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NOAH U

Eu não esperava receber aquela visita. Sabia que minha família estaria se perguntando onde eu estava ou o que fazia, mas não imaginei que chegariam ao ponto de investigar sobre o meu paradeiro e mandar meus melhores amigos para saber pessoalmente se eu estava bem. Quando Shivani e Sam me explicaram sobre aquela decisão de intervir no meu luto, eu fiquei desacreditado com tamanha intromissão.

— Vocês costumavam respeitar a minha privacidade. — eu disse.

— E nós respeitamos. — Shivani pontuou. — Só queríamos ver com os nossos olhos se você está bem.

— Bom, aqui estou. — abri meus braços como um ato para mostrar a mim mesmo. — Nenhum arranhão, rosto corado, peso na média como sempre, barbeado, penteado, bem vestido, cheiroso... Esqueci alguma coisa? — fui irônico.

— Abrigar uma desconhecida que parece ter saído de uma clínica psiquiátrica não parece se encaixar nos parâmetros de se estar bem. — ela retrucou.

— A Any não veio de um hospício! — exclamei.

— Mas... — ela ia dizer mais alguma coisa que provavelmente me irritaria, mas Sam a conteve ao segurar a sua mão.

— O que estamos querendo dizer, Noah... — começou, falando de uma forma mais pacífica do que a namorada. — É que você não conhece essa mulher, não sabe de onde ela veio, se tem bom caráter ou se está dizendo a verdade. Ela pode ser perigosa.

Soltei uma risada ao ouvir aquilo, porque parecia patético.

— Perigosa? Ela nem sabia o que é um trovão! Vocês estão opinando sobre alguém que não conhecem.

— Você também não a conhece. — Shivani disse. — E se ela está sem memórias como diz, nem ela própria se conhece. Ok, ela não é perigosa, mas e se estiver envolvida em algo perigoso? E se estava fugindo de alguma coisa? E se isso machucar quem está em volta dela?

— Ok. Nisso eu realmente pensei. — admiti. — Mas já tem um bom tempo que ela está aqui e nada aconteceu.

— A melhor opção agora seria ir até a delegacia e informar sobre ela. — Sam sugeriu. — Não é sua obrigação se meter em coisas que não são da sua conta.

— Eu sei que não é a minha obrigação, mas eu quero protegê-la. Eu prometi que ia fazer isso.

— Na minha opinião ela é só uma maluca. — Shivani voltou a ser ácida. — Como médica, eu já estive diante de muitos casos de perda de memória e nenhum se assemelha à essa garota. Mesmo sem lembranças, na maioria dos casos o cérebro consegue guardar informações básicas como ler, escrever, beijar... Aliás, você a beijou!? Que diabos!

— Ela contou isso? — ergui as sobrancelhas.

— Noah, realmente ela é bonita, mas eu acho que você não deveria tirar proveito da situação. — Sam falou em tom de advertência.

— O que? Eu não estou me aproveitando! — franzi o cenho me sentindo ofendido.

— Então você gosta dela? — Shivani piscou desacreditada.

Tomei ar e entreabri os lábios para responder, mas nada saiu. Foi como se o meu cérebro tivesse me dado uma resposta imediata, mas a apagasse logo em seguida. Foi estranhamente confuso.

— Por Deus... — Sam suspirou. — Sabemos que ainda está abalado, todos estamos muito tristes. Mas mesmo que as coisas pareçam confusas e a vida esteja bagunçada, você precisa colocar os pés no chão e manter a sua cabeça sã. Fazer esse tipo de loucura não é a melhor ideia.

Survival ⁿᵒᵃⁿʸ Where stories live. Discover now