Capítulo ⅩⅩⅩⅤ

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Durante a madrugada um enorme estrondo começou a acordar os visitantes

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Durante a madrugada um enorme estrondo começou a acordar os visitantes. Primeiro Hélia, que resolveu se esconder no ármario. Depois as gêmeas, que optaram por se trancar no banheiro. Por último Selene, que preferiu ignorar e voltar a dormir. Contudo, o ocasionador do furdunço tinha outros planos.

A porta do quarto de Sel foi arrombada. Quando abriu os olhos a jovem só conseguiu visualizar a porta voando para o chão e uma figura negra surgindo das cinzas.

— ENERGÚMENO! BÉLITRE! PURGANTE! MENTECAPTO! — Numa tentativa vã, Sele começou a desferir todo tipo de xingamento, tentando de alguma forma intimidar o invasor.

Tinha lido num de seus livros que quando animais selvagens nos atacam devemos tentar mostrar que somos mais fortes e perigosos do que eles para nos defendermos. Portanto, usar sua voz alta para espantar o agressor era sua única opção.

Suas ações foram inúteis: percebeu que o vulto estava se aproximando ainda mais. Fechou os olhos esperando o estrangulamento. Todavia, sentiu um abraço.

Um cheiro amadeirado. Uma respiração ofegante. Um aperto forte. Uma temperatura tão alta que a fez voltar a suar.

— Maison...?

— Não fique doente, Selene.

Ela esperou que ele continuasse o diálogo; mas, não o fez. Permaneceu em silêncio enquanto se agarrava naquela sensação de tê-la nos braços.

— Maison.

Ele ignorou.

— Maison, eu estou bem.

Dessa vez ele a apertou ainda mais, impedindo que se movesse.

— Eu não vou a lugar nenhum, homem! Você quem entrou nos meus aposentos no meio da noite.

— Calada — Seu nariz se aconchegou no pescoço de Sel e ela começou a sentir cócegas.

— Pimentão! — Finalmente conseguiu chamar sua atenção — EU ESTOU BEM! SÓ ESTOU NAQUELES DIAS!

O constrangimento que se seguiu foi embaraçoso.

Theodore não produziu nenhum som.

Lentamente ele começou a soltá-la e deixou o ar que retinha sair de seus pulmões. Colocou suas mãos em ambos os braços dela e sussurrou:

— Não importa o que seja. Você não tem o direito de nos deixar. Então, trate de se cuidar melhor e pensar mais em você mesma.

Sem proferir mais nenhuma palavra. A sombra lúgubre sumiu tão rápido quanto voltou. Selene ouviu passos nos corredores e empregados afobados. Depois, quietude.

Na manhã seguinte, um médico veio fazer uma visita para garantir a melhora de sua paciente

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Na manhã seguinte, um médico veio fazer uma visita para garantir a melhora de sua paciente. E, como bônus, ajudar a manter a farça de que Sele tinha um resfriado.

As Senhoritas Lancaster se ocuparam com colagens e poemas. Passaram o dia mimando sua primogênita e evitando falar sobre Maison.

Sel não sabia dizer com o que se incomodava mais: ninguém contando a ela o que queria saber a respeito do primo, ou o fato de que todos a bajulavam por ser o mais novo bichinho de estimação do príncipe.

Todas as damas foram vê-la. Levaram flores e até mesmo lenços bordados desejando seu bem-estar. A filha do ex-duque as tratava com gentileza e carinho, agradecendo imensamente suas visitas. Contudo, estava cansada de ter que responder perguntas sobre Alexander:

— Como ele é? Lucy Brandon disse que é um homem muitíssimo bonito — Perguntou Hetty, uma das três filhas da viúva Pinblle.

— De fato, os boatos que ouviram estão corretos.

— Ele está mesmo apaixonado por você?

— Hetty! Não deveria fazer este tipo de pergunta para uma Lady, especialmente uma enferma — Estranhamente, a caçula dos Pinblle parecia ser a única sã naquela família.

Ao contrário de Catherine e Hetty, Clara era um amor de pessoa. Costumava passar boa parte do tempo calada e quando abria a boca era para chamar a atenção das duas irmãs mais velhas.

Além das três mulheres, a Senhora Pinblle era mãe de mais dois rapazes. Um deles era casado com Bella Elliot; enquanto o outro estava noivo de Augusta Delaford. Todos os oito resolveram infestar a casa dos Kempebell.

Tal ousadia deixava as Senhoritas Lancaster embasbacadas. Eram tão folgados que não se importavam em trazer todos os seus parentes e amigos próximos para uma casa que não era deles.

Entretanto, mesmo que colocassem fogo nas cortinas, Sarah Kempebell não se importaria. Ela era dócil e preferia focar suas atenções em seu único filho: Raden, que tinha apenas sete anos de idade.

Além disso, o fato de serem fabulosamente ricos, também contribuía para serem aceitos facilmente naquele círculo social.

— Espero que esteja se sentindo melhor, Lady Lancaster — Clara continuou.

— Sim, graças aos cuidados que tenho recebido diariamente. Sou deveras abençoada por ter amigos tão atenciosos.

— Nós é que somos abençoados por ter uma futura princesa nos chamando de amigos — Hetty engrandeceu a doente.

— Não é porque mamãe nos mandou ser gentis com ela que deveríamos beijar a sola de seus pés, Hetty — Catherine podia ser muitas coisas; mas, neste momento, Sele finalmente pôde agradecer sua honestidade ao invés de falsos elogios.

As outras duas ficaram tão constrangidas que não demoraram a se despedir. Preferiam sair com o pouco de dignidade e orgulho que ainda lhes restava do que continuar ouvindo sua irmã mais velha humilhá-las na frente de uma "futura" alteza real.

Selene não podia descrever o quão furiosa ficava quando a definiam como noiva de Alexander. Jamais aceitara o pedido. Jamais confirmara os boatos. Mesmo assim, a aristocracia insistia em sonhar com um casal que não existia.

Haviam flertes; todavia, não chegavam a ser minimamente relevantes paraSel. As pessoas preferiam acreditar em suas próprias versões da história.Afinal, quem não gostaria de um conto de fadas na vida real? Provavelmente, Selene.

Confidências ao AnoitecerWhere stories live. Discover now