinto com a cabeça. Isso me faz pensar em meu pai, no seu tumor cerebral. Não sei o que acontecerá com ele, comigo e com a minha mãe de agora em diante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Má Companhia
RomanceSaddie vive esperando pela volta do seu primeiro amor, que voltou para a Itália. Enquanto isso, ela lida com o drama dos pais e conhece o misterioso Dylan, que faz de tudo para conquistar o seu coração.