Capitulo 13 🥀

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Simone ergueu bruscamente a cabeça. Além dos médicos, ela era a primeira pessoa a dizer isso. Depois do acidente, ouvindo Helena culpa-lá pelo que sofrera e pelo que tinha feito com a vida dela, decidira lutar.

— Estava tentando provar a ela que nada mudara entre nós. Depois de algum tempo, percebi que não fazia diferença. Ela já me olhava de um modo diferente.

—  Como?

—  Como se eu não fosse uma mulher, mas uma criatura repulsiva.

— Oh, Simone.

A compreensão de Soraya a atingiu, fazendo-a estremecer. Ainda assim, continuou.

— Ela dormia sozinha, comia sozinha, até que, numa manhã, eu estava sozinha. Ela não conseguiu me encarar nem para dizer adeus. - Ela se mexeu na cadeira. — Deixou uma carta.

Quanta frieza e crueldade pensou Soraya, mas não disse nada.

— Percebi que eu a levara a agir assim. Não. Não me defenda. Por favor, Soraya. Eu era a menina de ouro, que transformava em ouro tudo que tocava. E todos queriam estar perto de mim. - Era como se ela falasse de outra pessoa. — Tudo era fácil. A liberdade, o alto padrão de vida e o dinheiro. E só quando vi aquela mulher grávida presa nas ferragens, lutando para respirar, percebi quem realmente era. Naquele momento, percebi o que minha alma desejava. Era como se eu não tivesse vivido até então. - A voz tornou-se um sussurro. — Era a única coisa que eu podia fazer. A coisa certa. E Helena me acusava por tê-la feito, e tentava me fazer voltar ao que era antes, trazendo um cirurgião atrás do outro, deixando claro como sentia repulsa pelo que eu me transformara. Eu estava com raiva do mundo, por me mostrar uma mulher que eu não tinha certeza se queria ser.

Discretamente Soraya enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto, tentando manter a voz firme.

— E agora?

— Sei que não mudaria nada que aconteceu naquela noite. - Ela riu baixinho. — Exceto talvez, ter pisado mais forte no acelerador.

Soraya tomou o resto do vinho e recolocou tudo na caixa. Simone ficou tensa ao vê-la levantar-se e caminhar para ela, o roupão fino moldando o corpo esguio.

— Não se aproxime. - Sussurrou ela, roucamente.

Ela não obedeceu, e Simone pôde sentir o perfume na pele, nos cabelos dela.

— Soraya.

Estava imóvel, e quando ela ergueu a mão, Simone segurou-a no ar. Com um gesto rápido ela soltou-se e acariciou o lado do rosto que não tinha cicatrizes. Os dedos deslizaram para os cabelos macios, e ela gemeu baixinho.

— Não sou Helena, e você não é Olívia. - Os lábios de Soraya tocaram levemente os dela, e Simone lutou contra o desejo de colocá-la no colo e saboreá-la com a boca, e as mãos.

— Não tenho medo de você, Fera. - Ela se mexeu, os lábios tocando a orelha de Simone, a voz sedutora enchendo a noite. — Afinal, por que está sempre se aproximando de mim?

Antes que Simone pudesse responder, afastou-se, escapando para a escuridão do corredor. Ela sabia por que. Estava começando a confiar nela. Tinha lhe contado coisas que jamais dissera a ninguém. E essas duas coisas eram perigosas. Porque quando estava perto dela o que menos lhe importava era a imagem que vira no espelho.

Beauty And The Beast  ( Versão Simoraya )Where stories live. Discover now