Capítulo 8

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Jane estava bem a minha frente. Ela se dispersava ouvindo minha amiga falar sem parar, algo estranho vindo de alguém tão tímida como Hanna.

A questão era: por que a senhorita perfeita tinha que aparecer novamente?

A única coisa que eu sabia era que ela não iria roubar minha única melhor amiga. Por isso, rapidamente me aproximei delas, tentando mudar minha expressão para uma mais amigável.

— Jane, quanto tempo? — proferi atraindo seu olhar, que ficou surpreso ao me ver. — A quê devemos a honra de uma senhorita tão ocupada em nossa vila? — indaguei, crispando os lábios num sorriso, enquanto ajeitava meu arco preto. Depois da crise que tive, com certeza minha aparência não estava impecável.

— Olá, Emma! Vim passar uma temporada com minha avó. Fico feliz em revê-la. — Jane estava agindo de maneira muito contida, o que não era de se estranhar já que sempre foi tímida, a não ser pelo semblante cabisbaixo que carregava.

Entramos numa rápida conversa regada apenas pela mínima educação moral, e logo ela disse que precisava encontrar a avó, se despedindo de nós com um aceno, muito bem retribuído por minha querida amiga.

— Ela é uma fofa, Emma! Você nunca me falou dela e parece que toda a vila a conhece — Hanna emitiu com um sorriso largo banhando seu rosto, ao ponto de parecer o próprio sol de tão radiante. Não gostei nada daquela empolgação exagerada.

— Não falei porque não tinha nada a se falar, amiga. Ela é só uma conhecida hoje em dia, nada mais! — expressei e para dar um basta no assunto, continuei: — Vejo que o restante dos quadros se foram!

— Sim! Graças a Deus vendemos tudo — declarou alegre, juntando as mãos.

— Ótimo, melhor irmos agora. Vou me despedir do pastor e a gente vai, tudo bem? — perguntei e ela logo assentiu, chamando um dos jovens para ajudá-la a desmontar o estande.

Me despedi apenas do pastor e sua esposa, não via a hora de chegar em casa e deitar. Não vi mais o Filippo, mas também não o procurei, não queria colocar mais uma tarefa nas costas dele ao me levar em casa. Assim, eu e Hanna fomos caminhando até nossas casas, que não eram distantes da praça da igreja, onde foi a feira. Meus pensamentos estavam tão desordenados que só desejava dormir, para então ver se os sonhos eram melhores que a realidade.

🐇🐇🐇

Quando a Hanna apareceu em minha vida, eu lembro que disse ao Filippo que estava fazendo uma boa-ação, já que tinha bom nome na Vila e poderia ajudá-la por aqui. No entanto, creio que deu para perceber que não sou apreciada por todos da região. E, esse mau gosto se dá principalmente com os mais jovens de Aurélia. Mas, ao virar tão querida por todos os outros da nossa cidade, eu ignorei essa pequena desventura.

Preciso falar que, mesmo isso se devendo ao fato de amarem papai (além de termos as melhores terras da região e meus queridos parentes terem sido um dos primeiros a chegarem aqui), não posso negar que a fama da minha família com a do Filippo, depois que nossos irmãos se casaram, ajudou bastante. A família Bels com suas grandes posses e terras pela vila; e família Bent muito querida pelos moradores do local, tendo uma ótima influência entre os fazendeiros por suas ricas plantações e gado.

Tirando o fato que sou um amorzinho, não é? Ninguém ousa discordar!

Então, depois da aliança conjugal entre nossos parentes, passamos a ser requisitados para tudo. Eu, óbvio, sempre amando estar no meio de pessoas, aceitava a maioria e levava o Filippo comigo que tentava disfarçar suas caretas a cada hora (já que papai nunca estava disposto a esses eventos, por sua frágil saúde). Mas, digamos que meu amigo, embora muito simpático com todos, nunca gostou de aglomerações.

Até Te Encontrar (Uma releitura de Emma)Where stories live. Discover now