Capítulo 22

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POV. LANA

Me despedir de S/N era uma coisa horrível de se fazer. Não só pelo fato dela não estar comigo todo tempo, mas sim pela dependência que meu corpo sente dela. Minha mente me lembra todos os segundos o quanto quero, desejo ela. Fico imaginando se ela pensa em mim da mesma forma. Se ela sente a necessidade de me ver, tanto quanto sinto dela.

Dirigindo de volta para empresa, saio de meus pensamentos por conta da ligação de um número desconhecido. Sem tirar o olhar da estrada peguei meu celular e atendi.

Ligação On

-Alô? - Digo.

-Lana! Oi, sou eu Regina! - ela fala com a voz um pouco receosa.

-Oi. Como conseguiu meu número? - pergunto seca.

-Seu pai. Ele me passou!

-Entendi! Sobre o que seria?

-Eu... Preciso da sua ajuda! Amo minha filha! Ficar longe dela já é horrível para mim, mas saber que ela não quer me ver, que ela me odeia, isso tá me matando por dentro! - sua voz parecia fraca, ela parecia prestes a chorar.

-Olha Regina... — respirei fundo. Não queria ajudar ela, mas algo dentro de mim dizia ser a coisa certa a se fazer. Talvez Regina realmente estivesse falando a verdade - Não sei se devo me envolver nisso! S/N está muito chateada com você!

-Eu sei... Mas, posso provar que o pai dela é um mentiroso! Ele estava me traindo bem antes! Ahr... que raiva, como ele teve a coragem de colocar minha filha contra mim! Lana me ajuda, eu te provo a verdade, me ajuda a reconquistar a confiança da minha filha!

Respirei fundo novamente. Na minha cabeça existia uma voz que falava "Não se mete Lana! Não faz isso! Não é certo!!" Mas meu instinto falou mais alto. E quando percebi já falei:

-Tudo bem então! Eu te ajudo!

-Jura? Ai que bom! Nossa Lana nem sei como te agradecer! Eu...

-Mas com uma condição! Você terá que me provar essa sua história sobre o pai de S/N! Só assim vou te ajudar! Caso o contrário nem me ligue mais! Entendeu? — disse firme. Iria ajudá-la, mas qualquer indício de mentira, essa ajuda acabaria na hora.

-Sim! Mesmo assim obrigada pela ajuda Lana!

-Não me agradeça ainda! Vá atrás de provas e me ligue assim que as tiver! Essa é a minha condição! Algo mais?!

-Não! Era só isso...

-Ótimo! Então até logo!

Ligação off

Desligue a ligação, já pensando se fui grossa demais com a mãe de S/N. Mas caso ela estivesse mentindo, era bom para ela saber que comigo não se brinca. Não quero ficar do lado da mentira novamente! Não quero que a S/N caia em uma mentira novamente, por isso vou a proteger de todas as formas, e descobrirei o dela, quem está escondendo a verdade.

Segui para a empresa pois tinha muito trabalho a fazer. Ainda estava querendo conversar com meu irmão pois a cena que eles protagonizaram no jantar foi um tanto estranha. Não sabia que eles se conheciam. Queria ter abordado meu irmão pela manhã, mas ele estava em uma reunião. Tentaria novamente, preciso tirar essa história a limpo.

Entrei em minha sala, e pedi para que minha secretária me atualizasse sobre os próximos projetos que precisavam de aprovação. Por ser começo de ano, estávamos cheios de novos projetos e novos clientes! Meu trabalho então, estava sobrecarregado demais, realmente ter S/N como uma ajudante não seria uma má ideia. Tudo bem que ela havia começado a faculdade fazia pouco tempo, mas nada se compara a colocar a mão na massa e ter a experiência de trabalhar na área. Ela aprenderia muitas outras coisas, e ficaríamos mais tempo juntas.

"É, definitivamente isso não seria uma má ideia" - pensei olhando a tela do computador. Minha secretária já havia saído faz tempo, e eu estava aérea como sempre, pensando na minha mulher.

-Fiquei sabendo que você queria falar comigo? - Charlie disse entrando em minha sala, sem ao menos bater na porta. Revirei os olhos ao ver sua atitude.

-Queria sim, pode se sentar "maninho" - Disse em um tom sarcástico. Ele por sua vez se sentou, me olhando com a típica cara de "não dou a menor importância! Mas pode falar!"

-E então, sobre o que seria? — Ele disse já sem paciência.

-Gostaria de saber de onde é que você conhece a S/N!? — Perguntei vendo sua expressão egocêntrica desaparecer. Deixando transparecer outro Charlie.

-Eu... A conheci em um estabelecimento no centro! Não nos demos muito bem de cara. Quer dizer, eu não me dei muito bem com ela... — ele falava com uma expressão de arrependimento - Foi bom você ter tocado nesse assunto. Eu queria falar com ela, pedir desculpas. Pode me passar o contato dela?

-Espera, como assim? O que aconteceu?! - perguntei ainda mais confusa. Mas o que será que aconteceu?

-Nada demais Lana! Eu preciso falar com ela, esse assunto não precisa ser abordado por mais ninguém além dela. Não tem nada a ver com você. Pode me passar o número dela ou não?

-Não! Isso me diz respeito sim! Ela é minha... - parei quando vi que ia falar demais.

-Sua amiga! - ele fala indiferente. "Parece que ele não desconfiou de nada".

-Sim! Por isso me diz respeito sim, caso contrário, se vire para entrar em contato com ela - Ameacei me sentindo uma criança novamente, provavelmente era o ciúmes falando mais alto. Não suportava saber, que meu irmão e S/N se conheciam.

-Ciúmes da amiguinha, é? - Charlie disse voltando a ser irritante, revirei os olhos em resposta.

-Preocupação, isso sim! Gosto de proteger minhas amigas!

-Bom, isso já é um problema seu. Se não pode
me dar o telefone dela, eu consigo de outra maneira - Ele diz se levantando e parando em frente a porta que estava aberta — Algo me diz que nossa querida madrasta tem o número de S/N!

-Charlie, Charlie… Não se meta onde não é chamado! — digo fitando seu estranho sorriso.

-Até parece que você não me conhece né maninha! - ele diz se retirando de minha sala. Pensei em falar algo, mas ele já estava longe.

-Deus! - pensava. Mais um para entrar nessa confusão, minha vida como sempre, me surpreendendo das "melhores" formas.

***

Horário de trabalho encerrado. Parti para minha casa, precisava tomar um banho e relaxar antes de ir para faculdade. Durante todo o trajeto eu pensei em S/N, literalmente ela ficava alojada em minha cabeça. Não teve nenhum momento do meu dia que ela não tivesse na minha mente.

O fim da tarde passou rápido, quando dei por mim já estava em meu carro pronta, dirigindo para a faculdade. Em meio a muitos dramas, não pude me esquecer de um que estava dando trégua por hora. Jack não me procurou mais depois do jantar, acredito que finalmente se tocou sobre oque estava acontecendo na vida dele. Mesmo depois da mentira e tudo, estou torcendo para que ele se acerte com a amante, ou assuma pelo menos suas responsabilidades como pai, e homem que um dia ele já foi.

Professora e alunaWhere stories live. Discover now