Capítulo 41

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*Roselly


Uma batida. 

Foi isso que acabei de ouvir. 

Uma batida de um coração tão pequeno, mas que já bate tão fortemente que me faz desabar em lágrimas. 

Uma avalanche de sentimentos me toma com tamanha força que me faz ter dificuldades em respirar. Começo a soluçar intensamente. Não consigo e nem quero falar nada, só quero ouvir as batidas do coração do meu bebê para sempre e deixar ele guardado e protegido em meu ventre.

- E agora o outro! - Diz a médica deslizando aquele aparelho pela minha barriga até chegar ao outro lado.

E assim outra batida mais frenética se inicia. Sinto mais lágrimas rolarem pelo meu rosto, como se fosse possível. Uma mão se entrelaça a minha. Sei quem é. Um primeiro instinto me obriga a tentar retirar sua mão e separar essa conexão tão íntima. Mas não consigo. Não sei ao certo o porquê, mas sei que isso me fez... Bem?...

- Por conta da queda, seu corpo nos próximos dias ira precisar descansar. Isso acarretará em algumas tonturas, fraquezas e enjoos um pouco mais fortes. A senhora provavelmente não sentirá fome, mas é importante lembrar que precisará se cuidar e se alimentar por 3... Então mesmo que seja difícil, tente se esforçar para não pular nenhuma refeição. Exercícios estão expressamente proibidos. Recomendo repouso total nesses primeiros 7 dias, e conforme o tempo for passando e seu corpo se recuperando, tomando seus remédios e vitaminas, tudo irá ficar bem. Mas lembre-se que terá que ter um acompanhamento maior agora que sabemos que são gêmeos e sua médica deverá estar a par de qualquer mudança ou sintomas que a senhora sentir. Aqui está sua alta e tenha uma ótima recuperação. - Diz a Dra, entregando alguns papéis e se despedindo.

Christopher prontamente os toma da minha mão e começa avaliar aquilo com uma seriedade que nunca havia visto.

Estive em observação pelas ultimas 24hs, e todo mundo tem sido muito atencioso e carinhoso comigo. Meu pai ficou comigo só no primeiro momento pois não queria atrapalhar minha recuperação, segundo palavras da minha mãe. Mas o conheço bem para saber que ele está se sentindo culpado por eu estar aqui... Como sempre ele quer estar a frente e a par de tudo antes mesmo que aconteça, e emergências como essa sempre o pega de surpresa...

Ninguém tocou no assunto ainda, mas sei que ele e Christopher estiveram brigando e trocando socos por aí. Tentei descobrir algo mas ninguém me contou. Mas como uma boa fofoqueira irei descobrir tudo.

- Pedi que meu motorista fosse até sua casa com sua irmã, e ela separou algumas peças de roupa para que pudesse tomar um banho e se arrumar. Iremos até minha casa de campo. Meus pais querem te conhecer... - Diz Christopher com uma pitada de esperança e suplica em suas palavras. Mas antes de poder responde-lo, ele me interrompi.

- Seus pais e sua irmã também estarão lá. Os convidei para termos uma reunião para que nossas famílias possam se conhecer. - Surpresa com tal informação, apenas aceno confirmando e indo em direção ao banheiro. Christopher coloca levemente sua mão sobre meu ombro e delicadamente me vira em sua direção. Seus olhos estão fixados nos meus. Neles há dor. São olhos dos azuis mais profundos e escuros que já vi em minha vida. Seu olho direito está levemente fechado e com um tom um pouco esverdeado em volta... Acho que os punhos do meu pai estiveram ali. Ele respira um pouco mais pesado, fechando seus olhos demorando um pouco para abri-los. E com outra respiração mais profunda, ele leva sua mão até minha bochecha e faz um carinho leve. Meu corpo está completamente imóvel e alerta com toda essa aproximação.

 Ele... ele vai me beijar?

 Sinto sua respiração mais próxima a mim. Pesada e arrastada. Arregalo meus olhos assustada e tento o afastar. Porém falho miseravelmente e continuo paralisada. À mercê dele. Quando sinto sua mão subir mais um pouco e tocar o curativo em minha cabeça, vejo ele o encarando, até que fecha os olhos com mais força. Ele junta nossas testas e olha profundamente em meus olhos, eu mergulho neles como se fossem as águas mais profundas de um oceano totalmente transparente, mas ao mesmo tempo tão perigosas quanto as águas mais inexploradas pelo homem. Focada naqueles olhos, acabo perdendo a noção de tempo e espaço ao meu redor. Tudo para. O tempo já não existe. Somente eu e ele. 

- muito... Aqui estão suas roupas. - Ele estende uma sacola entre nós. Ele... Ele se desculpou? -Irei ficar te esperando aqui. - Diz se afastando e ficando de costas para mim. 

MAS QUE PORRA ACABOU DE ACONTECER AQUI?!

Como eu ainda consigo agir dessa maneira como uma adolescente, me entregando totalmente, esquecendo de tudo que aconteceu. Sigo em direção ao banheiro e me troco o mais rápido possível, prometendo a mim mesma que nunca mais permitirei que isso aconteça novamente.

 Ou pelo menos irei tentar...

Saímos do quarto e Christopher só aponta a direção que temos que seguir. E assim descemos o elevador e seguimos até seu carro. Em completo e absoluto silêncio. Mas acho que por agora isso até que é confortável. Não quero discutir ou ter que ouvir explicações de ninguém. Com sua ajuda, levanto da cadeira de rodas e entro em seu carro. Não queria ter que usa-la, porém até as enfermeiras insistiram alegando ser norma do hospital, então me sentei com a ajuda de Christopher e fui empurrada por uma delas pois ele estava carregando uma pequena mala e os papéis da alta nas mãos.

 Ele prontamente agradece a enfermeira que esteve em meus cuidados até então e se senta ao meu lado,  nos bancos traseiros do carro e apenas acena para que seu motorista comece a viagem. E assim seguimos boa parte do caminho. Em um silêncio que ecoa dentro do carro, fazendo com que o caos de LA entre pelas janelas e preencha aquele vazio. Buzinas, sirenes, crianças chorando, homens gritando, mulheres caminhando com pressa e maquinhas trabalhando a todo vapor. Olho para a janela e vejo aqueles prédios passando conforme o carro ia acelerando. Desde pequena imaginei que minha vida estava nessa cidade. Gosto do caos, do barulho e de multidões.

 Cresci em uma fazenda junto com toda minha família, mas sempre senti que meu lugar era em um desses prédios, sendo alguém importante. Sendo uma mulher de negócios que serviria de inspiração para outras. Mas para isso eu precisaria começar do zero. Meu pai não gostou da ideia á principio, mas depois de ver meu apartamento e minha inscrição na universidade, sabia que seria vencido, então apenas "concordou" com uma condição, que eu teria que visitá-lo todos os fins de semana. Um absurdo, mas no começo cumpri com o combinado, e quando as coisas foram se encaixando em seu devido lugar e o papai começou a entender, passei a visitá-los apenas em feriados e em datas comemorativas. 

Mas ultimamente um pensamento tem tomado conta das minhas noites de sono. Qual vida eu quero para o meu bebê? Quer dizer, meus bebês... Será que essa grande metrópole é o melhor ambiente para eles serem criados? Sei que muitas mães não podem pensar assim, mas posso dar um conforto a mais para eles e desejo que eles vivam sua infância o mais tranquilos e longe de toda essa confusão e caos. Minha família tem seus privilégios, mas meus pais e tios sempre fizeram questão de todos serem criados juntos e unidos como uma verdadeira família de filmes de Hollywood. Então algumas ideias tem surgido na minha mente, e quero começar a planejar meu enxoval e se possível, uma mudança...



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Olá caro leitor, quanto tempo, não é mesmo?

Não estou aqui para pedir desculpas, e sim apenas agradecer imensamente a todas as mensagens de carinho e preocupação que me enviaram durante todos esses anos. Espero que minha volta seja enfim definitiva e que eu termine esse projeto tão importante e especial em minha vida. Que todas vocês sejam recompensadas pela demora e que eu possa proporcionar a mais bela e linda história de amor para todos vocês. 

Quero dizer também que minha vida não foi e não ta sendo nada fácil. Entre crises de depressão e ansiedade vivi esses últimos anos e não queria deixar transparecer em minhas ideias e projetos. Tive vários bloqueios criativos e um belo exemplo é o capítulo anterior (Capítulo 40), que escrevi e reescrevi mais vezes do que posso contar, mas nunca ficava satisfeita. Até que um belo dia, enfim veio a inspiração que tanto buscava, e não veio de ninguém além de mim mesma. Então, eu dedico esse e todos os próximos capítulos a mim e a você que não desistiu da Rose e do Christopher. 

Por fim só queria dizer que eu realmente não irei tolerar piadas e suposições sobre meu desaparecimento e nem sobre o porquê. Só posso dizer que as coisas acontecem no tempo que tem que acontecer. Não darei datas e nem horários para as postagens, apenas irei escrevendo com meu coração e irei postando. 

Agradeço mais uma vez a todos e todas por estarem sempre aqui, torcendo por mim e por esse livro que eu amo demais. Um beijo e até a próxima...

PS: Peço desculpas pelos erros de português, fazia tempos que não escrevia...


Consequências de Uma NoiteWhere stories live. Discover now