Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.Andar... – enquanto consente
Deus que seja a noite andada.Porque o poeta, indiferente,
anda por andar – somente.Não necessita de nada.
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Antologia Poética - Cecília Meireles
PoetryA Global Editora acaba de lançar a Antologia poética Cecília Meireles, coletânea publicada pela primeira vez em 1963, um ano antes de sua morte, e a única cujos textos foram escolhidos pela própria poetisa. A lírica de Cecília Meireles possui atribu...